Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

26.11.11

A VELHA QUE VIROU SERPENTE.

Por
Gonçalo Felipe
(Com assessoria do ipueirense Francisco Costa)
.
O meu avô me contava
Que ouviu muito do seu pai
A história de uma família
Que em Ipueiras habitava.
No tempo da escravidão
Que com muita judiação
Aos seus escravos tratava.
.
Não vou aqui dar os nomes
Dos atuais descendentes
São pessoas de renome
Formadas, inteligentes!
Mas, se forem analizando
Tudo que estou falando
Chegarão aos seus parentes.
.
Num lugar chamado Grossos
Existia um casarão
Que ainda hoje tem vestígios
Do tempo da escravidão
A matriarca perversa
De toda forma diversa
Fazia judiação.
.
A velha era muito ruim
E no cachimbo fumava
pegar brasa com a mão
As crianças ela obrigava
Sem a menor compaixão
Ria com satisfação
Das lágrimas que ali rolava.
.
As crianças se queimando
e ela com perversidade
Mandava amarrar num tronco
Que na sua frente estava
Aquele tronco tinha um nome
Daí veio um sobre - nome
Que para sempre ficava
.
Quando a velha morreu
Botaram-na numa rede
Ela na rede estufava
Encostada na parede
E os escravos querendo
levantá-la e não podendo
Viram-na ficando verde.
.
E nem num carro de boi
Foi possível carregá-la
Decidiram que ali mesmo
Era que iam enterrá-la
E no sítio Cruz das Almas
Em um casarão sem calmas
Resolveram abandoná-la.
.
Se passaram muitos dias
Até que descobriram
Que duas tochas de fogo
Onde eram os olhos surgiram
E uma serpente enorme
Até hoje lá ainda dorme.
Os moradores fugiram.
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Antes deles fugirem
Com umas barras de ferro
Fecharam todas as saídas
Escutando horrendo berro
Ela dizia somente
Que ia comer um parente
Dizer o nome eu não quero.
.
Acredite se quiser
Muitos juram ser verdade
Que a primeira matriarca
De família, hoje conceituada.
Porém no século passado
De tanto mal praticado
Foi o seu nome adotado.
Figura:singrandohorizontes.wordpress.com/2009/10/20/folclore-brasileiro-boitata/
Gonçalo Felipe é o poeta de Nova Russas que colabora com o blog "Suaveolens" mediante seus poemas bem atualizados e sensíveis sobre nossa civilização, nossas vidas e nossos sentimentos.

18.11.11

Feliz Aniversário José Arimatéa Catunda

Por Bérgson Frota

O tempo passa rápido, e para determinadas pessoas, é ele um palco de coragem e exemplo, por serem estas especiais.

José Arimatéa Catunda, uma figura singular na sociedade ipueirense é um desses exemplos.

Hoje completando 76 anos, com uma alegria, vivacidade e força inimagináveis.

Antes um atleta de oportunidades a sem saber contar, depois porém, aos 17 anos (1956), um acidente mudou totalmente sua vida prendendo-o para sempre numa cadeira de rodas.

Sua vida daí em diante vai lapidando o herói, que se algum dia queixou-se nunca se ouviu. A vida aos poucos foi fazendo com pressa de um adolescente um homem capaz de com a força levantar a família, e como ironia provar ser o que é hoje, o mais forte da família, não só pelo estóico modo com que desde então passou a viver como pela postura do não conformar-se, mas de sublimar com garra um sofrimento, mostrando a todos pelo exemplo que, a vida seja ela como a recebemos, merece ser vivida com alegria, com esperança e fé.

Um tio que para mim exemplou de perto e continua a exemplar a postura de um grande ser humano.

Para a maioria da cidade, Ipueiras, que o conheceu e conhece como “Dedé”, carinhoso apelido de camaradagem a um de seus mais queridos membros, é pois este dia, um grande dia, devotado a um ímpar ser humano que a vida tornou herói.

Finalizo este texto parabenizo-lhe neste 19 de novembro com os ricos versos de uma canção há muito ouvida :

“Sonhar mais um sonho impossível

Lutar quando é fácil perder

Vencer o inimigo invisível

Negar quando a regra é ceder”


Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.