Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

29.5.10

SECAS COMO NEVES PERENES

Por
Marcondes Rosa

O POVO 28 Mai 2010 - 02h03min

Noite. No Centro Cultural do BNB, lá estou, convidado por Salmito Filho, presidente da Câmara de Vereadores de Fortaleza, para lançamento da edição comemorativa dos 50 anos do livro "Formação Econômica do Brasil", de Celso Furtado.
No auditório, rostos a relembrar-me os anos 80, quando para aqui trouxemos Celso, para nos falar das perspectivas que tínhamos para a região nordestina.
No hall do edifício, em noite de autógrafos, recebo de Rosa Furtado, organizadora do livro, em suas 568 páginas, amáveis palavras: "Para o caro Marcondes Rosa, companheiro de tantas lutas de Celso, com o abraço de Rosa d-Aguiar Freire Furtado".
Tudo ali me fez voltar, pró-reitor de extensão da UFC, Violeta Arraes dando-me conta de Celso então retornando ao País. Telefone à mão, convido-o para que, nos Encontros Culturais, nos falasse das perspectivas que tínhamos para o Nordeste. No aeroporto, encontro, acompanhando a plêiade dos então "jovens empresários do CIC" (Centro Industrial do Ceará), o governador Gonzaga Mota, à espera de conferencista não vindo. Celso pactuamos que por lá passaria, atraindo muitos para a UFC.
Na palestra, Celso advoga o crescimento econômico a se metamorfosear em desenvolvimento: o projeto social dando prioridade à efetiva melhoria das condições de vida da população."As secas, parte da realidade nordestina, como as neves são parte do mundo dos esquimós."
Lamenta o declínio da Sudene, cujo superintendente, a seu tempo, participava da política econômica e financeira do País, membro de pleno direito do Conselho Monetário Nacional.
Em suas palavras, "deixaremos de ser vistos com complacência ou como reserva de caça para aventureiros políticos". E "recuperaremos o papel que já nos coube na condução dos destinos nacionais".

Regiões a compor nossa foedus (aliança)!
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Foto site: 2.fae.edu/galeria/getImage/1/31114119852924048.jpg
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Marcondes Rosa de Sousa, advogado, é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (UECe). É uma das maiores autoridades em educação do Brasil. Ex-presidente do Conselho de Educação do Ceará e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, é Colunista do jornal " O Povo ", onde mantém seus artigos quinzenais.
marcondesrosa@gmail.com

26.5.10

O SANTO MÊS DE MAIO

Por
Dalinha Catunda

Passei parte do mês de maio no interior do Ceará. Vi com alegria que maio continua sendo um mês santo e dedicado a Virgem Maria apesar das mudanças.

Em meus tempos de criança, trajada de anjo, participei das coroações de nossa senhora. Segui as longas procissões que levavam a santa no andor pelas ruas da cidade. Encantava-me com os animados leilões que angariavam fundos para a igreja. E pelo menos uma boneca de pano eu levava para casa após ser arrematada nos leilões.

O ritual das novenas, as badaladas do sino chamando os fiéis, os cânticos sagrados entoados por homens e mulheres, o véu na cabeça das mulheres, homens sem chapéu em respeito ao divino e a cidade repleta de pessoas vindas do interior a juntar-se com o povo da cidade. Tudo isso se modificou ao longo dos anos, mas a chama continua viva.

Hoje além das novenas na igreja matriz cada comunidade faz também suas novenas. A Santa é conduzida pelos grupos católicos, as humildes casas que são singelamente enfeitadas com flores e toalhas brancas e num altar improvisado é rezado o terço na presença da imagem da Virgem Santíssima. Assim, de casa em casa a santa segue em sua peregrinação alimentando este ato religioso.

