Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

21.11.07

ANIVERSÁRIO

Por
Jean Kleber Mattos
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Nascida no Rio de Janeiro, pai potiguar, mãe carioca. Sequer é nordestina. Adotou o Nordeste. Morou em Natal. Casou-se com um cearense. Graduou-se em Biologia na Universidade de Brasília. Também licenciatura. Professora do Estado. Educadora.
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Acompanha-me nesta aventura do reencontro com Ipueiras. Conterrâneos e amigos meus, fizeram-se seus. Orou ao pé do Cristo do Morro.
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O compartilhar da vida. Alegrias e tristezas. O gerar e criar filhos. O ombro amigo. O olhar de cumplicidade. Perfil de alma gêmea.
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Heloisa, esposa do gestor deste blog, aniversaria hoje, 21 de novembro. Pela manhã, entre os cartazes alusivos colados na parede de nosso refeitório, um de Vanessa, a filha, trazia os versos de Mário Quintana que melhor traduzem a homenagem:
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Mãe
São três letras apenas
As desse nome bendito
Três letrinhas nada mais
E nelas cabe o infinito
E palavra tão pequena
Confessam mesmo os ateus
É do tamanho do céu
E apenas menor que Deus...

18.11.07

RONDON, PACTO DE AGORA

Por
Marcondes Rosa de Sousa

Anos '60! Nascia-nos o Projeto Rondon , programa governamental, de forte ardor nacionalista, sob o signo do "integrar para não entregar". Vivíamos a mítica dos "dois brasis" e os surtos "confederação do Equador". Os "jardins de Academo", insulados em poços medievais, sobre o manco tripé ensino, pesquisa e extensão. Aí, a academia fragmentada em departamentos, ensaia passos rumo ao "pensamento complexo", as áreas se dando as mãos, o popular e o acadêmico, em diálogo.. E, por ironia, a diversidade faz-se unidade e riqueza nacionais..

Por duas vezes na UFC, pró-reitor de extensão, vi estudantes e professores, no Projeto Xapuri, no Acre, com Chico Mendes e pelos rincões, a lidar com tal riqueza. E disso dei já, em artigo, testemunho em defesa de tal nacionalismo em "PT Matuto", a descobrir o potencial de nossa diversidade a moldar a multiculturalidade e a unidade de nossa nação...

Hoje, o Rondon torna-se "organização não-governamental", pacto social, em nossa foedus (aliança), a nos alicerçar a federação. Justo quando o social e o humano são a base do capital. E as indústrias, para além das chaminés, têm o conhecimento como sua base. Tempos em que a educação (a superior em maior dose) é "indústria".

Disso, temos consciência. No País e, no Ceará, onde o sol libertário sempre nasce mais cedo. Entre nós, os que, em voluntária assessoria ao ex-reitor e deputado José Teodoro Soares , ansiamos por esta visão historicamente conquistada de descoberta da diversidade e do multicultural como riqueza maior nossa; da responsabilidade fiscal, prenúncio de momento maduro possível de uma "responsabilidade social", pactuada sob o formato de lei, como a fiscal. Isso, em termos de agora e futuros de toda a educação (a superior sobretudo) a se responsabilizar pelo capital humano.
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É nossa forte esperança!
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Publicado no jornal O Povo em Fortaleza, a 12-11-2007.
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Foto do Projeto Rondon:
jararaca.ufsm.br/websites/prex/img/178046ea88... ___________________________________________
Marcondes Rosa de Sousa, advogado, é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (UECe). É uma das maiores autoridades em educação do Brasil. Ex-presidente do Conselho de Educação do Ceará e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, é Colunista do jornal " O Povo ", onde mantém seus artigos quinzenais.

15.11.07

COMEMORANDO NOVENTA E CINCO PRIMAVERAS.


