Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

29.7.08

ISA CATUNDA DE PINHO. UM ÍCONE A SER LEMBRADO

Por
Dalinha Catunda
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Da união de Antonio Bezerra de Pinho e Rosina Catunda de Pinho, nasceram Expedito, Ludovico e Piragibe. No meio dessa família essencialmente masculina, despontara, fazendo história, Isa Catunda de Pinho.
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Quem não se lembra da antiga professora que, ao contrário das severas mestras, optava pela palavra ao invés da palmatória. Era o seu tempo o das caligrafias, letras bonitas, que primeiro aprendíamos a cobri-las para depois nos atrevermos a desenhá-las.
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Mulher de farta leitura e sem egoísmo, de uma memória extraordinária. Cada romance que lia, era contado por ela, na boca da noite, nas calçadas das Ipueiras. Não sem antes nos dizer quem era o autor. Assim conheci José de Alencar, com seu “Tronco do Ipê”, Juvenal Galeno com Sua “Jangada de Velas”, Gonçalves Dias com a “Canção do Exílio e tantos outros.
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Professora de valores renomados de nossa terra que hoje se destacam em diferentes áreas e a reconhecem como um exemplo a ser seguido e citado. Catequista a preparar crianças para primeira comunhão. Beata a freqüentar igreja todos os dias nos finais de tarde.
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Dela herdei um santuário (ou oratório) que, certamente, tem mais de cem anos. E, junto com ele, ela me ofertou a imagem do menino Jesus de Praga. Reafirmo, porém, que a herança maior que ela me deixou foi o gosto pelos livros. o que me levou a escrever e contar histórias seguindo seu exemplo.
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A imagem mais marcante que tenho da titia é de seu ritual dos finais de tarde. Sempre muito limpa, cheirando a talco e sabonete, ela se dirigia para a igreja matriz, com terço e missal nas mãos. E com uma elegância e a altivez peculiar dos Catundas.
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Minha Tia lamentou e chorou, a vida inteira, a morte de um namorado assassinado. E lamentou os amores que não pôde viver. Dizia-me que não teve sorte no amor. Daí certamente sua entrega maior a um Deus que ela soube amar acima de todas as coisas. Com um coração enorme, abraçou todas as crianças que lhe erguiam os braços.
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Gentil e educada, fez uma legião de admiradores, que hoje choram sua partida e guardam, com carinho e respeito, sua memória, exaltando seus feitos. Deus, certamente, agradecido a esta filha que pregou sua palavra, rezou e cantou em seu louvor. Escolheu o dia 20 de julho, o dia do amigo - o dia internacional da amizade - para abrir suas portas e recebê-la de braços abertos em pleno domingo, dia de descanso e orações.
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Descanse em paz, titia!
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Dalinha Catunda
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Foto do acervo da autora: D. Isa e Luis Henrique, filho de Dalinha.
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

21.7.08

ADEUS GRANDE SENHORA

Por
Bérgson Frota

Hoje, 20 de julho de 2008 Ipueiras acordou mais triste, faleceu neste domingo a nossa eterna e querida Tia Isa.

Esta grande mulher dedicou sua vida a ensinar, e como ensinou a tantos grandes nomes que hoje fazem caminho longe da terra onde distante é velado seu corpo frágil e respeitoso.

O que dizer neste dia Tia Isa ?

Um obrigado seria pouco, mas é só o que podemos dizer, e talvez tudo, pois dentro de um obrigado podem caber muitas emoções, e todas a evolar o seu espírito mais alto em direção ao Criador.

Minha geração se deleitava em visitá-la e ouvir suas estórias, ricas e instrutivas, pois não tive o privilégio de ser seu aluno “oficial”, mas aprendi já quando suas aulas eram dadas no jeito simples, humilde e carinhoso de nos tratar, a mim e a outras crianças da Ipueiras nos anos setenta.

Nascestes na terra que ontem partistes, foi numa Ipueiras ainda nova, precisamente em 13 de maio de 1911, recebestes o nome de Isa Catunda de Pinho e assim como uma sagrada “Vestal”, optou de forma honesta e digna a uma vida celibatária. Não foi mãe de um, de dois ou três para ser mãe de todas as crianças de Ipueiras, o que fez em quase dez décadas, falecendo aos 97 anos, mas deixando um grande e humano legado.

Tia Isa hoje entras para a história de Ipueiras como a nossa grande senhora, nosso eterno arquétipo da desapegada professora, tia e amiga. Aquela a quem conhecemos e amamos, será sempre lembrada e mais tarde diremos ao referir-se a sua pessoa: Tia Isa nos contava isso e aquilo e muito mais.

