Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

22.9.09

O DIA SEGUINTE

Por
Luiz Alpiano Viana

As flores, no dia seguinte, são frutos...
As rosas serão, para sempre, o símbolo da pureza;
A oração é meio de comunicação.
Entre quem, então? Todos sabem...

Nas matas, cantam os pássaros belas sinfonias!
No fim das águas secam-se os córregos;
Pétalas de rosas caem quando o vento açoita
E morrem as mudas quando a chuva escassa.

O jardineiro varre as folhas que caem,
Não deixa uma solta, sequer.
E novamente o vento as espalha,
Xingando quem limpou o chalé.

Vez há que o sol chega ressacado,
E, aos poucos, da bruta farra se refaz.
Abre o olho, ainda meio sonolento,
inundando de luzes e cores, campos e pomares.

Chama o sapo sua companheira,
Para, durante a noite, não morrer de saudade.
Ela, como fêmea vaidosa se apressa,
E retoca cuidadosa a maquillage.

O sol se vai a busca de outro dia,
E, de volta, traz a noite para o deleite dos casais.
As garças se acomodam nos galhos secos das velhas oiticicas
que sem pincel pintam a noite de branco, e, o sol, o entardecer de doirado.

Com ternura os casais se aconchegam,
E sem medo, se tocam, se olham e se beijam.
A coruja caça uma caça apressada,
Pois seu filho não tardará a acordar.

O ronco do vento amedronta!
Até os cabritos em alvoroço se juntam.
E, no meio da noite, um bebezinho chora,
E a mãe como santa, dá-lhe o conforto da mama,
E desse modo o consola.

A luz da cidade é fosca
E aumenta a insegurança que reina como quer.
As ruas estão quase vazias,
Mas ficam intransitáveis assim mesmo desertas.

Os pratos nunca mais foram usados;
A ferrugem deu roupa nova aos talhares.
Infeliz época vive o miserável,
Que o próximo não vê e o deixa sem fé.

O café não tem doce, é amargo!
As pernas tremem, não podem andar;
É assim que nosso veleiro navega:
Excluído, não sabe aonde chegar.

Promete o pastor que Cristo tem hora!
Quem nele acredita, tem mais esperança;
Quem dele descorda, não verá da Aurora a chegada.


Luiz Alpiano Viana, é um ipueirense apaixonado por sua terra natal. As suas memórias e saudades de Ipueiras estão sempre presentes em suas crônicas, a exemplo de “Saudade” e “O astuto cirurgião”, narrativas que trazem de volta velhas e boas recordações. Tendo morado na cidade de Crateús/CE e em Brasília/DF, atualmente reside em Forteleza/CE e é funcionário aposentado do Banco do Brasil.

13.9.09

UM HERÓI CEARENSE

Por
Bérgson Frota

Nascido em Fortaleza a 24 de novembro de 1941, João Nogueira Jucá foi um jovem que como muitos de sua época e idade tiveram seus sonhos, queria ser Oficial da Marinha, e para isso preparava-se, cursando na época o Científico no Colégio São João e freqüentando com dedicação uma academia de ginástica, fato que lhe dava um físico forte combinado à altura que tinha.

Mas para ele reservava o destino outro caminho, que deixaria para sempre seu nome na nossa história, o nobre sacrifício de sua vida em prol de outras tantas.
Na tarde de 04 de agosto de 1959, precisamente às 14h:20m, uma grande explosão se deu na Maternidade Dr. César Cals.

A seguir, começou com estrondos um grande incêndio e também a enorme correria da população local em busca de afastar-se o mais rápido possível do lugar, pois as labaredas em poucos segundos já iam altas.

Um jovem de porte atlético, que junto a outros amigos passava próximo, ao contrário dos que com medo, afastavam-se ante os gritos lancinantes por socorro que se ouvia de dentro da maternidade, lançou-se sem pensar junto a vários outros abnegados para dentro do hospital que já ardia.

De lá saíam trazendo recém-nascidos nos braços e parturientes feridas.

Outras grandes explosões eram ouvidas e a maternidade transformava-se agora numa dantesca sala de grandes labaredas.

O tempo em minutos parecia uma eternidade diante do poder destrutivo do fogo que alimentado por estoques de balões de oxigênio só fazia aumentar.

Dos que laboravam naquele socorro, não se poderia omitir a coragem daquele jovem que vinha e voltava rápido, trazendo crianças e mulheres, o corpo já queimado parecia não ser empecilho para a coragem e o heroísmo daquela grande alma.

Gritavam alguns para que parasse, pois no corpo já se via fogo. Suas vestes carcomidas deixavam a carne viva transparecer, e a quem assistia na tamanha confusão mais comovido ficava diante daquele ato nobre e corajoso.

O número de vidas que salvou este jovem herói nunca foi ao certo calculada, entre recém-nascidos e parturientes estima-se 25 pessoas, da tragédia que resultou em quatro mortes e inúmeros feridos.

Na última tentativa de mais uma investida para dentro das labaredas, foi fortemente detido e caiu desfalecido. O corpo deformado, as queimaduras de terceiro grau lhe tomavam 80% de todo o corpo, mas pareciam não deter sua ânsia de salvar quantos fossem. As forças porém já não mais respondiam a sua férrea vontade.

Em 11 de agosto de 1959, na Assistência Municipal, depois de muita agonia e sofrimento, intercalando lucidez e delírio, sem nunca ter se arrependido do que fez, veio a falecer aos 17 anos este grande cearense.

