Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

30.10.08

MARGARIDAS

Por
Lin Chau Ming

Muitos bairros da cidade de Nova York são extremamente sujos. Há lixo espalhado por todos os lados, apesar de existirem latas de lixos em praticamente todos os cruzamentos de ruas. O que mais se vê são garrafas PET, sacos plásticos, caixas de papelão ou isopor com restos de alimentos, papéis usados, dentre outros.

Mesmo nas estações de metrô ou dentro dos trens, as pessoas jogam muito lixo no chão, deixando aquela sensação horrorosa, pelo menos para mim. Sem nenhuma cerimônia, jogam o que não querem por todos os cantos. Pergunto: onde está a tão propalada educação das pessoas do Primeiro Mundo? Não sei, parece que está no mesmo lugar que a dos países em desenvolvimento, que eles tanto criticam. Não quero com isso dizer que no Brasil também não haja sujeira pelas ruas; há, e em muito maior quantidade, as pessoas também jogam tudo no chão, infelizmente.

Então, pelo que eu consigo perceber, a paisagem novayorkina está mudando, para pior, desde que cheguei aqui.

Por aqui, não existem trabalhadores de limpeza pública que ficam varrendo as ruas e calçadas, como no Brasil. De tempos em tempos, uma ou duas vezes por semana, passa um veículo com aquela vassoura giratória pelos meio-fios das ruas, fazendo um serviço mais bruto, mal acabado, que tira a sujeira grossa, deixando o restante ainda no chão. Não é aquele serviço de limpeza mais localizada, que deixa mais limpo mesmo.

Repare que, se mal regulados, parece que esses veículos apenas espalham o lixo para outros lugares. Quando há um carro parado no trecho que esse veículo passa (lembro que é proibido estacionar nas calçadas em determinados dias da semana para que esse serviço possa ser mais bem realizado), então o serviço fica pior.

Apenas determinados quarteirões no centro de Manhattan, onde o afluxo de turistas é maior ou a importância e riqueza das empresas ali localizadas é grande, há esse serviço, porém, feito por trabalhadores contratados por companhias privadas. Alguns parques públicos contam com esse serviço também, coordenado porém por associações comunitárias, que contratam alguns trabalhadores para fazer a varrição das calçadas ou outras áreas de uso público.

Ou seja, fora esses lugares, o restante da cidade fica suja. E é preciso realçar que o nível de sujeira não é centrífugo, ou seja, quanto mais se afasta do centro, maior a sujeira, pois há muitos bairros perto do centro extremamente sujos, como o de Chinatown.

Então, como conseguir que a cidade fique limpa? Ou pelo menos, que não tenha tanto lixo jogado no chão? A resposta é igual tanto aqui quanto em qualquer lugar do mundo: educação da população. Sem isso, sem que todos não tomem consciência da necessidade de se manter os lugares limpos, não jogando o lixo no chão, não haverá uma única rua limpa.

Ou será necessário, como no Brasil, por incrível que pareça, a necessidade de os garis varrerem mais de uma dezena de vezes o mesmo lugar, como a Praça da Sé, em São Paulo, para que ela fique sem lixo jogado? Nos intervalos entre uma varrição e outra, o povo continua jogando lixo no chão. Assim, o dinheiro dos contribuintes (o serviço é terceirizado para cartéis da limpeza urbana) vai mesmo, literalmente, para o lixo.

Sempre tive curiosidade em saber a origem da palavra gari. Soube que o apelido dado no Brasil para esses trabalhadores da limpeza pública foi por causa do nome do coordenador desses serviços no Rio de Janeiro, onde, não sabia, era terceirizado para a Companhia Light, uma empresa americana que tinha a concessão de energia elétrica.

Em São Paulo também era dessa companhia, quem não se lembra do antigo prédio da Light, ao lado do viaduto do Chá, onde acho que hoje funciona um shopping-center? O nome do coordenador no Rio era Gary, que em inglês se pronuncia algo como “Guéri”, porém, para os brasileiros, virou, óbvio, Gari. E esse apelido pegou, pois os funcionários eram subordinados a essa pessoa e a associação foi imediata.

Contaram-me outra versão desse nome. Em São Paulo, lembro-me, os garis, a partir de um certo ano, depois de 1970, começaram a trabalhar com uniforme cor de abóbora, um macacão com essa cor tomando praticamente toda a área da vestimenta. E nessa mesma época houve a contratação de trabalhadoras mulheres, que então, carinhosamente, receberam o nome de “margarida”, talvez pela lembrança da cor da parte central da inflorescência, apesar de não ser tão semelhante assim. E o nome margarida foi reduzido para gari, tirando-se a primeira e a última sílaba da palavra. Se a cor original fosse usada, a regra teria produzido um nome horrível, melhor mesmo manter o que acabou ficando.

Alguém sabe outra versão do apelido dado? Seria interessante saber, ver alguma relação que o povo fez, nesse nosso país tão diverso culturalmente e criativo.

Não sei qual seria o apelido desses trabalhadores, caso existissem por aqui. Margarida em inglês é Daisy. Será que ficaria bem?

Foto: site contagem.mg.gov.br


Lin Chau Ming é engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Ensino "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (1981), doutor em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996) e doutor em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995). Atualmente é professor titular da UNESP em Botucatú-São Paulo. É editor chefe da Revista Brasileira de Plantas Medicinais. Cursa atualmente o pós-doutorado na área de Etnobotânica na Columbia University, em Nova York.

28.10.08

TADEU E DALINHA















Esta história minha gente,
Em Ipueiras se deu.
É a história da Dalinha,
E seu amigo Tadeu.
Era final de outubro,
Quando tudo aconteceu,

Foi o ano cinqüenta e dois,
Um ano par com certeza.
Foi festa pra dona Ineizita,
Foi festa pra dona Neuza.
Duas crianças nasciam,
Catunda por natureza.

Em 28 de outubro,
Deu-se a confirmação.
Do nascimento de Tadeu,
E de Dalinha Aragão,
Com detalhes conto agora
Esse caso do meu sertão

Dona Neuza chupou manga,
E logo em seguida pariu.
Dona Ineizita aconselhada,
Os mesmos passos seguiu.
No mesmo dia à noite,
Seu rebento então surgiu.