As palavras fogem-me, pois muito tocado e em pressa para lhe fazer um panegírico a altura me perco.

Sei que não vou conseguir criar hoje um texto que possa lhe dar uma homenagem digna do seu real valor, mas tento.

Certa vez sua sobrinha Dalinha Catunda falou-me quase a confessar num fim de tarde em sua quinta próxima à cidade sobre seu grande conhecimento e lembranças de fatos. Concordei e ainda concordo.

Neste momento em que Ipueiras perde um de seus grandes personagens do século XX, expresso neste texto o sentimento de falta que muitos estão a sentir, e não querendo ser repetitivo encerro este texto com um grande obrigado.

Ao partir nobre mestra, com luz deixastes marcado em nossos corações teus ensinamentos e a saudade que o tempo um dia há de sanar.
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Muito Obrigado Tia Isa. Ipueiras chora sua partida.

(Agradeço a foto e os dados à Dalinha Catunda)
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Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzido artigos de relevância atual.

SAUDOSO ADEUS À MESTRA ISA CATUNDA

SEIS DEPOIMENTOS SOBRE ISA CATUNDA

TEREZA MOURÃO
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Ipueiras está de luto (eu pelo menos estou), morreu hoje (20.07.2008) às cinco horas da manhã D. Isa Catunda, aos 96 anos de idade, minha 1ª professora e grande amiga de meu pai Tim Mourão, minha mãe e toda a família Mourão. O Enterro foi hoje a tarde. Sei que um dia nos encontraremos, querida D. Isa, você que não foi só uma professora mas, mesmo sem ter sido mãe, em sua profissão de catequista e alfabetizadora foi um pouquinho mãe de todos nós. Muitos de seus alunos, alguns já se foram, outros são brilhantes, professores, poetas, empresários, enfim, seguiram seu rumo e mesmo não estando mais morando aí, nunca a esqueceram, pois você, foi a base de todos nós. Descanse em Paz, minha querida amiga, por quem tinha um carinho imenso e admiração, por saber que mesmo nesta idade toda, tinha uma memória rara, onde há três anos me escreveu uma cartinha, falando de meu pai Tim Mourão, e ainda, lembrando ter sido minha professora, lembrando das músicas da campanha política daquela época e onde fez um tributo a meu pai, seu grande amigo, e que o Marcondes colocou no blog do grupo ipueiras, em abril de 2006.
Tereza Mourão
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MARCONDES ROSA DE SOUSA

Solidário a seu sentimento. Tive a honra de, na infância, ser aluno de Isa, com quem aprendi a cobrir as letras e, ouvir estórias, e conhecer a força do afeto na educação.Por ocasião do retorno da Virgem de Fátima a Ipueiras, estive com ela e Tuquinha. Para mim, Isa Catunda, é um dos mais altos ícones de nossa educação, em Ipueiras.Aliás, Ipueiras - e isso, infelizmente, não vejo, nas placas das ruas, nos bustos, nos demais sinalizadores urbanos, é forte índice em tais ícones. Desde cedo, Isa, Dona Mundita, o veterano Nenem Matos, a severa Dona Ester, que uma única vez só, deu-me uma dúzia de bolos, para ensinar-me como, criança, aplicá-los em sua irmã, a Lelete, é, essa nossa terra, pródiga em ícones da educação e da conciliação. A passagem de Isa para a outra vida que seja, para nós todos, uma reflexão sobre isso. Que ao lado das abundantes placas dos "coronéis fulano e sicrano", que os conciliadores, nos campos da educação (escolar, social e política), recebam o nosso tributo histórico.
À Isa, os votos de que, a nós, nos traga a reflexão!
Do ex-aluno,
Marcondes, do "Seu Wencery"
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SANDRINHA, filha caçula do Lisboa