Por
Jean Kleber Mattos

Meados dos anos 40. Precisamente 1946. Seu Mattos (Sebastião Mattos Sobrinho), retorna com a idade de 33 anos a Ipueiras onde vivera a infância e adolescência, após período de estudos em Fortaleza onde se formara em contabilidade na Academia de Comércio Padre Champagnat.
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Recém retornado com a esposa e a sogra, também professoras, mais um filho de dois anos, alugou uma espaçosa casa na Praça da Matriz e começou a aceitar alunos para o ensino fundamental, à época denominado Curso Primário.
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Estava fundado em sua primeira sede, o Educandário Nossa Senhora da Conceição que durante os oito anos seguintes prepararia dezenas de jovens ipueirenses para a admissão ao ginásio. A segunda sede foi na Praça Getúlio Vargas, no casarão da esquina voltada para o Morro do Cristo. Foi nesta sede que a escola viveu seus "momentos de glória".
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Muitos daqueles meninos e meninas são hoje destacados juristas, empresários, professores, políticos, administradores e cientistas, mantendo em comum um sentimento de gratidão, quase nostálgico, por tudo o que aprenderam naquele período.
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Onze de novembro de 2007. Reunidos no restaurante Sirigatto, no bairro Cidade dos Funcionários em Fortaleza, um grupo de familiares, amigos e ex-alunos do professor Mattos, a maioria originário da região de Ipueiras, comemorou os noventa e cinco anos do mestre.
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Presentes no evento: Jean Kleber, o filho, Francisca Matos, a irmã, os Rosa de Sousa professores Marcondes e Solange, ex-alunos, a jurista Socorro Matos, prima e ex-aluna, o compositor Carlito Matos afilhado de crisma, a professora Salete Matos, sobrinha, o empresário Tadeu Fontenele, amigo recente, a jornalista Carla Matos, filha de Carlito Matos acompanhada do noivo, Fátima Abreu, sobrinha, acompanhada do esposo e mais os sobrinhos Emanuel, Maria, Waldiney, Waldirene e o pequeno Pedro Lucas, na primeira infância, sobrinho da novíssima geração.
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Para mim este foi um momento mágico, difícil de descrever.
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Quero apenas agradecer de coração aos que lá estiveram, prestigiando com suas queridas presenças a significativa data.Valeu!
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Foto dos "Históricos" em Ipueiras nos anos 30, século XX: Em pé, da esquerda para direita: José Castelo, José Bento Filho (Zeca Bento), Piragibe Catunda, Raimundo Catunda e Plínio Moreira. Sentados, da esquerda para direita: Professor Matos, Mileto Catunda Fontenele, Edmundo Bezerra de Medeiros e Irapuan Catunda (Acervo da prefeitura de Ipueiras).

Demais fotos: acervo do blog Suaveolens.

Seu Mattos em 2007, em sua biblioteca de 2000 títulos.

Almoço dos 95 anos: Ao centro, ao lado da prima jurista e ex-aluna, Socorro Matos.

Almoço dos 95 anos: professores Marcondes Rosa e Solange Rosa, ex-alunos.

Almoço dos 95 anos: A esquerda, novo amigo, o empresário Tadeu Fontenele, e à direita, em pé, o afilhado de crisma, engenheiro de pesca e compositor, Carlito Matos.

Almoço dos 95 anos: A sobrinha professora e guardiã Salete Matos, ao centro, ao lado da mãe D. Francisca Matos (de óculos escuros), da irmã Maria, à esquerda, e do filho universitário e atleta de voleibol Emanuel, à direita (de boné).
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Jean Kleber de Abreu Mattos, cearense, nascido em Fortaleza, viveu em Ipueiras dos dois aos oito anos de idade. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco. Atualmente doutor em fitopatologia, é professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