O sangue dos dois percorreu,
Desde o inicio a mesma estrada.
A tesoura de dona Ineizita,
A Neuza fora emprestada
E o umbigo das duas crianças
A mesma tesoura cortava.

Nascia um menino louro,
Nascia uma morena arretada.
Era um cravo e uma rosa,
De uma primavera esperada.
Na casa das duas vizinhas,
Era uma alegria danada.

O cheiro de alfazema,
Se espalhava pelo ar.
O licor era servido,
A quem vinha visitar,
O casal de criancinha,
Que acabara de chegar.

Seu Zeca se apressou,
Em registrar seu varão.
Mas não teve humildade,
Na hora da tal opção,
Escolheu dois nomes de santo,
Mostrando sua devoção.

Dona Neuza quando soube,
Tomou logo uma decisão,
Pediu que seu Espedito,
Resolvesse a situação,
Registrando do mesmo modo,
Seu ente ainda pagão.
.
-Espedito, por favor,
registre esta inocente.
Dê a ela dois nomes santos,
Para eu ficar contente,
Se lá registraram assim,
Aqui não será diferente.

E foi assim nestes termos,
Que o registro se deu:
Ela, Maria de Lourdes.
Ele, Francisco Tadeu.
E uma amizade crescente,
Entre os dois floresceu.

Um romance entre os dois,
Teve um desfecho fatal.
Tadeu flagrou Dalinha,
Fazendo cocô no quintal,
Debaixo de um canteiro,
Deu-se o trágico final.

Nascidos no mesmo dia.
Nascidos na mesma rua.
Ela nasceu com o sol,
Ele nasceu com a lua.
E dizem que são até hoje,
Farinha da mesma cuia.

O que sei é que a amizade,
Dos dois é uma realidade.
São verdadeiros amigos,
E se curtem de verdade.
E sempre que se encontram,
É p’ra matar as saudades.
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Os versos são de Dalinha Catunda. Os amigos somos nós. Os parabéns são de todos, ipueirenses ou não, esta legião de amigos conquistados com o bom caráter e a simpatia de Dalinha Catunda e Tadeu Fontenele. Muitas felicidades!
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25.10.08

PARABÉNS IPUEIRAS

Por
Bérgson Frota

Hoje, sábado, 25 de outubro de 2008. De longe sinto a alegria de minha terra aniversariante, lá distante no sertão cearense, aos pés da Ibiapaba azul que parece sempre que lá esteve e nunca nasceu nem há de um dia sumir.

De longe imagino o rio seco a cortar a cidade que amo e que espero um dia vê-lo perenizado a fertilizar de verde aquela terra abençoada e de esperança vestir o seu povo.

Durante anos em artigos e crônicas falei de ti Ipueiras, como algo distante, mas hoje te sei presente no meu ser.

Escrevi sobre as tuas vistosas carnaúbas que hoje estão mais escassas e quão belo era o espetáculo quando a cidade ainda nas suas primeiras décadas arborizava-se pelas árvores que são de quase tudo provedoras ao povo forte do sertão.

Escrevi sobre as andorinhas que revoavam no teu céu, sobre as tanajuras que caíam antecipando os invernos, sobre as cheias do rio Jatobá.

Reportei a inauguração do teu belo Arco de Fátima, da construção do teu maior monumento, o Cristo Redentor e finalmente em pesquisa risquei a história de tua sublime e bela matriz.

Contei sobre as festas juninas, descrevi os desfiles de sete de setembro, falei sobre os parques e circos que por ti passaram, e descrevi as férias que proporcionavas aos teus habitantes.

Não esqueci tua estação ferroviária e de teus açudes que foram sumindo em face ao progresso constante.

Lembrei teus antigos carnavais e teu cinema maior, o Azteca.

Então cheguei à noite de 25 de outubro de 1983, quando do teu centenário e pensei no teu futuro, já naquela época. O céu estava repleto de estrelas e ouvia os discursos que teus filhos faziam em tua homenagem.

Silenciei-me.

Passaram-se 25 anos, e és hoje uma grande e bela cidade, muito mudou, tuas construções e teus habitantes, mas penso que se fitar o céu numa noite qualquer no mesmo ponto de onde no passado contemplei as estrelas, estarão elas a brilhar no mesmo lugar.

São elas Ipueiras que piscam em festejar-te, feito velas eternas a contemplar de distâncias mil a tua história.

Feliz Aniversário terra redentora, que os vindouros anos te tragam mais progresso, e que o eco dos teus escritores e poetas já idos sejam o sangue forjador de uma nova safra que não nega a renovar-se..

(Foto do Site Oficial da cidade de Ipueiras)
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Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

NOVA IPUEIRAS

Por
Dalinha Catunda

Quem te viu minha Ipueiras
Bem menina e ainda tímida,
Não sonharia jamais em te ver,
Moderna, crescendo e tão linda!

O teu passado mais rústico,
Repleto de belezas naturais,
Transformara-se em lembranças.
Andas moderna demais...

Cresces verticalmente,
Esnobas em calçadões,
Cavalo e as velhas carroças,
Deram lugar a motos e carrões.

Mas gosto de te ver assim,
Marchando para o futuro,
Só lamento tantas grades
E casas cercadas de muros.

Meu coração Ipueirense,
Por ti eternamente baterá.
Serás sempre meu xodó
Minha Princesa do Ceará.
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Dados de Ipueiras
O Município de Ipueiras ocupa uma área territorial de 1.474.11 Km² distribuída entre planalto e encosta da Ibiapaba e o sertão sopezano.A distância do município à Fortaleza é de 298 Km, através da rodovia, e de 305 Km por ferrovia.O acesso ao mesmo é feito pelas rodovias: BR 020, CE 187 e CE 403.
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

23.10.08

A CHEGADA DAS ANDORINHAS EM IPUEIRAS

Por
Bérgson Frota


Nenhum espetáculo na natureza se comparava ao tempo em que, para mim, quando criança, por estação certa, chegavam às andorinhas.

Neste período em Ipueiras, tínhamos uma semana singular, com inúmeras andorinhas aparecendo no céu, marcando um tempo já esperado, somando-se a outros bandos mais numerosos que rápido chegavam atrás, fazendo sombra nas primeiras horas da manhã.