Oi Terezinha, Bom dia! Aqui estou ainda de madrugada...Momento raríssimo de entrar aqui neste horário. Por incrivel que pareça neste dois dias acordei de madrugada e justo de sábado p/ domingo acordei às 5h e permaneci em oração. Assim que li seu e-mail não contive as lágrimas, pois o convivio com ela foi pouco mas desse pouco aprendi muito e gostava muito de ouvi-la. O ano passado estivemos com ela no aniversário da Vovó Ineizita de 90 anos e as "coleguinhas" estavam juntas. A Clarisse a acolheu na casa da vovó e pôde ser um pouco mais cuidada, pois chegou com hematomas nos braços e um pouco assustada, mas não falava no assunto...Era só alegria, conversas e mais conversas. Fiquei alguns momentos ainda com ela. Encontrava-se já um pouco surda, mas nem por isso deixou de conversar. Ela era lindinha mesmo...De um espirito muito nobre...Eu creio que ela foi muito bem amparada pela Luz Divina. Papai gostava muito dela e admirava muito e a reciproca era verdadeira. Ainda não dei a noticia para mamãe, mas creio que ela tambem vai ficar muito triste pois estivemos com ela e mamãe também admirava-a muito.
Obrigada. Bjs
Sandra Maria Fontenele Mourão

TADEU FONTENELE

Deus sabe o que faz. E nós, criaturas Dele temos muitos exemplos para não contestar esta afirmação. E temos que aceitar porque Ele não quis que comemorássemos os 100 anos de Isa Catunda. Ele a levou ontem, 20, com os seus 97 anos vividos aqui na Terra. Muito exemplo de vida deixou. Para mim, enquanto viver, a lembrança de carinho, afeto, paz, amor, uma pessoa dessas que identificamos como missionárias, tipo Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, para propagar os ensinamentos de Deus. Tive o privilégio de ser seu aluno. Das lições recebidas o compromisso de levar o exemplo para aqueles que me sucederem. Nossas preces para a Isa. Eternizemos os ensinamentos que ela nos transmitiu.
Abraços do Tadeu Fontenele.

NONATO (FIREMAN)

Ano passado, quando estive em Ipueiras, fui almoçar na casa do Eduardo - irmão da Dalinha, Dona Isa me pediu uma imagem de Santa Helena...Com certeza está ao lado da sua santa predileta...Nossos pêsames à famí­lia enlutada...
Nonato - Brasília.



AUXILIADORA CARVALHO

Teca,Profundo pesar pela partida da nossa professora D. Isa. Sinceras condolências de toda família de D. Brígida.

Auxiliadora.

NOTA DO BLOG: EM QUE PESEM OS DEPOIMENTOS DE TEREZA MOURÃO, CO-GESTORA DO BLOG SUAVEOLENS E DO PROFESSOR MARCONDES ROSA NOSSO COLABORADOR, NA QUALIDADE DE GESTOR E TENDO CONHECIDO, NA MINHA INFÂNCIA EM IPUEIRAS, A PROFESSORA ISA CATUNDA EM SUA SANTA MISSÃO, EU MANIFESTO MEU PROFUNDO PESAR POR TÃO GRANDE PERDA PARA TODOS OS IPUEIRENSES E AMIGOS DE IPUEIRAS. JEAN KLEBER MATTOS.
Neste blog leia "O aniversário de Tia Isa" (12.05.2007) de Jean Kleber Mattos e no blog cantinhodadalinha.blogspot.com, "Histórias de Tia Isa" (19.04.2007) e "É isso aí, Tia!"(10.05.2007) , ambos da autoria de Dalinha Catunda.

Do blog IPUEIRAS, postado por Marcondes em 25/10/2007 sob o título "Isa Catunda-Depoimentos Vários", transcrevemos:
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Dalinha Catunda:

“Minha tia Isa é a criaturinha que tem meu amor incondicional. Exemplo de vida, de fé, minha referência maior, minha incentivadora no gosto pela literatura e na cultura em geral.”

Frota Neto:

"Foi pelo fio condutor de dona Isa que nós, contemporâneos, estivemos sob o encantamento das tantas mágicas para as portas do conhecimento. Do começar nas trilhas do mais saber ao itinerário que eleva o humano ao que sendo sua origem - divino.”

De Costa Matos:

"Mestra Isa, sinta a infinidade de bênçãos ao seu trabalho de tantos anos nas salas de aula. Os seus alunos de ontem estamos proclamando a grandeza da sua missão. E numa situação semelhante àquela do capítulo 19, versículo 40 do Evangelho de Lucas, se nós, seus discípulos, nos calarmos, ‘as pedras gritarão’ que Deus está satisfeito com as suas ações de Mestra neste mundo.”

De Tadeu Fontenele:

"A meiguice da Isa, seus afagos e carinhos aos alunos contrastavam com o procedimento dominante, na época, pelo uso da palmatória, instrumento que ela jamais usou."

