Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

30.12.10

EU NÃO QUERO (APENAS) UM ANO NOVO...

Por
Ângela Rodrigues Gurgel


Eu quero um novo jeito de olhar,
De acreditar, de sonhar, de caminhar...

Eu quero um jeito novo de olhar meu irmão,
De enfrentar os velhos problemas...

Eu quero um olhar novo sobre o familiar,
Um espanto diante do que parece óbvio...

Eu quero sentir de um jeito novo
Os sentimentos já conhecidos...

Eu quero olhar diferente o que me parece igual
E descobrir pontes onde parecer haver muros...

Eu quero vestir-me de sonhos e plantar realidade,
Semear fantasias e colher felicidade...

Eu quero desfazer-me de falsas ilusões
Sem perder a capacidade de sonhar...

Eu quero continuar acreditando na humanidade
E caminhar lado a lado com meu irmão...

Eu quero ficar mais perto de Deus
E reaprender as orações que não rezei na infância...

Eu quero renascer e recriar-me todos os dias
E nunca abrir mão de minha alegria...

Eu quero acreditar que é possível

construir um mundo novo
E assim receber, de braços abertos,

O ANO que será outra vez, NOVO!!!!

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Foto: site viablogs.net/cartoes-de-ano-novo-2011.html
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Ângela M. Rodrigues de Oliveira P. Gurgel, poetisa, nasceu em Mossoró-RN, tendo vivido em outras cidades do Rio Grande do Norte (Almino Afonso, Caraúbas, Caicó e Natal) e do Pará (Tucuruí e Marabá). Atualmente mora em Mossoró-RN. Graduada em Ciências Sociais e em Filosofia na UERN (Universidade do Estado do RN) e Direito na UnP (Universidade Potiguar). Já exerceu o cargo de Secretária de Educação em Caráubas, onde também foi Diretora de uma escola de Ensino Médio. Ângela é autora de um elogiado livro de poemas.

29.12.10

VELHO ANO NOVO

Por
Raymundo Netto

(especial para O POVO - Fortaleza-Ce)

Bate-me à porta o de 2011 — o “Velho”, o de 2010, pula-me a janela, em cinzas, sem despedidas. O “Novo” chega envolto em fraldas enrugadas de promessas de esperanças, o anúncio de vida bafejante aos olhos nunca tristes, sempre azuis, a trazer, como de costume, as mãos vazias. Já amadureci o suficiente para saber: ele nada traz que nós já não tenhamos.

Pois sim, vem ele, todo em Menino, e abanca-se no sofá. Olha-me terno, como a saber de tudo de mim, sorri balançando as perninhas ligeiras e pergunta sobre o Velho, o que foi dele. Diria-lhe muito, entre confissões cansadas de se repetir por demãos de cal de incompreensão e certa autopiedade, mas pouco de nada lhe disse, porque a palavra falada seca a língua, trava à garganta, finca-se entre os dentes, dói ao peito resfolegante. O pensamento, coitado, mais confuso do que provador feminino em véspera de Natal, despeja as suas verdades:

— Tenho os melhores amigos do mundo, a melhor família — embora sinta-me sempre irremediavelmente só — e o módico castigo de se tentar escrever escrevendo.

Entre palavras, a correria insensata, sempre de trabalho — mas do que mereço —, sempre dos outros e pouco de mim. Mesmo assim, passei a limpo as minhas faltas, ausências, cansaços e promessas não cumpridas que puseram por terra a estima de alguns menos compreensivos. Tinha que lembrar e pedir-lhes desculpas. Antes, lembrar de! Por assim dizer, lembrei de telefonema ao escritor Moacyr C. Lopes. Quem atendeu disse-me que ele estava doente e, mesmo assim, ele fez questão de falar-me. Na voz fraquinha e humilde, havia lido meu e-mail de solicitação de texto e não poderia deixar de responder-me. Chamou-me de amigo, e afirmou: tão logo melhorasse um pouquinho, tivesse a certeza, o faria com a maior alegria. Não pôde. A tal tomou-lhe conta de vez. Faleceu uma semana depois. Foi-se com o Velho. Não teve tempo. Lembrar de! Na semana passada, durante uma das 100 confraternizações em que fui convidado — cheguei atrasado ou faltei —, uma senhora, a d. Zuila, no ecoar de seus 92 anos, olhou-me nos olhos e vozeou: — A vida é breve demais... É maravilhosa, mas o que fica é sempre muito, muito pouco... Tempo, sempre o. O Menino e o Velho brincando de revezamento, como a “pular carniça”, sem dós de senhor ninguém, imagine se de mim.