Deslocavam-se, como numa caravana aérea, em grupos compactos, sombreando ruas e avenidas, algumas já pousando sobre arco, e a maioria ziguezagueando em torno da igreja matriz.

No céu fazendo seus sons, caçando insetos em rápidas manobras, muitas caindo, dado aos vôos baixos que davam, e sendo facilmente capturadas com as mãos.

As torres altas atraíam aqueles pássaros migratórios, que preferiam fazer seus ninhos em construções a copas de carnaúbas e algarobas que naquela época se espalhavam pela cidade.

Outras desciam sobre a areia fofa e começavam a “banhar-se”, sacudindo-se como se a areia fina fosse água.

Quando cansadas de tantas revoadas e tentativas de escape sobre a cidade, elas que atraíam a atenção da população, iam pousar nas altas paredes da igreja e era justamente na torre onde o maior número se concentrava.

A noite caía e o silêncio reinava. Na escuridão que aos poucos a iluminação pública ia preenchendo, era como se lá presente elas não estivessem.

Para nós, ainda meninos, as andorinhas traziam um mistério. Apareciam em grande número num só tempo, faziam ninhos em prédios altos, e depois partiam, deixando atrás o grande questionamento da rota por elas seguida.

Era o começo dos muitos enigmas que íamos observando com atenção na natureza. Cheia de leis por nós desconhecidas, mas rica de singular significado, imutáveis e instigantes, ainda permanentes e hoje ainda mais atuantes.
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Foto : site uol.com.br/debate/1193/cidade/cidade19a.htm

Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

22.10.08

ATENÇÃO!

DIA 25 DE OUTUBRO SERÁ ANIVERSÁRIO DE IPUEIRAS(125 ANOS!) E TAMBÉM A FESTA DO PRÊMIO FROTA NETO EM SEU OITAVO ANO!

COMUNICADO

Por
Tereza Mourão

Amigos e conterrâneos,

Comunico a todos que o nosso amigo e um dos ícones de Ipueiras o jornalista Frota Neto, mais uma vez se ausentará do Brasil, para residir em Berna na Suíça por dois anos onde sua esposa Maria Stela será a nova embaixadora do Brasil junto à Suiça e também junto ao principado de Liechtenstein (um pequeno país vizinho à Suíça e que é uma importante praça financeira internacional).

Caso tenha uma folga o Frota me falou que poderá em novembro ainda dar um pulinho rápido em Fortaleza, e dia 14 ou o mais tardar 15/11 já estará viajando para a Suíça. Quanto ao lançamento dos livros de seu irmão Marcos Frota no dia 25/10, ele lamentou muito não poder ir, mas de coração estará presente torcendo pelo sucesso do irmão. Aqui com certeza, todos nós os amigos saudosos torcem por uma boa estadia lá fora, mas ficam cheios de saudades esperando um breve regresso com as bênçãos de Deus.

Também aproveito para comunicar o lançamento dos livros de Marcos Frota "O Senhor do Tempo" (romance) e "O Bar do Ulisses - Uma Confraria de Pescadores" (contos) no dia 25/10/2008 às 20 horas na rua Marcondes Pereira n° 58, bairro Joaquim Távora. Quero agradecer pelos exemplares que me foram enviados um deles por obséquio do cronista ipueirense Bérgson Frota. Este 1° livro é muito gostoso de ler. Já comecei e logo que terminar farei um comentário.

Por enquanto digo a vocês que vale a pena ler. Sobre o outro o livro de Marcos que são contos, inclusive alguns citando Ipueiras e sua gente, ele amanhã estará a recebê-lo da gráfica, a tempo do lançamento.

Lamento muito não poder ir ao lançamento, mas, assim como o Frota, estarei aqui de coração a torcer pelo sucesso do Marcos. Sei que este é o primeiro de vários que ainda virão.
Muita Paz e muita luz

De Brasília, com o coração e o pensamento em Fortaleza e em Ipueiras, aqui me despeço.
Tereza Mourão (Teresinha do Seu Tim Mourão)
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NOTA DO BLOG:
Para os leitores que não estão informados sobre quem é Frota Neto, sobre ele publicou o jornalista Antônio Viana em 19/10/2005 o seguinte texto:

O cearense de Ipueiras, Antonio Frota Neto, jornalista famoso com passagem na imprensa local, mas, consagrado quando de sua passagem por Brasília, onde exerceu importantes cargos públicos, dentre os quais, o de Porta Voz do Presidente Sarney e Presidente da Rádiobrás, deverá voltar à terrinha ainda este ano para prestigiar a entrega do Prêmio Frota Neto de Literatura, que chega ao seu quinto ano de existência. O Prêmio foi criado por Lei Municipal em 03/05/2001 e naquele mesmo ano era distribuído pela primeira vez.

A idéia do Prêmio Frota Neto (que tem dois livros publicados), nasceu quando na Escola de Ensino Fundamental Creuza Melo, no aniversário de Ipueiras, fora prestada uma homenagem ao jornalista. A amiga e admiradora de Frota Neto, de longas datas, Maria de Lourdes Aragão Catunda (Dalinha), que reside no Rio de Janeiro, veio especialmente a Ipueiras para ao lado da irmã de Frota, Ruth Frota e a Secretária de Educação do Município, Mônica Souto Vasconcelos, promoverem o lançamento do projeto que, diga-se de passagem (adverte a Jornalista Silvana Frota) – é patrocinado pelo próprio jornalista-escritor.

Referência: site
antonioviana.com.br/novo.php?sec=coluna&id=6527
Fotos: na primeira foto, Tereza Mourão ao lado de Frota Neto na sessão solene de homenagem póstuma ao ipueirense Gerardo Mello Mourão no Senado Federal em 2007. A segunda foto apresenta a capa do livro de Marcos Frota "O Senhor do Tempo". Na terceira foto, o gestor do blog Suaveolens Jean Kleber, ao lado de Frota Neto na sessão solene de homenagem póstuma ao ipueirense Gerardo Mello Mourão no Senado Federal em 2007.

Tereza Mello Mourão é funcionária aposentada do INSS, tendo trabalhado também na SUDEPE. Pertence à nobreza ipueirense, lá sendo nascida filha do histórico e saudoso prefeito Tim Mourão. Tereza é uma grande incentivadora da união dos ipueirenses dispersos no planeta. Sua ação se dá sempre no sentido de aproximar os conterrâneos e promover os valores da Ipueiras-Ceará.