Pe. Jaques Moura:

"Na cidade de Ipueiras onde D. Isa Nasceu e realizou seus sonhos, ela tem cadeira-cativa no coração de todos os conterrâneos, mercê da obra que a imortalizou: soube com exímia solicitude, empregar seus talentos de pedagoga no preparo e condução de crianças e adolescentes confiados a seu mister, durante os longos decênios de magistério. As gestas identificam a guerreira."

Renato Bonfim:

"Eu Tive o imenso prazer quando ainda garoto de ser seu aluno, quando me ensinava as primeiras letras do alfabeto. Sou muito grato por tudo que aprendi com seus dedicados ensinamentos, que hoje me faz ser um homem honrado, digno e com uma personalidade forjada na sua educação e na de meus queridos pais Edmundo Medeiros e Edite Bonfim Medeiros."

Darci Maria Weihs:

“Tão querida de todos. Quando menina, ela me tratava durante as conversas como se eu fosse adulta, me ouvindo atentamente. Quando adolescente, ficava eu horas e horas conversando com ela. Quando estou em Ipueiras, nunca deixo de visitar este "Ícone da educação".

Marcondes Rosa de Sousa:

“Para as gerações muitas que, com ela, nos iniciamos na caligrafia e ouvimos suas estórias, a nonagenária Isa Catunda, entre ricos nomes que ostenta Ipueiras, é, com certeza, forte ícone na área de educação.”

18.7.08

O POMAR DE AÚ

PorLuiz Alpiano Viana

A noite fria e chuvosa
Embaçava a luz da lua.
A grama verde e cortada
Era um convite audaz
Festejando a madrugada.

Chão em pluma de granizo
Que pouca gente enxergava,
Que se assemelha a estrelas,
Como pingos de esmeralda.
Não era um simples orvalho,
Era Deus que me guardava.

Luzes de múltiplas cores
Pestanejam como um raio,
E brilham como cristais
Com ar d'aurora Divina
Que só me lembram de paz
De criança e de menino.

Um estaleiro de olhinhos
Acesos e pequeninos
Que incansáveis, me olham,
Quem os colocou pra mim?

Foste tu, Aú,
Para me fazer sorrir?
Fostes Vós, Senhor,
Para eu ser temente assim?

Assustei-me e até chorei,
Pois nunca tinha pisado
Em tão macio tapete!

Foi o anjo da aldeia
De José e de Maria
Que me mandou vir aqui
Para sentir o meu Deus
Na grama de um jardim.
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Foto: detalhe interno da Bica do Ipú, uma das maravilhas da natureza no Ceará. Foto do acervo do blog.
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Luiz Alpiano Viana, nascido e criado em Ipueiras, morou mais tarde em Crateús. Atualmente é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Morou no Distrito Federal até meados de 2007 quando finalmente voltou a morar no Ceará, em Fortaleza.

11.7.08

AMOR EM QUATRO ESTAÇÕES

Por
Ângela Rodrigues Gurgel


Em seus olhos
Vejo o sorriso colorido
Das manhãs de primavera...

Em seus cabelos
Os tons das tardes
De outono...

Seu sorriso alegre
Deixa meus dias claros
Como o sol de verão...

Quando nos despedimos
Tudo em mim é inverno...
Hiberno e espero você voltar!
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Foto: Sol no cerrado. Album de Renatinha Engenheira Agrônoma-Brasília
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Ângela M. Rodrigues de Oliveira P. Gurgel, poetisa, nasceu em Mossoró-RN, tendo vivido em outras cidades do Rio Grande do Norte (Almino Afonso, Caraúbas, Caicó e Natal) e do Pará (Tucuruí e Marabá). Atualmente mora em Mossoró-RN. Graduada em Ciências Sociais, cursa atualmente Filosofia na UERN (Universidade do Estado do RN) e Direito na UnP (Universidade Potiguar). Já exerceu o cargo de Secretária de Educação em Caráubas, onde também foi Diretora de uma escola de Ensino Médio.