O exemplo de João Nogueira Jucá, moço de personalidade altiva e grande amor ao próximo ficou-nos, e são como marcos eternos na terra, e marcas indeléveis nas almas de quem os praticou, presenciou ou escutou tais feitos, não deixando de transparecer com isso a tênue, mas conflitante divisão perene entre o divino e humano latente e por vezes exposto nos grandes atos de altruísmo raros mas presente pela natureza humana praticados.
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(Foto do busto de João Nogueira Jucá, situado na Praça da Lagoinha (Capistrano de Abreu) – Arquivo do autor)
Publicado no O POVO (Fortaleza-CE) em 12.09.2009.
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Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.
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NOTA DO BLOG: Oportuníssimo e elogiável o presente artigo do escritor, contista e cronista Bérgson Frota. O estudante João Nogueira Jucá foi meu colega no Colégio São João no ano de sua morte, em 1959. Egresso do então Ginásio 7 de Setembro eu recém ingressara naquele colégio. Lembro-me de João Nogueira. Discreto, atlético, sereno. O DECRETO Nº 27.142, DE 18 DE JULHO DE 2003 DOE nº 136, 21 de julho de 2003 que dispõe sobre condecorações e medalhas do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará, assinado pelo então governador Lúcio Gonçalo de Alcântara, por Carlos Mauro Benevides Filho e Francisco Wilson Vieira do Nascimento, cria, entre outras, a Medalha de Bravura Herói João Nogueira Jucá. No decreto há uma justificativa: "Considerando a necessidade de reconhecer o relevante trabalho daqueles que têm contribuído de forma significativa para o desenvolvimento do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará..."
A foto ao lado, de João Nogueira Jucá, pertence ao acervo da Câmara Municipal de Fortaleza.

Jean Kleber

7.9.09

PELA ORDEM E PELA PÁTRIA

Por
Dalinha Catunda
.
Como podes está contente,
Deveras, “ó mãe gentil”,
Se o descaso dos políticos,
È visto, fora e dentro do Brasil.
Manchando o nome da nação,
Envergonhando a população,
E esquecendo o amor servil.

Ó minha pátria querida,
Prometo-te de coração
Que hei de defender-te.
E será na próxima eleição.
Na hora de dar meu voto
Da nação serei eu devoto
E não de qualquer facção.

A pátria merece respeito,
Do analfabeto ao letrado.
Porém, hoje, o país padece,
Com os escândalos do senado
Por isso “Vossas excelências”
Governem com mais decência
Pois estamos envergonhados.

Pela ordem! Hoje quem pede,
São os filhos desta nação,
Que deputados e senadores,
Acabem com a corrupção,
E que o senhor presidente
Não seja esse ser ausente,
Se é que tem o poder nas mãos.

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Foto: site picarelli.com.br
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

1.9.09

O ANIVERSÁRIO DE COSTA MATOS


NOTA DO BLOG:
Amanhã, 2 de setembro de 2009, fazem 82 anos que o poeta Costa Matos nasceu em Ipueiras, no Ceará. O blog Suaveolens presta-lhe reverência mediante versos que a poetisa Dalinha Catunda fez em sua homenagem quando ele ainda estava entre nós. Eis o recado de Dalinha para mim:
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Olá Jean,

Estou lhe enviando um poema que há tempos fiz para o poeta Costa Matos.
Ele tomou conhecimento do poema pois mandei para ele ao ser feito.
Recebi de Costa Matos dois livros e duas dedicatórias que guardo como relíquia. Uma delas diz o seguinte:
"Para Dalinha,uma ipueirense que é suprema representante do espírito de minha terra.Um abraço cordial do Costa Matos.Fort. 09-07-2008"
As palavras de Costa Matos não só me envaidecem como aumentam minha responsabilidade como representante de minha terra.
Dia 02 de setembro, se vivo estivesse ele faria 82 anos. Esta é minha homenagem ao nosso poeta que se foi, mas deixou seu nome muito bem escrito na história.
Um abraço,
Dalinha
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NO REINO DE UM POETA

Dalinha Catunda

Lendo, atenta, seus versos,
Confesso, me imaginei,
Vivendo num mundo encantado
Onde o poeta era rei.

Senti-me então, concebendo,
Uma nova ilusão.
Viajando em seus versos,
Embalei meu coração.

No embalo e na magia,
Senti a penetração
De versos que fogem aos olhos
E se apossam do coração.

A trajetória de um poeta,
Ao um mundo melhor nos conduz.
Inspirada em seus versos,
A este poema dei luz
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Não podiam faltar aqui os versos do próprio poeta em seu estilo inconfundível.
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PRESSÁGIOS

Costa Matos¹

Como foi bela e sábia a vida que tivemos!
Lições em tudo… em tudo… em tudo… até nas brigas
havia água e semente e terra e sol e espigas,
pra nossa fome de entender tudo o que vemos

neste mundo de Deus. As coisas mais antigas
vividas por nós dois mostravam que os extremos
são somas, em nós dois, dos anseios supremos
de socorrer quem tomba ao peso das fadigas.

Era nosso o destino altíssimo de ver,
era nossa a ambição do topo das montanhas,
sabíamos o dia antes de alvorecer…

A tanta luz chegaste, a tanta fé subi,
chegamos a ser bons e a perfeições tamanhas,
que ainda estou a pensar que nunca te perdi…
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¹José Costa Matos
* Ipueiras, CE. – 2 de Setembro 1927 d.C
+ Fortaleza, CE. – 2 de Março de 2009 d.C
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Foto: site pedacosdemim.wordpress.com (céu estrelado)