17.10.08

NÃO QUERO SER EXEMPLO...QUERO APENAS SER FELIZ


Por
Ângela Rodrigues

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Recebi um e-mail, enviado por minha cunhada Sunally, que inspirou esta crônica. Lendo-o, me identifiquei em várias passagens com a autora do texto e descobri que nunca fui, não sou e nunca serei exemplo para ninguém.
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Tenho muitas limitações, que somadas as minhas tantas imperfeições, poderiam me render o título de “Miss Incompletude”, ou qualquer coisa do gênero. Mas sou uma pessoa (quase) normal, apesar de não servir de exemplo para nada. Tenho minhas manias, algumas bem estranhas, melhor nem contar (não quero assustar vocês), mas faço quase tudo que se espera de uma mulher/mãe/dona-de-casa.
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Sei lavar, passar, cozinhar, arrumar casa (mas prefiro ter alguém que faça isso por mim) e vejo novela (raramente, mas vejo), cantarolo músicas que racionalmente detesto, vou ao supermercado, procuro as promoções, gosto de ir à feira-livre, mas confesso que prefiro as livrarias e/ou sebos.
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Sou vaidosa, mas deixo fios de cabelo brancos à mostra até o dia que me dá coragem de disfarçá-los. Gosto dos meus cabelos cacheados e raramente tenho coragem de fazer uma escova. Fico dias sem fazer as unhas (sem a menor culpa), mas não deixo de passar a lixa nos pés; não consigo entrar numa loja de calçados sem experimentar vários pares e levar pelo menos um.
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Gosto de preto, mas visto todas as cores, independente se é ou não a cor da estação. Adoro uma boa produção, mas saio numa boa de short e sandálias. Só não dispenso o batom, que só comecei a usar depois dos vinte anos.
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Fico horas na cama sem coragem de levantar, adoro uma rede e um bom livro (parceria perfeita), como de tudo e não estou nem ai para os quilinhos (eufemismo) a mais, não faço atividades físicas, mesmo sabendo que preciso. Já me esqueci de fazer exames regulares, tenho horror de mamografia e dentistas, tenho medo de injeção, mas dôo sangue.
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Tinha pavor de direção, só aprendi a dirigir aos quarenta (meu sobrinho diz que tirei a carteira, dirigir é outra história), mas continuo preferindo o banco de passageiros; adoro filme e detesto cinema (prefiro assistir deitada em minha cama), sou apaixonada por música, mas às vezes me dou conta que estou há dias sem ouvir meus cantores favoritos.
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Adoro sair com os amigos, embora tenha saído pouquíssimo ultimamente; sou viciada no almoço de domingo na casa de mamãe, mas por pura preguiça tem domingos que fico em casa. Nunca perdi uma reunião no colégio de meus filhos, mas já os esqueci na escola. Nunca cheguei atrasada a um compromisso, mas já deixei de ir a encontros importantes.
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Procuro ser disciplinada e organizada, mas às vezes me pego procurando coisas que não sei onde coloquei. E não sinto culpa por ser assim. Retirei esta palavrinha de meu vocabulário há séculos, prefiro “responsabilidade”. Assumo meus erros e peço perdão com humildade, tento acertar e vou seguindo em frente.
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Sou feliz assim. Sei que posso melhorar cem por cento, mas nunca atingirei a perfeição, esta não é minha meta, minha meta é ter tempo para fazer tudo que me dar prazer ou simplesmente não fazer nada.
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É viver e ser feliz!
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Foto principal: varanda do Hotel Caravelle em Ipueiras (Ceará). Acervo do blog.
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Ângela M. Rodrigues de Oliveira P. Gurgel, poetisa, nasceu em Mossoró-RN, tendo vivido em outras cidades do Rio Grande do Norte (Almino Afonso, Caraúbas, Caicó e Natal) e do Pará (Tucuruí e Marabá). Atualmente mora em Mossoró-RN. Graduada em Ciências Sociais, cursa atualmente Filosofia na UERN (Universidade do Estado do RN) e Direito na UnP (Universidade Potiguar). Já exerceu o cargo de Secretária de Educação em Caráubas, onde também foi Diretora de uma escola de Ensino Médio.

AQUI TUDO SE MEXE!

Por
Marcondes Rosa de Sousa


Noite! No Curso de Letras da UECe, na Av. Luciano Carneiro, reencontro colegas. E, ali, todos me cobram impressões sobre o retorno à sala de aula: "Afinal, 18 anos depois de afastado para cargos públicos" - é a conta de um deles. Sem jeito, apenas sorrio.

Reiniciante, falo de arte e literatura aos alunos. E, a propósito da interação entre as artes, conto-lhes de nossos esforços, na UFC dos anos 80, por aproximar cinema e literatura, em seminário para o qual os dois mundos aqui acorreram, a pretexto de seminário a tomar por base a experiência do filme "Tigipió", de Pedro Jorge de Castro, sobre romance homônimo, de Herman Lima.

A proposta era abrir caminhos para que o cinema nacional ­então marcado por andar trôpego, herança da fotografia e do documentário - aprendesse com o ritmo da narrativa literária. Era de ver-se a euforia dos cineastas com a luminosidade do Ceará, descoberta por Orson Welles, em filme inacabado. E com o mover-se, latente em nossa literatura: "Aqui, tudo se mexe. Até na descrição das caatingas, como se sob o enfoque dinâmico de câmeras!"

Em casa, repasso em flashback minha sala de aula e seu entorno. Ecoa-me, aí, a queixa da Profa. Lourdes Macena: "Como falar em arte e de belo, em nossa escola, se ali e em seu redor é tudo tão feio?". Nas paredes, repouso o olhar sobre meus quadros. "Tudo coisa de pobre" - martela-me, aos ouvidos, Bernadete, a empregada doméstica.

E, no entanto, nossa pobreza neles se transfigura em belo, sob a intuição dos artistas. Curioso! Neles, tudo parece mexer-se: os mares bravios, o vento a açoitar os coqueiros, o povo em seu trabalho.

Olho a vida em meu entorno. Aqui, é verdade, tudo se mexe. Marca nossa! Também na sala de aula, universo que, malgrado pobre, há ser grande. É só questão de olhar e de tato!