9.7.08

A BALADA DE UMA GUERREIRA

Por
Bérgson Frota

“Uma homenagem à gente humilde de Ipueiras”

Já se vão muitos anos que tal fato se deu. Foi no tempo do cangaço, tempo de luta e medo.
Num pálido amanhecer, correu por Sarieupi a alarmante notícia.
O bando de João Breguelo, cangaceiro temido, estava a trote rápido em direção à cidade.
Seria saque na certa, tinha fama de carniceiro.
Desprotegido o povo, logo em pânico entrou.
A lua estava cheia naquele dia fatídico.
Os loucos corriam às praças pelo astro movidos.
Um chamado Abraão gritava a plenos pulmões a profecia final. Outra cega e insana que atendia por Boré, gritava alto impropérios, não certos para mulher.
Havia também Carolina, mendiga de pernas finas que só fazia escutar.
Zacarias outro louco, dentro desta confusão perdia-se em gargalhar, enquanto o médico Melquíades a todos com grande esforço procurava ajudar.
Vicente, um bom padeiro, que a Virgem devolveu-lhe o falar, balbuciava no Arco a graça de se salvar.
Antônio Simão matemático, homem bom calculador, fazia rabiscos num mapa, intentava descobrir, por qual entrada da vila o homem ia surgir.
O farmacêutico Idálio atendia sem parar na botica São José gente a se contar. Era mulher pra parir com nervosismo aumentado, era homem que as calças não paravam de molhar.
Lá pras bandas da Estação, Lili fazia sua renda, mulher de fibra e coragem, cearense de prenda.
Quando soube da notícia nada se alarmou, deixou de lado os bilros e pra cidade rumou.
Viu de perto o medo, mas não se acovardou.
Reuniu o povo em torno, clamou uma reação.
Chamou a coragem dos homens, que a terra forte pariu.
Mas bastou ouvir um tiro, e a praça se esvaziou. Ficando só o Telógo, que mudo não escutou.
Do tiro foi um instante, e o bando se fez entrar.
A cidade servilmente rendeu-se sem batalhar.
Lili encarou João Breguelo, e pôs-se diante do homem.
Foi amor de só olhar.
O cangaceiro estacou, o bando seguiu o gesto. Desceu rápido a montaria, puxando pelo cabelo a mulher que lhe rendia. Tentou-lhe roubar um beijo, ela rápido escapou, devolvendo em bofetada o ato de atrevimento.
Era morte na certa pensava quem assistiu.
Mas contava com a sorte, a brava Lili presentia.
O cangaceiro apaixonado, pela mulher se dobrou. Da mesma forma atraída, Lili dele se encantou.
Depois de parlamentar, o cangaceiro aquietou-se. Montou Lili no cavalo depois nele montou-se.
Saíram sem nada tocar, poupando o povo e lugar.
Mas o caso ficou registrado pra este contista narrar.
A história de uma rendeira que um cangaceiro dobrou, e com coragem e ternura, a sua terra salvou.
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( Foto : Fotograma do filme O Cangaceiro de Lima Barreto, 1953 )
(Publicado no O Povo, de Fortaleza-Ce, em 21.06.2008)
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Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzido artigos de relevância atual.

8.7.08

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Por
Marcondes Rosa de Sousa


Responsabilidade social! Crescente consciência após o fracasso do socialismo real e do capitalismo, no desabraço entre o público e o privado. Participativa, transparente e plural, democracia é hoje não mais império da maioria, mas diálogo entre as minorias.

Em tal quadro, educação, do nascer ao morrer, hoje envolve seus atores (escolares e sociais), a formar capital humano - o cidadão (ente social), o profissional (construtor) e a pessoa (ser transcendente), nos termos da LDB.

Nessa direção, é crescente o clamor de nossa sociedade por um novo contrato social, a se pautar em valores e princípios, e a se converter em "lei de responsabilidade social", a nos solidarizar na construção coletiva de um crescimento econômico não restrito à fugacidade do PIB, mas a buscar o ideal apontado por Celso Furtado: "o crescimento a se metamorfosear no sustentável desenvolvimento", reduzindo-se a pobreza de nosso país e do planeta que se aspira em equilíbrio ecológico.

Tal consciência assiste-nos aos programas de extensão de nossas universidades, desde os anos 60, na linha do Projeto Rondon, entre outros. E nessa direção, hoje nossos empresários, que postulam suas empresas como "parceiras do desenvolvimento social". Assim, a FIEC, sob a coordenação de Vânia Dummar, ao lançar Grupo de Ação, a responsabilidade social pactuada por 11 instituições de educação superior, como disciplina obrigatória, em etapa inicial. Educação, a integrar Câmara de Educação Superior, tidas por Jorge Parente que lhes deu assento simbólico naquela casa, como "indústrias sem chaminés", gesto elogiado por Beni Veras, então governador: "Não podemos construir o estado com que sonhamos sem o compromisso de todos – governo, iniciativa privada e organizações da sociedade civil, com o desenvolvimento humano".