4.11.07

PARQUES E JARDINS: A GARANTIA DO VERDE NA CIDADE

Por
Lin Chau Ming

Morei em Curitiba por alguns anos, antes de me mudar para Botucatu. Considerada uma das cidades brasileiras com maior índice de área verde por habitante, a capital paranaense dispõe de muitos parques públicos, conservando uma vegetação que contém uma das árvores mais bonitas do Brasil, na minha modesta opinião, a araucária.
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Quantos metros quadrados de área verde uma cidade precisa para dar uma melhor qualidade de vida a seus moradores? Há um índice estimado pela Unesco para isso, que não me lembro ao certo qual é, mas acho que Curitiba ultrapassa em muito esse valor. Andei por muitos desses parques e sempre saía das trilhas para estudar as plantas nativas, observar com mais detalhe cada uma das árvores e arbustos.
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Minha casa ficava em um loteamento fechado, onde havia um pequeno remanescente desta floresta. Literalmente, vivia debaixo da floresta, pois construí minha casa no meio das árvores. Num rápido levantamento feito na época, havia, em meu terreno, dentre outras, mais de oitenta pés de Podocarpus, vinte de araucária, algumas Canella e um enorme pé de cedro. Ficava feliz em poder morar num lugar assim.
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Soube que, logo depois de minha mudança, a prefeitura da cidade inaugurou mais dois parques, grandes, o Tingui e o Tanguá, bem próximos a onde eu morava. Pena que não pude usufruir daquelas novas estruturas, mas as visitei em algumas ocasiões em que retornei à cidade.
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Botucatu possui poucos parques públicos, e o Lageado acaba se transformando em um deles. A cada dia que passa, é possível ver um número cada vez maior de pessoas fazendo exercícios ou passeando pelas ruas da fazenda. Sempre fazia a comparação da quantidade e qualidade dos parques (e consequentemente, de áreas verdes) entre Curitiba e a terra dos bons ares, com vitória fácil do “lugar que tem muito pinhão”, na linguagem tupi.
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Nova York também tem várias áreas verdes, urbanas. São parques e jardins, distribuídos entre seus condados. A mais famosa, talvez não a maior, é o Central Park, localizado no meio da ilha de Manhattan. Conta sua história que era um pântano, que não permitia uso social, pela dificuldade de acesso e locomoção. Várias administrações se passaram até que a área foi drenada, as nascentes protegidas e alguns reservatórios de água foram construídos, não somente para uso em lazer, mas também para consumo humano, sendo então inaugurada em 1860.
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Hoje não tem quem não venha ao Central Park, ao menos para conhecer alguns de seus caminhos arborizados e entrar em contato, um pouco, com a natureza, no meio de tantos prédios ao redor. Esquilos são animais facilmente encontrados nas árvores e gramados, saltitantes, para alegria de todos.
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Há ainda na cidade, diversos outros parques, administrados pela prefeitura local, outros por outras instituições públicas e também há as que são de propriedade privada. Em cada bairro existem associações comunitárias que cuidam de áreas verdes, menores. Esforçam-se para que sejam bem cuidadas e possam ser utilizadas pela comunidade. Organizam também atividades recreativas e educacionais, garantindo um bom uso social para elas.
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Numa cidade dominada pelo cimento e ferro, a existência desses locais, que quebram o tom cinzento e vítreo dos prédios, é fundamental para a qualidade de vida de seus moradores. Todo esforço é bem vindo para que haja a criação de mais áreas assim.
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Porém, a luta dessas entidades tem sido por outros motivos. Por causa da expansão de empreendimentos imobiliários na cidade, vários grupos empresariais adquirem áreas verdes privadas ou conseguem autorização de órgãos governamentais para construir em áreas públicas, causando revolta entre os moradores do entorno destas.
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Alguns exemplos recentes na cidade de Nova York: os Yankees, time famoso de beisebol que tem um grande estádio no Bronx, conseguiu autorização da prefeitura para usar algumas áreas adjacentes, públicas, para aumentar seu estacionamento, que não suporta mais a quantidade de veículos estacionados em dias de jogos, apesar de existir uma estação de metrô praticamente dentro do estádio.
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No Queens, um grupo londrino adquiriu mais de 40 prédios, junto com algumas áreas verdes, para construir condomínios verticais de luxo. Ao norte de Manhattan, a prefeitura autorizou a venda de uma área pública para um empreendimento imobiliário em uma das maiores áreas verdes da cidade, a Randall Island. No Harlem, o Museu da Cultura Africana, de Staten Island, outro condado daqui, adquiriu uma área verde privada para construir novo prédio para o museu.
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Em todos esses casos, as associações comunitárias entraram com processos judiciais para impedir a destruição dessas áreas, perdendo na maior parte deles. No Harlem, mesmo com a sentença em julgado a favor da construção do novo museu, ativistas subiram nas copas das árvores, numa última e vã tentativa de impedir a ação dos bulldozers.
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Há vitórias, entretanto. Um bairro no Brooklin conseguiu aprovar uma lei que enquadra como patrimônio histórico-cultural, um conjunto de pequenos sobrados, com mais de 150 anos, que mantém entre si, uma extensa área verde, de uso público. A conservação deste conjunto arquitetônico está garantida.
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A Universidade de Nova York, a maior universidade privada do Estados Unidos, que possui uma grande quantidade de imóveis ao sul de Manhattan, apresentou recentemente sua proposta de expansão de prédios, mas, pela falta de espaço na ilha, optou por um projeto onde estes seriam construídos no subsolo, ocupando os locais nas projeções verticais de vários lugares, incluindo áreas verdes públicas. A Associação dos Moradores do Village entrou com processo, argumentando que as áreas são públicas e que as escavações e as obras fariam muito barulho e poeira na região, acabando com o sossego, além de algumas áreas poderem desmoronar.
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Para compensar a perda dessas áreas, as empresas apresentam algumas contrapartidas, como por exemplo, construírem áreas públicas “indoor”, ou seja, jardins e parques cobertos, debaixo de imensos edifícios.
- Não, não servem, não basta o espaço, tem que ter qualidade, bradam os ativistas ambientais-urbanos.
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Há algumas destas instalações sociais na cidade. Áreas privadas de uso público. Árvores em ambiente quase asséptico. Um tanto estranho, não acham? Há quem goste, afinal, gosto cada um tem o seu. Mas no fundo, no fundo, nesta cidade, um canto de passarinho ou um relance num esquilo faz uma diferença enorme, não?

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Foto do Central Park de Nova York:
http://www.visitingdc.com/images/central-park-picture.jpg
Foto do viveiro de mudas da prefeitura de Ipueiras, no Caerá:
http://ipueiras.ce.gov.br/www/
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Lin Chau Ming é engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Ensino "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (1981), doutor em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996) e doutor em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995). Atualmente é professor adjunto da UNESP em Botucatú-São Paulo. É editor chefe da Revista Brasileira de Plantas medicinais. Este ano (2007), está em Nova York, na Columbia University, fazendo pós-doutorado na área de Etnobotânica.