O Povo, Fortaleza-Ceará, 01.10.2003
Foto: site epipoca.uol.com.br/.../poster/poster_17551.jpg


Marcondes Rosa de Sousa, advogado, é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (UECe). É uma das maiores autoridades em educação do Brasil. Ex-presidente do Conselho de Educação do Ceará e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, é Colunista do jornal " O Povo ", onde mantém seus artigos quinzenais.

15.10.08

PROFESSORINHA DO INTERIOR

NOTA DO BLOG: COM ESTES VERSOS DE DALINHA COMEMORAMOS O DIA DO PROFESSOR, 15 DE OUTUBRO!
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Por
Dalinha Catunda

Renegou a palmatória.
Sabia contar história.
Tinha a meiguice da flor.
Tinha o dom de encantar,
Gostava muito de ensinar
A professorinha do interior.

Não teve filhos nessa vida,
Mas era uma tia querida,
Que a criançada adotou.
Ela irradiava tanta magia,
E sendo devota de Maria,
O catecismo me ensinou.

Ela era fina e elegante,
Jóia rara um diamante
Com todo seu esplendor.
Espírito de luz e beleza
Pro céu levou sua pureza,
Atendendo nosso Senhor.

Esse anjo de quem falo,
Rasgo meu peito e não calo,
Habita o meu coração.
É minha tia Isa querida,
Que já deixou essa vida,
Foi morar noutra dimensão.

Isa Catunda de Pinho,
Teve um bonito caminho,
Enquanto pode lecionou.
E a essa doce criatura
Que viveu em prol da cultura
Ofereço meus versos de amor.
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Esta é minha homenagem a minha tia Isa Catunda professora que lecionou durante muitos anos na cidade de Ipueiras. Ela teve em vida, o carinho e o reconhecimento de muitos que passaram por sua sala de aula. Hoje ela já não vive fisicamente entre nós, mas continua a ser um espírito de luz a nos iluminar.
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Foto de D. Isa: do acervo do ipueirense Raimundo Nonato de S. Lima
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

14.10.08

NOTÍCIA SOBRE PIERRE WEIL

Por
Ilvis Ponciano
(Do Grupo Ethos-Paidéia)

Estou em falta com o nosso grupo por não ter me manifestado sobre a passagem do meu querido amigo e companheiro de ideal Pierre Weil. Tão logo fui informada por companheiros de Brasília e de ter recebido a solicitação de estar presente, comuniquei à imprensa de Fortaleza e a alguns colegas, comprei a passagem e viajei. Retornei ontem, quase noite, extremante cansada de três dias de velório e apenas umas oito horas de sono, nesses três dias.
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Seu corpo foi cremado. Metade de suas cinzas foi jogada na cachoeira da Granja do Ipê, séde da UNIPAZ, em um comovente cerimonial, iluminado por uma linda Lua cheia e ao som da Ave Maria de Gounod, na adaptação de Jorge Aragão (samba lento), de que ele tanto gostava. A outra metade vai ser levada para a França, pela segunda filha que lá reside, e colocada nos lugares que ele previamente havia escolhido.

Pierre faleceu na sexta-feira, (10/10), de parada cárdio-respiratória, em sua residência. Apesar dos senões naturais de uma pessoa de 84 anos, estava relativamente bem. Havia participado na segunda-feira de uma homenagem no Senado Federal, onde discursou e deu entrevista. No final da semana anterior, facilitou um seminário para a Formação Holística de Base, no Campus DF. Daí, a surpresa de sua repentina passagem. Nem as tentativas de reanimação, realizadas pela filha que é médica e estava presente, resolveram.

Todas as Tradições Sapienciais participaram do seu velório, homenageando-o com o mais nobre sentido de gratidão, pela importância do seu trabalho.O fato é que o Pierre se foi, mas deixa um grande legado e um sonho possível de ser realizado - a Paz. Para tanto, desenvolveu um programa pedagógico para a paz, reconhecido pela UNESCO, com o Prêmio 2000 de Educação para a Paz. No próximo e-mail, escreverei sobre a Teoria Fundamental do seu trabalho.

Vou mandar também a poesia "Samurai da Paz", que escrevi em homenagem póstuma e li, abrindo o cerimonial de despedida. A partida de uma pessoa como o Pierre Weil, deixa o mundo menor e mais pobre, sem dúvida. E a partida de qualquer um é imprevisível, por isso não perco nunca a oportunidade de dizer:

AMO VOCÊS!

Ilvis
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EM TRIBUTO A PIERRE WEIL

Por
Marcondes Rosa de Sousa
(Coordenador do Grupo Ethos-Paidéia)

Amigos,

Em tributo a Pierre Weil, diria que sua obra “O corpo fala” (foto em anexo) em minha geração, para além do “Meu encontro com Marx e Freud”, de Erick Fromm, marcou minha geração, nos tempos de juventude.

Em mim, lembro-me, abriu-me, somando-se ao da semiologia lingüística, após ficar literalmente “furioso” com teste perceptivo que havia feito, em que se registrava pouca capacidade minha para a leitura concreta de meu redor. Num grupo de psicoterapia, saí-me, com a clássica frase em minha defesa. O terapeuta riu-se. Pediu-me que fechasse os olhos e perguntou a cor de minha camisa... Eu, gago, errei... Todos riram. Ele, o terapeuta, aí, indicou-nos a obra o “O corpo fala”. E, no desenvolvimento dessa “gramática”, iniciávamos psicodramas e outras técnicas, das quis, no plano lingüístico-semiológico, me valeria.

Depois, o conheceria, pelas obras e pela Unipaz. A ele, sua obra e seus ensinamentos, o tributo.

Marcondes

Fotos: site grupolet.com/img/fotoN_corpofala04.jpg

O LIVRO DE MARCOS FROTA


O SENHOR DO TEMPO
De Marcos Frota

Apresentado por
Bérgson Frota

“Não existe o tempo! Mesmo assim o homem sempre será seu prisioneiro.”