Às palavras da d. Zuila, deu-se a melódia: a incompletude de vida baixou-me em cortina. A lua, toda céu, insinuava ondas no mar. Desfiando a história de Aaba, que começou na Cachoeira do Riacho do Sangue, rompeu-me o coração alfinetado de saudades — não há uma única lembrança que não me doa —, o desejo de saltar no escuro, a esfolhar uma a uma da mealhas de meus dias, desfazer-me dos trilhos seguros, largar por aí os entulhos às costas, desmanchar os escritos, continuar a apaixonar-me, como desde garoto, pela desconhecida que me passa na rua, mesmo quando ela nunca o fora nem jamais o será por mim. Amar, um dia — ou dois, ganhar o mundo, perder a vida, sumir! Ora, como me lembra a princesa Isadora, das Claráguas del Noroña, na voz de Manoel de Barros: “Tenho em mim esse atraso de nascença.”

Daí que o improviso dessa crônica berce sem atrasos ou pudores e seja absolutamente branco, como se não existisse, nem fosse legível, como não se pudesse guardar. Que se queime, que se rasgue, que seja esquecido, que carregue do cimo distante a paz mais incômoda.

Que chegue como sorriso tatuado na testa, a desconstruir espíritos, a apagar velas, a torcer orelhas, a beber-lhes da carne. Assim, verei aquele Menino se ir, veloz, mas marcando em definitivo a única coisa que nos pertence realmente nesta vida: o mais que imperfeito e impaciente agora!
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Raymundo Netto que vez ou outra se lembra do mundo grande, é escritor, apaixonado nem sabe o porquê por Fortaleza, e a ela dedicou o romance Um Conto no Passado – cadeiras na calçada e mais algumas horas.

Contato: raymundo.netto@uol.com.br blogue: http://raymundo-netto.blogspot.com

28.12.10

DRA. VERIDIANA VICTORIA ROSSETTI



Por
Jean Kleber Mattos
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Recebí hoje e-mail de meu colega, pesquisador Eduardo Feichtenberger com a seguinte nota:

"Com muita tristeza, informamos o falecimento da Dra. Victoria Rossetti no último dia 26 (domingo), aos 93 anos. Eminente fitopatologista, ela deu uma contribuição notável à fitopatologia nacional e internacional, com especial ênfase na patologia dos citros. Dra. Victoria continuará viva na memória dos seus amigos, familiares, ex-alunos, orientados e colaboradores e de todos os que tiveram o privilégio de com ela ter dividido grandes momentos. Saudades".
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Na página do site do Instituto Biológico de São Paulo, onde trabalhou por décadas, está escrito: "Pesquisadora Emérita do Estado de São Paulo, reconhecida nacional e internacionalmente como uma das maiores autoridades em doenças das plantas cítricas, a Dra. Victoria já recebeu tantos títulos e prêmios que não temos aqui espaço disponível para relacioná-los".
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Durante vários anos fui discípulo de Dra. Victória Rossetti especialmente de 1968 a meados dos anos 70 quando ela orientou um projeto de pesquisa sobre Patologia de Citros em Brasília. Na época eu trabalhava no Departamento de Pesquisas da antiga Fundação Zoobotânica do Distrito Federal.
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Ficamos amigos. Eu já havia estagiado com ela no Instituto Biológico de São Paulo em julho de 1968.
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A contribuição de Dra. Victória Rossetti para a Fitopatologia no Brasil é realmente inestimável. Dezenas de publicações com resultados de pesquisas que muito contribuíram em particular para o sucesso da citricultura nacional.
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Cumpriu muito bem sua missão, mestra!
Siga no caminho da Luz, querida amiga! Será muito bem recebida!
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26.12.10

PAPAI (MAMÃE) NOEL, DE JEGUE.

Por
Gonçalo Felipe

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Este ano já está certo.
Papai Noel vai chegar
Meu sertão que é deserto
No dia vai se alegrar
Vai ter criança correndo
Parece que estou vendo
A criançada pular.

Com uma alegria singular
A criançada animada
Espera poder ganhar
A prenda encomendada.
E o Papai Noel, sorrindo
Presentes distribuindo
Numa festa inigualada.

Não será em caminhada
Com um saco nas costas
Como ele vai chegar?
Atenção para as respostas:
Papai Noel vem de jegue
Tangendo outro e consegue
Alegrar-te, que dele gostas.

O da frente que suporta
Um peso de cada lado,
São os presente que foram
Ao Velhinho encomendados
O hô, hô, hô, no momento
Servirá para o jumento
Andar em passos apressados.

