AQUI TUDO SE MEXE!
Marcondes Rosa de Sousa
Noite! No Curso de Letras da UECe, na Av. Luciano Carneiro, reencontro colegas. E, ali, todos me cobram impressões sobre o retorno à sala de aula: "Afinal, 18 anos depois de afastado para cargos públicos" - é a conta de um deles. Sem jeito, apenas sorrio.
Reiniciante, falo de arte e literatura aos alunos. E, a propósito da interação entre as artes, conto-lhes de nossos esforços, na UFC dos anos 80, por aproximar cinema e literatura, em seminário para o qual os dois mundos aqui acorreram, a pretexto de seminário a tomar por base a experiência do filme "Tigipió", de Pedro Jorge de Castro, sobre romance homônimo, de Herman Lima.
Em casa, repasso em flashback minha sala de aula e seu entorno. Ecoa-me, aí, a queixa da Profa. Lourdes Macena: "Como falar em arte e de belo, em nossa escola, se ali e em seu redor é tudo tão feio?". Nas paredes, repouso o olhar sobre meus quadros. "Tudo coisa de pobre" - martela-me, aos ouvidos, Bernadete, a empregada doméstica.
Olho a vida em meu entorno. Aqui, é verdade, tudo se mexe. Marca nossa! Também na sala de aula, universo que, malgrado pobre, há ser grande. É só questão de olhar e de tato!
O Povo, Fortaleza-Ceará, 01.10.2003
2 Comentários:
Este artigo de Marcondes Rosa de Sousa testemunha uma incursão memorável no mundo do cinema, enfim, das artes visuais, de um educador, professor, que mesmo depois de aposentado voltou à sala de aula para falar sobre arte e seu significado no processo de educação. Vale a pena ler.
Parei para ler com atenção este texto de Marcondes e fiquei a pensar: Tudo é uma quetão de olhar.
O que muitas vezes parece pobre e feio aos olhos de muitos, aos olhos de outros tantos, é rústico e singelo e encanta os olhares captadores do belo.
Dalinha Catunda
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