A trama “O Senhor do Tempo”, a mais recente obra literária do escritor Marcos Frota será lançada no dia 25 deste em Fortaleza, num coquetel que congregará ipueirenses e amigos do literário.
O Senhor do Tempo é um livro que faz jus às grandes obras. Envelhecido, pois resultado de anos de pesquisa, dada a natureza perscrutadora e inquieta do autor, narrado de forma a cativar o leitor, nos traz o enigma que esconde-se no estudo e interpretação de todas as peças nele contidas, ou seja, a vida de seus personagens.
O Senhor do Tempo é ao mesmo tempo um ousado romance no qual o enigma do próprio homem cai sobre sua mão, feito a pedra que a misteriosa ave deixa cair nas mãos do protagonista Benjamim.
Um livro cativante, instrutivo e perscrutador.

12.10.08

GRAFITES

NOTA DO BLOG: Ainda em homenagem ao Dia da Criança!!

Por
Nilze Costa e Silva

Meu caderno de infância tinha uma casinha feliz. Um cacto mal rabiscado, do lado esquerdo um sol, ao fundo uma bananeira com um coração flechado que eu nem sabia de quem. O caminho traçado a lápis ia dar lá no jardim, onde inventei passeios de portas abertas para um lago rodeado de grama verdinha, pincelado num belíssimo campo florido. Nesse cenário, nunca podia faltar um gato de rabinho enrolado e olhos arregalados, espreitando maliciosamente por entre os pés de “nove-horas”, com suas flores coloridas.

Meu caderno de infância tinha muitas casinhas felizes. Por trás de uma delas, subia um coqueiro alto indo bater lá no céu. Juntava-se às estrelas por entre todas as nuvens que ameaçavam chover. Chovia quando eu queria, nos desenhos que eu fazia. Sol e lua se encontravam e tudo se harmonizava sem nenhuma explicação. Para quê explicação?

A bandeira do Brasil flamejava milimetricamente, nivelada pela régua gasta e meu com(passo) de criança, que se alvoroçava de amor pelo País que me deu origem. O pau da bandeira era fincado entre flores e margaridas que eu ainda não sabia desfolhar, eternizada no meu bem-querer.

Com o meu grafite eu desenhava o mundo inteiro! O que estava errado, eu podia apagar. Mas nunca apaguei estrelas. Quantas vezes me desenhei na noite a olhar as estrelas num céu limitado pelo espaço das páginas, mas tendo a certeza de que alguém no alto estaria a me olhar... Na minha imaginação de menina, era Deus quem me espreitava.

O vento? Nunca o soube desenhar. Mas no meu auto-retrato, os fios dos meus cabelos se esvoaçavam ante a brisa de uma infância feliz. Escrevia embaixo: EU. Todos os contornos coloriam cenas abertas e um final feliz. THE END.

Meu caderno de infância só nunca me revelou o tamanho da saudade que sinto agora. Nem da quase impossibilidade que tenho de desenhar o passado. Lá deixei os melhores momentos do mundo e os personagens mais próximos a mim: minha mãe, meu pai, meus irmãos e irmãs, que eu fazia todos de pernas finas, sorridentes e felizes. Eu ficava no meio, ninguém tinha ido embora... Toda a poesia da vida ficou naqueles grafites, de onde eu nunca saí.

FELIZ DIA DA CRIANÇA PARA A CRIANÇA QUE HÁ DENTRO DE VOCÊ.
Beijos
Nilze
Nilze Costa e Silva nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, tendo vindo morar no Ceará com alguns meses de idade. Graduou-se em Administração de Empresas e logo após especializou-se em Teoria da Literatura (1986), pela Universidade de Fortaleza UNIFOR). Iniciou na Literatura com o livro Viagem – Contos e Crônicas, que teve prefácio do consagrado poeta Francisco Carvalho. Sagrou-se em 1° lugar no Prêmio Estado do Ceará, com a novela no Fundo do Poço (com apresentação do contista Moreira Campos). Em 2001 fundou o grupo Poemas Violados. Promove sistematicamente a oficina de Escrita Criativa: “Palavras não são vãs”. Integra a Rede de Escritoras Brasileiras (REBRA). É colaboradora do Jornal O Povo, de Fortaleza, e conselheira do Conselho de Cultura do Estado do Ceará. No cotidiano, dedica-se a questões relacionadas aos direitos humanos. Recentemente lançou os livros de sua autoria, "Fortaleza Encantada" e "Tudo por causa do Sol".

11.10.08

SORRISO DE CRIANÇA

Por
Bérgson Frota

No brilho dos olhos da criança se vê o mundo da esperança, um mar de promessas a se concretizar. Um “sem limites” sempre a dizer sim. Um eterno brincar.

Viver cada momento com tamanha intensidade como que se já não existisse tempo, dia ou noite, só o viver, o suficiente, que faz da infância o eterno paraíso dos homens, sempre a ser recordado e jamais recuperado.

Mas o que se encerra no sorriso da criança ? Que mistério traz aquela alegria descompromissada e ingênua ?

Talvez a própria consciência da ausência do medo, da segurança ainda vivida ao lado dos pais, talvez a errônea certeza que nada de ruim possa lhe ocorrer, e mesmo a certeza até dita assim inconsciente da presença divina, a sempre velar pelos seus caminhos.

O dia da criança são todos dias.

O que seria do mundo sem a presença destes pequenos seres, os homens e mulheres do amanhã.

Seres sempre a perguntar com seus “por quês” o sentido do mundo que os cerca e espera.

E viva o mundo pelas crianças.

São como flores a enfeitar a humanidade, são o repositório da esperança quando a fé frágil e fraca do adulto se mostra débil e inoperante.

A criança traz na sua inocência a luz que o mundo sempre carecerá, traz na sua esperteza, a força em potencial que o futuro dela dependerá.

O Grande Mestre uma vez falou “Vinde a mim todas as criancinhas, pois delas é o Reino dos Céus”, errado não poderia estar.

Nos anos que se sucedem formando séculos e milênios, a história humana vai sempre pautar-se na presença das crianças, no seu modo de saudar de forma tão marcante, simples e festiva, a vida diária.

Esta que nós adultos a recebemos sem dar nem avaliar o seu verdadeiro valor.

Aprendamos com as crianças, se foi dito “ninguém entrará no Reino dos Céus se não voltar a ser criança”, algum mistério terá.