O Arco de Nossa Senhora, em Ipueiras, continua sendo um dos lugares onde durante todo o mês de maio reza-se o terço ao ar livre às seis horas da tarde.
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Foto do acervo da autora.
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

21.5.10

AS ELEIÇÕES DESTE ANO

Por
Gonçalo Felipe

Nas eleições deste ano
Escolhamos bons candidatos
Vamos mudar isso meu povo
Não vamos votar em "ratos"
Que além de comer o queijo
Lambuzam os nosso pratos
- 2 -
Com os candidatos ruins
Ninguém nem mais se espanta
Saindo um, entra outro
Com felicidade tanta
É um 'rato" fechando a boca
E outro abrindo a garganta.
- 3 -
Por isso acho que adianta
analizarmos a eleição
Chegada é a hora eleitor
Vamos prestar atenção
Somos a Sociedade
Com faca e queijo na mão.
- 4 -
Sei que vão fazer comícios
Vão contratar uns artistas
Uns carregando bandeiras
Com carreatas nas pistas
Garanto que até outubro
As pobrezas vão ser vistas.
- 5 -
Vamos todos observar
Uma pessoa correta
Pois tem candidatos bons
Animando a nossa festa
Pois já estamos cansados
De votar em quem não presta
- 6 -
Queremos sorrir contentes
De outubro para frente
Estão vindo de S. Paulo
José Serra e sua gente
Também temos em Brasília
Dona Dilma, competente.
- 7 -
Aqui no meu sertão quente
O matuto está animado
todos aqui estão querendo
Nosso sertão melhorado
Pois nosso caboco é um
Sofredor predestinado
- 8 -
As famílias nordestinas
Vão aonde a fé alcança
Participam dos comícios
Dando vivas, entram na dança
Porém votando errado
Vai ser morta uma esperança.
- 9 -
Aqui os roceiros comem
"O pão que o Diabo amassou"
Bravamente resistindo
Em sua fé se agarrou
E as marcas de sofrimento
Em cada rosto ficou.
-10 -

Finalizando eu afirmo
De modo certo e veloz
E o que eu tenho a dizer
Ao alcance da minha voz
É que daqui até outubro
Ricos correm atrás de nos.

Fim
25 / 04 / 2010
*

FOTO:pt.wikipedia.org\wiki\Urna_eletr%C3%B4nica

Gonçalo Felipe é o prestigiado poeta de Nova Russas que nos brinda com poesias sobre nós, sobre Ipueiras, sobre nosso pé de serra, enfim sobre a vida de todos nós.

9.5.10

UMA FLOR DE MÃE

Por
Dalinha Catunda


Flor de encanto e ternura,
Coragem da mãe de Jesus
Pelo bem de cada filho
Suporta o peso da cruz.

Flor que se torna fera,
Para defender sua cria,
Às vezes desesperada,
Invoca a Virgem Maria.

Flor de palavras sábias,
Que minha vida conduz,
Do teu ventre abençoado
Vim ao mundo ver a luz.

Flor da qual eu sou fruto,
E um dia me viu crescer,
Só após ter os meus filhos
Eu passei a lhe entender.

Agradeço a minha flor,
A sua eterna dedicação.
Meu coração está repleto
De carinho e gratidão.