Clamor geral, a Lei de Responsabilidade Social, ao lado da de "responsabilidade fiscal", a buscar nossa federação (União, estados e municípios) em construtivo abraço. Ética e valores, soldados e solidarizados pela educação vista, em todos os seus níveis, como "capital humano", a nos reduzir-nos a pobreza, sob o lema do "comerás o pão com o suor do teu rosto", mandamento maior. Pois, "sem arte e sem ofício, não se é filho de Deus" (Dom Aureliano Matos). Um horizonte de um país que aspira hoje por nova ética, uma democracia mais participativa, voltada para o horizonte da construção e da salutar convivência entre suas todos.
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Foto 1: site br.geocities.com. Visualizando da esquerda para a direita: Lula, Ulisses Guimarães, NI, Quércia, Brizola, Montoro e Tancredo Neves. Ao microfone Osmar Santos, o animador. Para ver detalhes, clique na imagem.
Foto 2: site jornallivre.com.br
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Marcondes Rosa de Sousa, advogado, é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (UECe). É uma das maiores autoridades em educação do Brasil. Ex-presidente do Conselho de Educação do Ceará e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, é Colunista do jornal " O Povo ", onde mantém seus artigos quinzenais.

6.7.08

13 PRIMAVERAS

Por
Jean Kleber A. Mattos
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Completa hoje treze anos de idade, o Ivan, meu filho mais novo. Grande companheiro. É para todas as horas. Juntamente com a irmã Vanessa e a mãe Heloisa, adotaram Ipueiras do Ceará como a cidade do coração. Ja estiveram lá em duas férias seguidas: janeiro de 2007 e janeiro de 2008.
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Ivan é ligado em animais de criação e de estimação. Cabras e bodes, porcos, galinhas e tudo o mais é com ele mesmo. No hotel Caravelle em Ipueiras, quando lá se hospeda, entusiasma-se com os caprinos e bovinos que sempre encontra por lá e no "Vamos Ver". Na casa da tia, Salete, faz a festa com os cachorros, um labrador e dois pitbulls. Na casa da professora Solange, irmã de Marcondes, enturmou-se com o Duque, o "segurança da casa" e não parou a tarde toda festejando caprinos, caninos outros "pets" que lá habitavam. Talvez a sinalização de um futuro veterinário.
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Memória visual privilegiada, em 2008 encontrou e reconheceu no shopping Iguatemi professor Marcondes (que conhecera um ano antes), acompanhando-o por algumas dezenas de metros até onde eu estava, na sede do EXTRA. Não fosse por ele eu não teria reencontrado o mestre naquele dia.
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Como todos os de sua geração mantém intimidade com a informática, atuando volta e meia como meu consultor.
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Tornar-me-ia fastidioso em falar do filho caçula. Paro portanto por aqui, mesmo porque tenho idade de ser seu avô e como tal sou confundido na escola e no supermercado (Ivan, seu avô chegou!...).
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É dureza...rsrsrs
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Foto 1: Na sirigueleira do Caravelle
Foto 2: Com o Duque, na casa de Solange
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3.7.08