Muito mesmo elas têm a nos ensinar, portanto respeitemos esses pequenos seres.
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Todo segredo está no sorriso, enigmático, brilhoso, expansivo e gratuito, que encerra um oceano de felicidades.

Salve todas as crianças, é dia de festa.

(Foto : www.diabetes.med.br)

(Publicado no jornal O Povo em 11.10.2008)

Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

10.10.08

A SANTA E A CRIANÇA - DUAS POESIAS

Nota do Blog : esta semana o Brasil comemora o Dia de Nossa Senhora Aparecida, que desde criança aprendemos a chamar de Padroeira do Brasil, o Dia da Criança e o Dia do Agrônomo. Dalinha nos oferece duas poesias sobre o dois primeiros temas e eu prometo que virá depois uma emocionante matéria sobre o Dia do Agrônomo. Ilustrando as duas matérias vemos uma foto de site e uma do acervo de Tereza Mourão por ocasião dos festejos de 80 anos de sua prima Nelly, em Brasília, onde uma linda criança (Amanda) homenageia entusiasticamente a matriarca cantando parabéns...
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PRECE A NOSSA SENHORA DE APARECIDA
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Por
Dalinha Catunda
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Senhora de Aparecida,
Santa das águas surgida
Pelas mãos de um pescador.
Interceda junto ao pai maior
Por uma vida digna e melhor
Para esse nosso povo sofredor.
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Não deixe que a violência,
Acabe com nossa crença
Eu lhe suplico, por favor!
Proteja-nos com seu manto
Nos livre de todos os prantos
Que vertem em nome da dor.

Ó minha senhora das águas,
Nos livre de ódios e mágoas.
Ensine-nos o caminho do amor.
Com vós em nossos caminhos
Bem menos serão os espinhos,
Santa mãe de Nosso Senhor.
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Foto: site glosk.com/photos/BR/32/318332/95386 b.jpg


CRIANÇA É:
.
Por
Dalinha Catunda

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Criança é feito uma rosa
Tem magia tem beleza.
Quando fechada em botão
Resguarda a sua pureza.
Quando abre suas pétalas
Desabrocha a natureza.

Criança é pássaro que voa,
Cantando alegremente.
Um canto que só encanta,
Por ser um canto inocente.
É uma borboleta rondando
Entre rosas florescentes.

Criança é um rio alegre
Correndo sem se cansar,
É água doce da fonte
Aonde a lua vem se mirar,
É feito onda brincalhona
Que beija a areia do mar.

Criança é estrela brilhando
No céu com todo fulgor
É pirilampo nas noites
Que a lua não despertou
É a obra mais divina
Que Jesus Cristo criou.
..
Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

VIAGEM DE BICICLETA

Por
Bérgson Frota

Naquele ano, ainda na década de 70, o inverno estava rigoroso, e a lembrança do grande inverno de 1974 não deixava de nos assustar.
No ano citado, por pouco o rio Jatobá não levou parte da ponte que ligava Ipueiras ao Ipu.
Dos dois lados, enquanto a chuva caía, caminhões traziam pedras e mais pedras reforçando as duas asas opostas daquela pioneira construção, que por fim resistiu.
O tempo passou, vieram invernos fracos, outros amenos então o inverno tornou a ser forte novamente.
Havia dias de chuva e dias nublados, e foi num destes que sabendo que a Bica do Ipu estava a toda largura, assim dizíamos, que resolvi secretamente num domingo, com a minha pequena, porém resistente bicicleta caloi, ir ao Ipu, munido de minha mais recente aquisição uma máquina Kodak, de segunda mão.
A viagem ida e volta demorou mais de três horas, já em estrada asfaltada, parava e descansava, isso se repetindo. Por fim cheguei até a bica, ao balneário e me preparei para tirar as fotos.
O grande volume d’água que caia, fazia surgir com os raios do sol vários arco-íris, coisa que não sabia até aquela data ser possível.
Depois para minha tristeza, descobri que as fotografias por mim tiradas, não haviam registrado o tal fenômeno. Talvez porque o filme preto-e-branco não fosse capaz, mas o importante foi o que vi, a beleza indescritível naquela tarde ensolada no Ipu.
A cachoeira descia rápido, e era muito bonito ver o vento abrir as águas que desciam do riacho Ipuçaba, formando o véu de noiva e caindo estrondosamente de uma altura de 130 metros lá da Serra da Ibiapaba.
O tempo corria e já se aproximava das quatro horas, tirei o que me restava de fotos e pedi a uma turista que me fotografasse na bicicleta tendo ao fundo a bica, depois arrisquei uma descida sem freios pelo sinuoso caminho em direção a cidade.Cruzei-a, vi o belo monumento à Iracema, na época idêntico ao que há na praia em Fortaleza, numa bela praça lá.
Daí subi em direção à Ipueiras.
Cheguei cansado, mas gratificado, tinha visto a bica cair cheia, coisa inédita para mim, também me mostrei capaz, pois só de ida pedalei 25 km.
Hoje quem escuta esta estória duvida, mas quem pensa que a lógica tem presença constante na mente de uma criança, erra muito mais.Tal aventura não repetiria jamais, mesmo que por teste.
Quando volto à Ipueiras, vejo antes no caminho ao chegar, passarem por mim várias motos, algumas em direção ao Ipu e lembro rindo, dizendo pra mim mesmo --- De moto é fácil, tente uma bicicleta.
Quanto a minha Caloi, minha primeira bicicleta e a única a provar a veracidade de minha estória, foi dada a um outro garoto, que espero ter dela feito tão bom uso quanto fiz.


Foto : (http://www.avspe.eti.br/)


Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

6.10.08

A CHUVA DO CAJU

Por
Bérgson Frota

Início de outubro e de repente começa a chover.
Já se passou o inverno, mas cá no Ceará, o caju precisa de água e o céu derrama sem se atrasar.
Nas ruas da cidade o povo corre desprevenido, parece dia de inverno, o sol some e o claro azul se transforma no cinza azulado.
As ruas agora banhadas lembram ao povo do bom caju, cuja castanha nos dá um aperitivo maior ao sabor de várias comidas e também bebidas.
Aquela fruta vermelha clara ou escura, no mais comum amarelada veste os quintais ainda de muitas casas aqui em Fortaleza, e no campo onde o resistente pé cresce, leva fartura para o povo no lucro da venda e na boa e rica alimentação proporcionada.
O caju é a nossa maçã, a maçã do sertanejo, e há quem lembre sequer que a fruta é a castanha ?
Isso não importa, ambos são saborosos, marcas de gosto inesquecível de sabores que nos fazem desejar ainda mais um bom suco ou uma tostada castanha.
A chuva parte logo.
No chão molhado a natureza cumpriu sua promessa.
“Logo teremos caju” – Pensa alguém.
Sim muito em breve teremos o gosto saboroso deste presente dos deuses, e o sol agora volta a banhar a cidade secando o que a chuva molhou, depois de fecundada a terra que não tardará a brotar.

