Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

26.6.11

TERRORISMO ZERO: PADRE HENRIQUE E O GUARDA SEBASTIÃO

Por
Jean Kleber Mattos


Em 25 de julho de 1966, o Marechal Costa e Silva, então candidato à Presidência da República, era esperado por cerca de 300 pessoas que lotavam o Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife. Às 08:30h, poucos minutos antes da previsão de chegada do Marechal, o serviço de som anunciou que, em virtude de pane no avião, ele estava deslocando-se por via terrestre de João Pessoa até Recife e iria, diretamente, para o prédio da SUDENE.

‘O guarda-civil Sebastião Tomaz de Aquino, o "Paraíba", outrora popular jogador de futebol do Santa Cruz, percebeu uma maleta escura abandonada junto à livraria "SODILER", localizada no saguão. Julgando que alguém a havia esquecido, pegou-a para entregá-la no balcão do DAC. Ocorreu aí uma forte explosão.

O som ampliado pelo recinto, a fumaça, os estragos produzidos e os gemidos dos feridos provocaram o pânico e a correria do público. Passados os primeiros momentos de pavor, o ato terrorista mostrou um trágico saldo de 17 vítimas.

Dessas, morreram o jornalista e secretário do governo de Pernambuco Edson Regis de Carvalho, casado e pai de cinco filhos, com um rombo no abdômen, e o vice-almirante reformado Nelson Gomes Fernandes, com o crânio esfacelado, deixando viúva e dois filhos menores.

O guarda-civil "Paraíba" feriu-se no rosto e nas pernas, o que resultou, alguns meses mais tarde, na amputação de sua perna direita (ref.: site ternuma.com.br/guara.htm).

Tempos difíceis. Eu era membro da JUC (Juventude Universitária Católica) na época e fazia parte da comunidade dos “permanentes”, estudantes que moravam numa residência do Arcebispado. Pertencíamos às equipes regionais das “juventudes”.

Ao saber da notícia da bomba ficamos apreensivos. Sabíamos que nas horas seguintes alguns líderes estudantis seriam presos para interrogatório.

Voz corrente na época, os atentados terroristas eram atribuídos a grupos trotskistas, mas a investigação era ampla e envolvia militantes de Ação Popular. Lembro-me da prisão da Ruth e do Luciano, meus amigos, felizmente soltos logo após por absoluta falta de provas de seu envolvimento.

Os grupos de juventude da igreja tinham assistentes padres. Um deles, que volta e meia reunia-se conosco era o padre Henrique. Um padre jovem, negro e bem humorado, Henrique irradiava santidade. O havíamos apelidado de “patrão”. Isso porque costumava dizer em tom de brincadeira, que D. Helder Câmara era seu patrão. Portanto, devia estrita obediência ao prelado. Outra tirada jocosa dele, principalmente quando nuvens negras pairavam sobre nós, era: “Amigos, vou para casa de mãe. Não tem nada melhor que a casa de mãe.”

Na equipe laica estávamos: eu, Tito, Waldir, Luiz e Denis. Tínhamos uma verdadeira amizade pelo “patrão”. Quase idolatria.

Em 1968, a debandada. Alguns se formaram naquele ano na universidade (meu caso), outros como Tito (que seria no futuro o famoso frei Tito) optaram pela carreira religiosa. Denis seguiu para Sorbonne com uma bolsa de Estudos. Luiz voltou para o Rio Grande do Norte e Waldir permaneceu em Recife, ainda nas águas da Ação Popular.

Já em Brasília em 1969, trabalhando na Secretaria de Agricultura, num sábado eu estava na cadeira de uma barbearia fazendo um corte. Nas mãos, uma revista MANCHETE. De repente o susto. Estampada em página inteira, a fotografia do “patrão”. Seqüestrado e morto, possivelmente pelo CCC (Comando de Caça aos Comunistas) embora a autoria permaneça nebulosa até hoje.

A reportagem continha detalhes. O padre Henrique havia sido seqüestrado na noite de 26 de maio de 1969, no bairro de Parnamirim, depois de participar de uma reunião com um grupo de jovens católicos. De acordo com uma testemunha, ele acabava de sair do local do encontro, quando foi abordado por três homens armados que o levaram em um veículo de marca Rural, de cor verde e branca. Às 10 horas do dia seguinte, o corpo seria encontrado num matagal da Cidade Universitária do Recife. Padre Henrique era então Coordenador da Pastoral da Arquidiocese de Olinda e Recife, professor e especialista em problemas da juventude. Fora torturado até a morte, mutilado e castrado. Comentava-se na época que o objetivo da operação seria intimidar D. Helder, considerado um opositor importante do regime militar.

A notícia foi dada nas missas, pois a imprensa estava censurada. Sua mãe, nos meses seguintes, clamou por uma investigação limpa e foi ameaçada até quando fazia compras na feira. Um indivíduo dela aproximou-se sorrateiro e disse, num sussurro, para ela calar, pois também seria morta.

Perdemos o “patrão”, nosso grande amigo, nosso ídolo, numa ação de seqüestro seguido de assassinato.