Figura: site: ufsm.br\nitrico\site\flor.jpg

Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

MÃE, MINHA HEROINA

Por
Bérgson Frota

Hoje, vendo-te numa foto que o tempo congelou, vi que estavas placidamente sorridente e bela, como sempre te achei.
Que coisa boa é a fotografia.
Podemos rememorar o dia e o semblante de quem amamos sem nos preocuparmos com os anos. Até mesmo adivinhar os sonhos que aquele rosto no momento secretamente ocultava.
Não, não gosto dos que muito apreciam relembrar ou fitar seus pais em fotos cuja a luz e alegria parecem tê-los abandonados e não um sorriso, mas uma tristeza ali se estampa.
A velhice é santa e nobre, mas nem todos a idolatram.
Na foto, minha mãe. Ente tão querido, hoje viúva, reflete para nós, os filhos, uma força e alegria que nunca imaginávamos ter.
Em todas as áreas, talvez expressando a força concedida por Deus ao feminino, ela demonstra para conosco uma fortaleza que a faz uma heroína.
O dia é dela e de todas as mães, das nossas santas mulheres, cujo o amor geraram e criaram seus frutos.
O mundo sempre teve amores, alegrias e dores. A mãe, em sua figura milenar, sempre uniu estas três qualidades e certamente as consubstanciou no chamado “amor materno”.
Saúdo neste dia a todas as mães : casadas, solteiras, viúvas, jovens e maduras, pobres e ricas. Como se houvesse num sentido mais profundo a condição indefinida de “mãe pobre”.
Ser mãe é guardar consigo um grande tesouro.
Benditas e solicitas, desde àquelas que com esforço criam e sustentam os filhos, àquelas cujos filhos já grandes e deficientes chamam-nas na urgência, como se chamassem a um ser de descrição humana tão grande, cujos limites do amor não têm fronteiras.
Saúdo a todas as mães, repito, e em especial a Ruth Frota, mãe querida, fonte de grande amor, estima, coragem e exemplo.
Que neste dia, o dia em que festejamos as mães, todas possam ser lembradas e tocadas no seu íntimo, como presenças terrenas do Deus que se fez mais próximo para expressar na terra, o mais puro e elevado amor às suas criaturas.
A todas as mães um feliz e abençoado dia.


Publicado no O Povo em 08.05.2010


Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

1.5.10

O AMANHECER NO SERTÃO (No inverno)

Por
Gonçalo Felipe

-1-
Quando o dia vem raiando
A luz do Sol rubra e turva
Deixa o sertanejo olhando
Imagens depois da curva
E no terreiro passando
um carreiro de saúva
- 2 -
Raios de sol invadindo
O interior da choupana
Um boi se espanta mugindo
Com abelha Italiana
E o vento faz piruetas
Nos galhos da Gitirana
- 3 -
A aurora se levanta
trazendo um lindo clarão
Se escuta um sabiá,
Um canário e um cancão.
Cada um abrindo o bico
Cantam a primeira canção.
- 4 -
O Céu em transformação
Forma torre matinal
O dia amanhece lindo
Transparente igual cristal
E a vaca lambe o bezerro
Na porteira do curral.
- 5 -
Uma aranha tece a rede
Formando a sua defesa
Sobe e desce nos fios
Construindo sua"empresa"
Captura a mosca viva
A devora depois de presa.
- 6 -
Com café quente na mesa
Tem o pão de milho e brôa
Desce o galo do poleiro
Com a galinha patrôa
Dando peitadas nas frangas
Chega o peneiro vôa.
- 7 -
Se usa como um espelho
A água clara da fonte
Torres de núvens aparecem
Por detrás de um grande monte
Resplandecendo as imagens
Muito além, no Horizonte
- 8 -
Não existe quem descreva
Em toda a sua perfeição
Ao se observar as núvens
Fazendo uma imitação
De centenas de castelos
Que Deus faz com sua mão.
- 9 -
Ainda bem cedo o Sol
Com seus raios multicores
Banha as abelhas que estão
Sugando o nectar das flores
No terreiro um adjunto
Formam os trabalhadores.
- 10 -
Voando de flor em flor
As abelhas matam a sede
Um idoso se espreguiça
Se esticando na rede
Um menino sonolento
Faz um xixi na parede.

Fim

Em 26 / 04/ 2010
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Ilustração: foto do acervo da poetisa Dalinha Catunda exibida no blog cantinhodadalinha.blogspot.com/ na crônica A Volta do Sertão, em 28 de julho de 2009.


Gonçalo Felipe é o prestigiado poeta de Nova Russas que nos brinda com poesias sobre nós, sobre Ipueiras, sobre nosso pé de serra, enfim sobre a vida de todos nós.