( Foto : pascoalita.blospot.com )

Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

3.10.08

FORTALEZA

Por
Luiz Alpiano Viana

O fortalezense é abençoado por Deus porque tem manhã de sol propícia para caminhar e respirar o ar puro de que tanto necessita. O Calçadão Beira Mar, da Praia de Iracema, fica completamente tomado por pessoas de todas as idades, nacionalidades e etnias. Correm ou caminham e depois do esforço físico tomam água de coco para hidratá-los.
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Na orla marítima estão localizados os principais hotéis de quatro e cinco estrelas. A maioria dos turistas, principalmente europeus, tem residência fixa em Fortaleza; outros investem vultosos capitais, gerando centenas de empregos no Estado. Num pestanejar, vê-se a nudez sagrada e inviolável das praias, as quais parecem cobertas de tapetes estendidos à espera de divindades.
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O vento forte e rasteiro altera a geografia do ambiente, e a areia avança e engole casas e casebres. Impelidos por esse mesmo vento, os coqueirais se curvam como que dando boas vindas ao visitante que aqui é tratado de forma afetiva. As ondas escumam, e ao reviram o fundo do mar, trazem à tona algas das mais variadas espécies. Algumas são verdes, outras, verdes douradas. Após todo esse processo são tratadas como lixo oceânico. O mar as expulsa de seu seio, como quem diz ao homem: conserve o meio ambiente para a sobrevivência do planeta.
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O vento geme e assobia enfurecido. Reclama com quem destrói, ao invés de proteger, a natureza. Percebe-se, pois, que nem o mar, nem o vento estão em seus melhores dias de calmaria. Este varre toda a sujeira da areia, e aquele lembra Dorival Caymmi e Ulisses Guimarães. Crianças constroem castelos de areia, catam conchas, mas sempre acompanhadas dos pais.
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O cenário desmonta qualquer avó, e a saudade arde no coração. Uma lágrima escapole! Não tem jeito! É assim que se chora de saudade quando revivemos momentos de ouro que jamais voltarão. De frente à barraca, um homem quarentão cuida da filha, cujos traços fisionômicos não negam a origem latina. Eles conversam como dois adultos e brincam como duas crianças. Fiquei muito tempo a observá-los. Notei então que estavam realmente a sós. A mãe não estava presente. A guarda compartilhada, aprovada recentemente, determina mais participação dos pais junto aos filhos. O casal divide as responsabilidades.
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Hoje para essa família é, sem dúvida, o dia do pai. Para minha surpresa, ao lado oposto outro pai faz a mesma coisa com os filhos. E graças a Deus, eles são fantásticos, cuidadosos e carinhosos. De vez em quando ficam juntos à beira d'água, e com o vai-e-vem da maré, eles pulam e gritam de alegria. São de fato crianças, sendo que uma delas tem corpo de adulto e as outras, de menino. Mesmo brincando, ele não se afasta um só minuto. Tem a hora de ser adulto e pai, e também, a de ser moleque.
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Como produto do meio, o homem é adaptável facilmente às adversidades! Amanhã estará no batente. Pode ser um alto executivo, um médico ou um catador de lixo, que como qual pessoa têm direito à diversão. Ainda bem que a guarda compartilhada veio para corrigir falhas e orientar na formação de filhos de pais separados. Há mais presença de ambos os lados, os filhos se sentem mais amados, mais protegidos e com formação mais humanizada.
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Não existem praias mais lindas que as do Ceará! Em nenhum lugar do mundo as águas são mais mornas e tão aconchegantes como as nossas! Não há gente mais hospitaleira que o cearense! O sorriso dele está escancarado nos lábios, mesmo sabendo que as dificuldades de sobrevivência daqui são um cancro social. A capacidade de receber o visitante é característica nata desse povo.
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Como diz o poeta, Fortaleza é realmente a loura desposada do sol. A cidade acorda pensando em mar, praia e poesia. O turista dos estados onde não tem praia, são os mais animados e ao mesmo tempo os mais desconfiados com o mar. Ali bem perto, encontra-se a Ponte Metálica, um dos pontos turísticos que dão vida ao gigantismo que a natureza proporciona com o adeus do sol que mergulha silenciosamente nas águas ao entardecer.
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Não se emociona você com tão lindo quadro? Pois bem, acredite, ele foi pintado pelo Mestre de todos os Mestres! Obra ao menos parecida, ainda não faz, o homem de nosso tempo. Verdadeiramente nunca fará. Céu límpido, mar e sol são o símbolo de Fortaleza. Venha conhecê-la e se sensibilize com as belezas naturais de nosso litoral que tem 572km de extensão, com belíssimas praias.
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Os amantes da prosa e do verso rastejam essas maravilhas e as descrevem com romantismo poético. Dá gosto ler e escrever poemas sobre essas paragens que muita gente cataloga nas páginas coração com as mais variadas rimas. A Praia do Futuro, por exemplo, com cerca de sete quilômetros de extensão, é um dos principais cartões postais que a cidade tem.
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Aqui tudo é original. Até mesmo o sol que carinhosamente muda nossa tez, ao mesmo tempo nos prepara convenientemente para um encontro com a virgem dos lábios de mel. Conheça essas duas beldades que encantaram José de Alencar....
Encante-se, você também, com elas. Venha nos conhecer!
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Foto: Praia de Iracema site
padetec.ufc.br/novapagina//ivsboe/images/iracema.JPG
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Luiz Alpiano Viana, nascido e criado em Ipueiras, morou mais tarde em Crateús. Atualmente é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Morou no Distrito Federal até meados de 2007 quando finalmente voltou a morar no Ceará, em Fortaleza.