VINTE E QUATRO SEMANAS

Por
Lin Chau Ming
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Não sou da geração Paz e Amor e nem vivenciei o Woodstock; sou de uma geração posterior, que já foi chamada de “a geração da década perdida”, por ter sido aquela em que a ditadura militar brasileira cerceou as liberdades democráticas e colocou o país num período negro que não deve nunca mais retornar.
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Junto com atividades políticas-estudantis, (parte) da minha geração também quis sentir os prazeres da liberdade sexual conseguida pela geração anterior. Jovens, algumas colegas de turma, e de toda a Esalq, colocaram em prática muitos desses princípios e de seus íntimos desejos. Era comum o fim de relações amorosas com uma velocidade que me deixava perplexo, dada minha formação mais conservadora nesse tocante. Namorados (naquela época não havia o “ficar”) iam, namorados (outros) vinham. Claro que também havia os casais mais tradicionais, afinal, era uma época de transição e também, nem todos pensavam da mesma maneira.
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Uma amiga da época, confidenciou-me que, estava grávida de um colega de turma, mas que havia sido um deslize do momento de emoção e prazer, e que não queria o filho. Tínhamos uma intimidade que permitia esse tipo de confidências. Iria fazer um aborto, em São Paulo, capital, onde ela morava. Mas em que hospital? Pergunta idiota, porque naquela época, não havia hospital autorizado a fazer isso, ela iria parar nas mãos de algum “açougueiro”, como se chamava na época as pessoas que faziam tal procedimento. Palavra terrível, não?
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Sofreu um bocado depois do aborto. Não por remorsos por ter retirado o filho que estava no início da gestação, mas pelas dores nas partes que o tal procedimento lhe impusera. Ficou nessa situação cerca de duas semanas, depois, as aulas puderam ser assistidas normalmente.
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Tempos depois, nova gravidez, com o mesmo colega. Falar em métodos anticoncepcionais não era usual. Camisinhas, não existiam naquela época, finais dos anos 1970, Posso estar enganado, mas , pelo menos, não eram encontradas com a facilidade de hoje. Havia as pílulas anticoncepcionais, estas mais comuns, o DIU e o tampão, estes bem mais complicados de serem obtidos. E então, o que fazer?
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Nova “consulta” em São Paulo. E mais algumas semanas condoída. De novo, não o coração, mas o corpo. Outras colegas passaram por situações semelhantes. O aborto, naquela época, para algumas jovens, já era um assunto definido, por liberalidade.
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Várias gerações depois, o assunto volta à tona. A Igreja Católica, com seus seguidores, mantém a oposição natural, por filosófica. Algumas sociedades médicas apoiando, alegando motivos como sendo caso de saúde pública. No Brasil, há uma proposta apoiada pela Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, propondo a ampliação da permissão do aborto para além dos casos de estupro ou risco de vida da mãe e a realização de operações em hospitais da rede pública, até o terceiro mês de gestação.
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O Governo português acabou de aprovar uma lei visando legalizar o aborto, até um período de 10 semanas de gestação. Segundo o ministério da Saúde patrício, mais de 10 mil mulheres são internadas anualmente por complicações relativas aos abortos ilegais.
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Na cidade do México, situação semelhante, até a décima segunda semana de gravidez. Como no Brasil, há uma extensa rede de clínicas clandestinas que tem esse tipo de atividade, feita, na maioria das vezes, em precárias condições de infraestrutura e sanitárias. Milhares de mulheres também morrem nesses locais, todos os anos, a maioria delas de classes sociais mais baixas.
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Nos países onde a legalização do aborto é uma realidade, um dos argumentos mais utilizados é o direito à informação e à (própria) decisão sobre o corpo, ou seja, a mulher grávida deve saber dos riscos que isso envolve, não somente pela natureza da operação médica, mas também nos aspectos éticos, morais e filosóficos, devendo ter um período de reflexão, antes da tomada definitiva da decisão.
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Aqui nos Estados Unidos, o aborto foi legalizado em 1970, sendo o estado de Nova York um dos três primeiros estados a regulamentá-lo. Desde então têm havido diversos movimentos contrários, imediatamente rebatidos por grupos favoráveis. Há dois princípios que legitimam o aborto, pela legislação deste estado: a saúde da mulher deve vir em primeiro lugar e o direito dela de controlar seus destinos reprodutivos.
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É possível ver nos jornais, anúncios, de profissionais e clínicas oferecendo apoio para esses procedimentos. Anuncia-se, sem maiores parcimônias, que o trabalho é feito em ambientes com a maior privacidade possível, confidencialidade, sem questionamentos de ordem moral ou status social, por profissionais qualificados, com mais de 25-30 anos de experiência, com novas técnicas, em situações de gravidez de até 24 semanas de gestação.
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São anúncios ao lado de anúncios de teores semelhantes. Aceitam-se planos de saúde, seguros e cartão de crédito. Oferece-se serviço rápido, sem espera, 24 horas por dia, sete dias por semana. As mulheres não devem se preocupar, pois, segundo os anúncios, serão sem dor e com bons preços. Alguns oferecem 25% de descontos.
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No país do capitalismo “selvagem”, a concorrência é estimulada, há milhares de clientes potenciais, todos os dias, e, afinal, a propaganda é a alma do negócio, para qualquer tipo de atividade, mesmo nas que atingem outros níveis de preocupações, da natureza mais íntima da mulher. Nessas situações, contudo, uma coisa é certa, nem sempre vence o melhor.
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O que pensariam minhas amigas da faculdade? Não sei, hoje elas devem estar preocupadas com seus netos.
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Foto de grávida: site laionmonteiro. wordpress. com
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Lin Chau Ming é engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Ensino "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (1981), doutor em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996) e doutor em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995). Atualmente é professor titular da UNESP em Botucatú-São Paulo. É editor chefe da Revista Brasileira de Plantas Medicinais. Cursa atualmente o pós-doutorado na área de Etnobotânica na Columbia University, em Nova York.

