A CHEGADA DAS ANDORINHAS EM IPUEIRAS
Bérgson Frota
Nenhum espetáculo na natureza se comparava ao tempo em que, para mim, quando criança, por estação certa, chegavam às andorinhas.
Neste período em Ipueiras, tínhamos uma semana singular, com inúmeras andorinhas aparecendo no céu, marcando um tempo já esperado, somando-se a outros bandos mais numerosos que rápido chegavam atrás, fazendo sombra nas primeiras horas da manhã.
Deslocavam-se, como numa caravana aérea, em grupos compactos, sombreando ruas e avenidas, algumas já pousando sobre arco, e a maioria ziguezagueando em torno da igreja matriz.
No céu fazendo seus sons, caçando insetos em rápidas manobras, muitas caindo, dado aos vôos baixos que davam, e sendo facilmente capturadas com as mãos.
As torres altas atraíam aqueles pássaros migratórios, que preferiam fazer seus ninhos em construções a copas de carnaúbas e algarobas que naquela época se espalhavam pela cidade.
Outras desciam sobre a areia fofa e começavam a “banhar-se”, sacudindo-se como se a areia fina fosse água.
Quando cansadas de tantas revoadas e tentativas de escape sobre a cidade, elas que atraíam a atenção da população, iam pousar nas altas paredes da igreja e era justamente na torre onde o maior número se concentrava.
A noite caía e o silêncio reinava. Na escuridão que aos poucos a iluminação pública ia preenchendo, era como se lá presente elas não estivessem.
Para nós, ainda meninos, as andorinhas traziam um mistério. Apareciam em grande número num só tempo, faziam ninhos em prédios altos, e depois partiam, deixando atrás o grande questionamento da rota por elas seguida.
Era o começo dos muitos enigmas que íamos observando com atenção na natureza. Cheia de leis por nós desconhecidas, mas rica de singular significado, imutáveis e instigantes, ainda permanentes e hoje ainda mais atuantes.
Foto : site uol.com.br/debate/1193/cidade/cidade19a.htm
Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.
6 Comentários:
Bérgson,
Um bando de andorinhas sempre me faz lembrar nossa Ipueiras rota dessa ave em certos tempos. E no fundo o nordestino é feito andorinha que sempre termina voltando a sua terra quando o tempo ideal é chegado. parabéns pelo tema.
Dalinha Catunda
Professor mais um lindo trabalho sobre Ipueiras, aproveito para agradecer o livro de seu tio que você me enviou em primeira mão, infelizmente não moro em Fortaleza mais torço por ele e parabéns pelo seu trabalho de revisão. O texto das andorinhas está lindo.
Bérgson parabéns por mais uma crônica bem elaborada de nossa Ipueiras que breve completará aniversário, recebi o livro do seu tio, agradeço o envio do presente. Abraços.
Bérgson, um bando de andorinhas me faz lembrar a igreja de Ipueiras, sempre visitada por essas aves. Parabéns por este excelente trabalho sobre um tema cheio de beleza e nostalgia. Valeu.
Gostei do trabalho sobre as aves na cidade, Ipueiras é de fato muito bucólica e tem muitas árvores para abrigar diversas espécies de aves. Parabéns pela narrativa encantadora.
Oi escritor, meu escritor favorito. Bérgson é a Lurdinha, você sabe que brinco. Amei seu trabalho meu querido, amanhã é o aniversário de Ipueiras, não esqueça. Beijos e parabéns pelo trabalho.
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