Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

16.2.10

CARNAVAL

De
Ilvis Ponciano

Durma, Pierrot, na manhã fria.
Sonha com a perda da tua paixão.
A Colombina, um confete ao vento,
partiu em busca de outro coração.

Acorda, Pierrot!
Desperta e chora
o amor perdido neste Carnaval.
Busca outros braços
mas acerta na escolha,
tira a tristeza deste teu olhar.

Ouve um conselho, Pierrot,
não queira outra Colombina,
para curar as mágoas do seu coração.
Busca Odaliscas, Baianas, Bailarinas,
para embalar os sonhos
de uma grande paixão.

[1] Segunda-feira de Carnaval – Fortaleza, 25/02/2001.
Figura: site i30.photobucket.com/albums/c313/Silver9/dolls/
expresso/ArlequimColombinaePierrot.gif

Ilvis Ponciano Araújo Lima é cearense, professora universitária, dirigente e conferencista da Universidade Holística Internacional do Ceará (UNIPAZ).

O INVERNO MATOU TUDO QUE PLANTEI

De
Gonçalo Felipe

O inverno deste ano
Matou tudo que plantei
Matou sonhos.
Matou planos e
Os momentos
Que rezei

Toda a minha plantação
Veio a água e levou tudo
Fez uma lágrima rolar
Pelo meu rosto sisudo
Chego até me perguntar:
Deus sabia disso tudo?

Não o estou questionando
Porque nele eu acredito
pergunto prá mim mesmo:
Por quê? Tá certo isto?
Depois eu me arrependo
Por certo não compreendo
O que tá na Bíblia escrito.

Lá deve estar escrito:
Que a gente tem que sofrer
Viver assim na miséria
Plantar, não poder colher
Se "ELE fez, tá bem feito"
É prá ficar satisfeito
E ainda LHE agradecer

Aqui pode faltar tudo
Exceto no peito a fé
Haja visto as romarias
No rumo de Canindé
Acendem velas, rezam terço
Saem dizendo: "desconheço,
Mas, ELE sabe o que é"

Desperto dos devaneios
No meio da chuvarada.
Cheguei a uma conclusão;
Talvez a mais acertada:
Pegadas de um peba eu vi.
Vou chamar minha Lilí, e
Vamos à uma caçada.


Foto: Site oglobo.globo.com/fotos/2008/11/15/15_MHG_pais_Seca_ALA4556.jpg


Gonçalo Felipe é o prestigiado poeta de Nova Russas que nos brinda com poesias sobre nós, sobre Ipueiras, sobre nosso pé de serra, enfim sobre a vida de todos nós.

5.2.10

JATOBÁ PEDE SOCORRO

Por
Dalinha Catunda
..
Eu sou um pobre Rio,
Chamado Jatobá.Aquele,
que na infância,
Costumava te banhar.

Veja o meu estado.
Repare como estou.
Com águas tão poluídas,
Perdi o meu esplendor.

Já fui um dia um rio,
De águas claras e transparentes,
Onde peixes de muitas espécies,
Nadavam alegremente.

Já matei a fome de muitos,
Que pescavam em meu leito.
Acho que em minha vida,
Sempre fui um bom sujeito.

Já fui água corrente.
Também água de cacimba.
Por tudo que fui um dia,
Mereço uma melhor sina.

Preservem as minhas margens,
Para que eu possa viver contente.
Com poluição e desmatamento,
Serei apenas um rio doente.
____________________________________
Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

1.2.10

SÚPLICA DE UM RIO

Por
Bérgson Frota

Quando nasci já faz tanto tempo, que nem lembro mais. Tudo às minhas márgens era verde. Cheias de matas altas e árvores troncosas que arriavam os braços para molhar-se na minha água barrenta e rápida. Enquanto seus outros galhos mais altos balançavam-se ao sabor do vento constante.
Descia eu orgulhoso refletindo a luz do sol ou da lua quando esta aparecia. Serpenteando naquela terra só minha, fazendo várias coroas e redemoinhos, levando troncos.
Tudo era meu, tudo era eu.
Quando caía a chuva, e milhões de pingos desciam no meu leito, eu levantava meu nível e entrava no canavial fazendo ser uma parte verde de meu leito. Deixando quando saía uma lodosa terra.
Então vieram os homens, e lá na parte mais alta, construíram uma ponte que de tanto tentar, demorei mas acabei por levar.
Deram-me como punição duas novas pontes, altas, fortes e de muita base.
Mostraram sua força tirando terra e mais terra do meu leito. Cavando inúmeras cacimbas que mais pareciam crateras.
Jogaram nas minhas margens lixo, desviaram para mim esgotos, e finalmente de tanto me açorearem mudei, e com isso modifiquei todo o terreno próximo.
Perdi as árvores companheiras de margem e o pouco da vegetação nativa quer havia sobrado.
Já seco e desesperado eu, um rio, peço cá meu último pedido.
Permitam-me uma fonte perene de água, criem nas minhas nascentes açudes que me garantam água o ano todo, deixem que ela corra livre novamente pelo meu caminho, essa foi a única coisa que sempre desejei.
De um rio que agoniza.
Assina Jatobá,
Ipueiras-CE

Publicado no O Povo -Fortaleza-Ce, em 30.01.2010

Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.