1.7.08

SOU DO CEARÁ

Por
Ricardo Gondim.
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Ser do Ceará é mais do que nascer no Ceará, é conseguir reconhecer, à distância, uma cabecinha redonda, um sotaque cantado, uma orelha de abano, um jeito maroto de encarar a vida.
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Ser do Ceará é saber a estação certa de colher um sapoti, conhecer os vários tipos de manga e nunca comprar ata verde demais; é dar sabor a um baião de dois com queijo coalho.
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Ser do Ceará é gostar de cocada, de suco de tamarindo, de sirigüela vermelha, de água de coco docinha.
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Ser do Ceará é engolir o final dos diminutivos - cafezinho vira cafezim; Antônio vira Toim; bonzinho vira bonzim. Lá se fala aperreio na hora do sufoco; o apressado é avexado; o triste fica de lundu; quem cria problemas, bota boneco.
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Ser do Ceará é morar onde os muros são baixos; quer dizer, lá todo mundo sabe dos outros. A melhor conversa entre cearense é fofocar sobre a vida alheia. Aparecer em coluna social é o máximo; os que pertencem a uma família com pedigree, fazem parte dos eleitos. Os Studarts, os Frotas, os Távoras, os Jeiressatis são considerados o supra-sumo.
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No Ceará não se compra casa do lado do sol; isto é, ninguém valoriza uma propriedade com a frente voltada para o poente. O sol não perdoa; é inclemente, ardido, feroz, cansativo. Lá quem não souber lidar com o astro rei, não dura muito tempo. Entre dez da manhã e cinco da tarde, o sol deixa todo mundo melado; não existem peles secas no Ceará, todas são oleosas.
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Ser do Ceará é aprender a dormir de rede, a gostar do cheiro de lençol limpo, a tomar banho frio, a valorizar a brisa do mar. Lá o perfume de sabonete tem outro valor. No Ceará as mulheres não usam meias finas, os homens não toleram gravatas e as crianças não sabem o que é uma blusa de lã.
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Ser do Ceará é ter orgulho de afirmar que pertence à terra de José de Alencar, Patativa do Assaré, Fagner, Eleazar de Carvalho, Clóvis Bevilácqua. Lá amam-se as artes; cria-se repente com facilidade, conversa-se com rima.
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Ser do Ceará é lidar com umidade, com camisas molhadas de suor, com mofo, com moscas aos milhões, com muriçocas impertinentes, com baratas avantajadas, com viroses brabas, com desidratações súbitas. Lá os fracos morrem rapidamente; o darwinismo com sua teoria da sobrevivência dos mais fortes se prova com facilidade. No Ceará nuvens negras são prenúncio de bom tempo e relâmpago, uma bênção. Em dia chuvoso ninguém gosta de sair de casa.
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Ser do Ceará é rir por tudo. E tudo vira piada; lá sobra humor até para vaiar o sol quando interrompe a chuva. Os cearenses são antes de tudo uns fortes; ao mesmo tempo deliciosamente bons e perversamente maus. Lá é terra de pistoleiro e de santo; de revolucionário e de coronel caudilho; de guerreiro e de preguiçoso.
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Sou cearense. E por mais que tenha tentado, não consegui apagar o meu amor por esse chão que me acolheu no mundo. Lá nasci, casei e tive filhos. No Ceará despertei para o mundo e infelizmente, sepultei o restim de esperança que nutria pela humanidade. O Ceará foi o meu ninho e é o meu túmulo; maior alegria e pior desgraça.
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Contudo, apesar de tudo, continuo enamorado do meu berço. Não consigo desvencilhar-me de ti, loira desposada do sol.
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Soli Deo Gloria.
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Foto da praia: site visitfortaleza.com
Foto Ricardo Gondim: site koynonia.multiply.com
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RICARDO GONDIM- Nasceu em Fortaleza (CE) em 1954 e passou a maior parte de sua infância em Londrina (PR). Formou-se em Administração de Empresas e cursou Teologia no Gênesis Training Center, nos EUA. Residiu em São Paulo onde implantou uma filial da Igreja Assembléia de Deus Betesda na cidade. É formado em Administração de Empresas. Evangelista, conferencista e escritor, é autor de diversos livros, entre eles "É Proibido", obra indicada ao prêmio Jabuti, de literatura brasileira. Recebeu em 2006 o título de Cidadão Paulistano dado pela Câmara Municipal de São Paulo. É maratonista e torcedor do Corínthians.