Talvez lendo essas mal traçadas linhas, alguns amigos meus entendam minha atitude atual de condenação veemente ao terrorismo, não importa sob qual bandeira seja praticado...
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Pesquisa nos sites: direitos.org.br/index.php e ternuma .com. br/ guara. htm
Para mais detalhes acessar no Google, com as palavras conjuntamente: padre henrique recife morto ou ainda aeroporto guararapes bomba.
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Nota do blog: este artigo foi anteriormente publicado no blog "Ipueiras" sob o título "Saudades do "Patrão", em 03/07/2008 http://www.grupos.com.br/blog/ipueiras/permalink/24100.html

22.6.11

MEU VESTIDO DE SÃO JOÃO


Por
Dalinha Catunda
*
Foi Mexendo em meus guardados
E fazendo arrumação
Que encontrei embrulhado
Meu vestido de São João
Um vestidinho singelo.
Mas eu considero belo
E logo voltei ao sertão.
*
Eu sinto tanta saudade,
Das velhas festas juninas
Onde eu era bem feliz
Junto com outras meninas
Ensaiando nossas danças
Organizando as festanças
Tipicamente nordestinas.
*
Vestia-me de matuta,
Com meu vestido de chita
Nos cabelos duas tranças
Nas tranças laço de fita.
De palha era meu chapéu
E eu me sentia no céu,
Não conhecia desdita.
*
O fogo unia famílias
Fogueira era tradição
O casamento matuto
Não faltava no são João
E o bom forró que rolava
Quando a gente rebolava
Era do rei do Baião.
*
Hoje tudo esta mudado
Veio a modernização,
Acabando com os costumes
Do nosso agreste sertão.
Acabando com a folia,
E com a nossa alegria
Enterrando a tradição.


Maria de Lourdes Aragão Catunda, nascida em Ipueiras-Ceará, é conhecida nos meios literários como Dalinha Catunda, é poetisa, cordelista e cronista, sendo membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Também tem blog próprio - cantinhodadalinha.blogspot.com.

11.6.11

CRÔNICA DE UM GRANDE AMOR

Por
Bérgson Frota
.
Não sei se hoje tu te lembras mais.
Não há certeza que inspire-me uma resposta certa.
Mas amei-te e de forma inquieta, guardei para mim tua lembrança, num sentimento puro no fundo do peito.
O tempo passou e nos afastou, por quais motivos tendo a ignorar. Sem justificativas sem respostas, mas eu, cá confesso, nunca te deixei de amar.
E quando lembro do teu rosto, do teu terno olhar, de tuas doces palavras a me acarinhar, já não esqueço com uma dor sem volta, da alegria que me fazias sentir.
Hoje na crônica que a ti dedico, me vejo proibido a dizer teu nome. Mas o que o nome significa, se a verdade do sentimento te decodifica, e faz de ti que lê o que escrevo, a sabedora do texto que a ti dedico.
Quero preservar-te, pois sei que não mais podes de mim ouvir o que te escrevo mas espero, e fico na sensação que hás de entender-me.
A noite fria de lua cheia, e nós a aquecermo-nos mutuamente, deixou nas juras daquela madrugada distante, todas as promessas que não realizamos.
Mas a vida traça caminhos diferentes meu eterno grande e primeiro amor.
Amar é também saber renunciar, e foi o que fiz quando nos desencontramos. Perdí, e perdí te amando.
Nesta crônica em que te digo ainda que te amo, descrevo o amor de quem se sente amado, pois não morre um verdadeiro sentimento que para si sempre é desejado.
Amo, não sei se ainda lembras ou ama-me, mas saibas, fostes e ainda é, embora em segredo, embora sem poder dizer teu nome, o meu eterno e sempre grande amor.

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Crédito da imagem : flordotempo8.blogspot.com

Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

7.6.11

O PÓDIO DE VANESSA

Por
Gonçalo Felipe


Momento vivido e lindo
Na premiação de Vanessa
Peço a Deus que aconteça
Em ano posterior vindo
Que ela esteja subindo
E bem no centro ficando
Para os seus pais acenando
E os demais a aplaudindo.

No Congresso de Nematologia
De "posters" houve um concurso
Com prêmios e com discurso
Que a metodologia manda.
O Jean, contente comanda
Os parabéns para a filha
Dizendo: "Que maravilha!!!!
Sente aqui na minha banda"

E a D. Heloísa, também:
Muito alegre e satisfeita
Com a filha se deleita
Falando com alguém assim:
"Ela é orgulho pra mim
E peço a Deus que ELE faça
Lembrança que nunca passa
De toda essa alegria, sim!"

A Vanessa, também ficou
Tomada pela emoção
Quando a voz da comissão
O seu nome anunciou
O seu coração ficou
Em compasso acelerado
Para atender o chamado
Sorrindo se encaminhou.

Que ela sempre mereça
A um prêmio concorrido
E o Jean, pai comovido
Ao Senhor, sempre agradeça
E que ninguém desconheça
Que pra trás ficou mais de onze
Com uma medalha de bronze
Foi O PÓDIO DE VANESSA

Gonçalo Felipe
Junho de 2011
Ilustração: site rescaldoseries.files.wordpress.com/2011/02/podio-de-ouro1.jpg

Gonçalo Felipe é o poeta de Nova Russas que colabora com o blog "Suaveolens" mediante seus poemas bem atualizados e sensíveis sobre nossa civilização, nossas vidas e nossos sentimentos.