Assim os deixo avisados
Que aqui no meu Sertão
Para o Papai Noel chegar
Não é preciso avião
Nem mesmo roupa incarnada
Pois a nossa criançada
Quer mesmo é a curtição.

E é nesta ocasião
Em todo ano que passa.
Nosso Natal é diferente
Daquele Natal na praça.
Afirmamos em uma só voz
Que o importante pra nós
É que Jesus presença faça

Pode-se até erguer taça
Porém sinos não repicam
Porque nestes cafundós
Igrejas nenhuma ficam
No entanto, nos seduz
Saber que o nosso Jesus
Hoje todos o glorificam.

A fé também nos indicam
O foco da Santa Luz
De onde o Menino Deus
Nos abençoa e conduz
Até à SUA presença
Aumentando a nossa crença
No Deus Menino, Jesus!!

A nossa fé nos induz
Crer no SEU nascimento
Os nossos sonhos serão
Revistos neste momento
Com fé e com esperança
Vemos em cada criança
Um novo descobrimento.

Pedimos o nosso sustento
Neste sertão tão carente
A esperança se renova
Com a nova presidenta
Mamãe Noel diz que consegue
Vindo de carro ou de Jegue
O progresso movimenta.



Foto: site cabecadecuia.com/
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Gonçalo Felipe é o prestigiado poeta de Nova Russas do Ceará que nos brinda com poesias sobre nós, sobre Ipueiras, sobre nosso pé de serra, enfim sobre a vida de todos nós.

23.12.10

TROVAS NATALINAS

Por
Dalinha Catunda


*
Natal é tempo de luz,
Luzindo com alegria.
Em louvor ao bom Jesus
Filho da virgem Maria.
*
Filho da Virgem Maria
E amado por José.
Brilhou a estrela guia,
Para o rei de Nazaré.
*
Para o rei de Nazaré
O galo cantou também,
Aqueles que tinham fé
Logo disseram amém.
*
Logo disseram amém,
Ao rei dono da verdade,
Que nasceu lá em Belém
Pra nossa felicidade.
.
Foto do presépio, copiada do blog
comamormaternalrosinha.blogspot.com

Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

21.12.10

O MILAGRE DE NATAL

Por
Bérgson Frota

Naquele natal a criança maltrapilha voltava triste para casa.
As ruas cheias de crianças com os pais, fazia despontar naquele pequeno coração órfão, um pouco de inveja.
Sua vida era catar papéis o dia todo na rua e com esse trabalho, vende-los e ajudar a avó e os dois irmãos menores.
A cidade piscava em enfeites, várias árvores iluminadas de lâmpadas em cores diversas fazia a noite parecer dia.
Das lojas que passava arrastando o seu carrinho já quase cheio, vinham de longe hinos natalinos e de fora o som das buzinas com carros de luzes altas, fazendo-o lembrar o casebre onde vivia, escondido no morro, quase na total escuridão.
Na sua caminhada de volta, passou por uma bela árvore de enfeites, montada numa das inúmeras praças da cidade.
A árvore era cheia de presentes, e vários turistas paravam e tiravam fotos daquela bela armação que parecia tão verdadeira.
O menino nunca foi disso, mas de tão encantado, num átimo, usando uma pequena faca cortou quatro embrulhos que faziam vez de presentes. Queria dar pelo menos em ilusão um presente a si, aos irmãos e a avó.
De tão maltratados pelo tempo estes enfeites foram tirados e colocados no carrinho sem que ninguém o incomodasse, porém executado com cautela.
Chegando em casa foi aquela correria.
Por ilusão e por desejo, os irmãos correram alegres para os embrulhos, só a avó, como se suspeitasse, ficou no seu canto quieta.
A vida revela em suas inúmeras páginas, milagres a se perder de conta. Pois como por encanto, dos três pacotes abertos apareceram caros e belos presentes, no quarto, àquele que seria o da avó, um grande bolo todo recheado.
No céu, lá distante, piscava uma tímida estrela igual às outras, mas sua terna luz se vista melhor pudesse ser, descia em fino raio do céu até o teto da casa do menino pobre, fazendo a alegria reinar no humilde lar naquela noite tão especial.

(Publicado no "O Povo", Fortaleza-CE em 18.12.2010)
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Figura: site recadomania.com

Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

13.12.10

OSMAR ALVES CARRIJO: UMA SAUDADE!

Por
Jean Kleber Mattos

Faleceu ontem nas proximidades de Brasília de causas naturais, o prestigiado pesquisador Osmar Alves Carrijo. Carrijo era formado em Engenharia Agronômica pela Universidade de Brasília (1976), com mestrado em Irrigação e Drenagem pela Universidade de São Paulo (1980) e doutorado em Solos e Irrigação pela Oregon State University (1988). Também era pós-doutorado da Florida State University (1997-98).
Aposentou-se em 2007 como Pesquisador III da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e professor associado da Universidade de Brasília. Sempre demonstrou grande experiência na área de Engenharia Agrícola, com ênfase em Irrigação e Drenagem, atuando principalmente nos temas: cultivo protegido, hortaliças, gotejamento e fertirrigação.
Possuia elogiável experiência como administrador de pesquisa, tendo ocupado cargos de liderança e chefia na Embrapa Hortaliças em várias épocas de sua carreira profissional naquela Instituição.

No período em que coordenei o Programa de Pós-graduação em Ciências Agrárias pude estar mais próximo dele e perceber a grandeza de alma e a simplicidade que lhes eram próprias. Realmente um grande caráter com uma carreira brilhante. Cumpriu muito bem sua missão.

Certamente o Senhor o recebeu de braços abertos.

11.12.10

ROUBADA MAS NÃO CALADA

Por
Dalinha Catunda

1
Amigos eu viajei,
Sem dar explicação.
Fui a minha terra
Defender o meu quinhão,
Pois lá chegou o progresso.
Causando devastação.

2
É estrada pra todo lado,
Cortando serra e sertão
E nas terras que são minhas,
O governo meteu a mão,
Sou mais uma brasileira,
Atacada por ladrão.

3
Pela frente fui roubada,
Pelo governo estadual.
Já na parte dos fundos,
Foi mesmo o municipal.
Só me faltou ser roubada
Na esfera federal.

4
Não fujo nunca da luta
Essa é minha posição.
Vou brigar até o fim,
Em minha jurisdição.
Essa corja só me cala,
Com bala no coração.

5
Foi-se o tempo do cangaço,
E dos coronéis também.
Mas ficaram os políticos,
Onde poucos são do bem.
Passam por cima da mãe
Pra conseguir o que tem.

6
Se eles não respeitam a lei
A eles não vou respeitar.
Sou mulher e sou valente,
E quem quiser me afrontar
Tenho voz e tenho espaço
Pros desmandos propagar.

7
Não se invade espaço,
Sem desapropriação.
Ganhar na marra no grito
Desculpe-me cidadão,
É coisa de cafajeste,
De golpista e de ladrão.

8
O que eu disse assino
Medo eu não tenho não.
Aqui quem está falando,
É Dalinha Aragão,
Catunda das Ipueiras,
Roubada em seu rincão.

*
Foto na janela da casa grande no meu sítio em Ipueiras-Ce

Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

4.12.10

MONUMENTOS ESQUECIDOS

Por
Bérgson Frota

Não são poucos os monumentos em Fortaleza que carecem de cuidados, restauração e preservação.
Poderia citar a bela rendeira que fica num jardim minúsculo da agência do Banco do Brasil no cruzamento da av. Duque de Caxias com a Rua Barão do Rio Branco, um lugar impróprio para a beleza exótica da escultura, pouco a destacando por ser hoje o espaço pequeno.
Doutra feita em um artigo citei a estátua de uma de nossas mais célebres personagens históricas, Bárbara de Alencar, que infelizmente vim a saber pelos freqüentadores da praça, sempre tem uma garrafa ou um litro posto por vândalos numa das mãos como a beber, isto provando a necessidade de um séria fiscalização ao monumento.
Rachel de Queiroz, quem tem sua estátua de bronze na Praça dos Leões, freqüentemente tem seus óculos roubados, e gomas mascadas nos olhos e ouvidos.
Mas dentre estes citados, o que dá pena é o belo monumento ao vaqueiro na Praça Brigadeiro Eduardo Gomes, em frente à entrada antiga do aeroporto.
Lembro hoje a freqüentar, ainda quando criança o monumento, nos fins da década de 70, quando era uma atração principalmente aos sábados e domingos.
Um parque cheio de árvores frondosas onde durante à noite era ligada uma fonte com quatro jatos altos de água acompanhados também de quatro luminárias de cores diferentes.
Fortaleza tem belos e históricos monumentos, mas não zela com o mesmo afinco por todos.
Quem sabe futuramente possa-se criar um departamento encarregado de zelar, restaurar e conscientizar a preservação destes monumentos que não só pertencem a cidade, mas também são parte da alma da mesma, porque encerram para os seus habitantes um pouco da história coletiva da população, e conseqüentemente a história que se desenvolve individualmente na vida de cada cidadão que nela habita.


( Publicado no O Povo, de Fortaleza-Ce, em 04.12.2010 )

Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.