Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

26.1.11

CHUVANTIGA


Raymundo Netto
Especial para O POVO

Seria uma crônica sobre a chuva? Mais uma, dentre tantas, não fosse o fato de que, ao entranhar a lembrança no pensamento, senti chover-me no peito a chuvantiga. A quedar-me assim, comecei:
Numa das ruas do Monte Castelo, seguia um barquinho de papel a correr-lhe pelas águas frias das coxias. Sem pressa, sem pressa, chuá, chuá, imaginava: todas as aventuras do mundo cabiam naquele barco a desmanchar-se lentamente enquanto vaguejante por sobre um céu baço que parecia, na meninice, ser tão grande.
Nas calçadas, buscando bicas, outros meninos e meninas saltavam felizes a tiritar, braços cruzados ao peito, inda livre, crentes na simplicidade de uma vida a viver ainda distante e muita.
À praça redonda, as peladas nas areias corriam entre pernas ligeiras. Os menores piscinavam no antigo chafariz coberto em mosaicos vermelhos que nem vi crescer, assim como aquelas crianças.
Em volta, pretos guarda-chuvas cumprimentavam-se com bons-dias domingosos; o peixeiro a cantar para as freguesas aos portões; encimando os muros baixos, verdes em limbos, as buganvílias, afirmando um vai-e-vem, dançavam; os cães a ladrar o estranhamento; as águas cortinavam, de cores, arco-íris na varanda; as empregadas corriam a desroupar o varal: “Chega, menina!”; o cheirinho de terra molhada entupia as narinas quando os respingos frios — vinham das venezianas do quarto — jaziam no travesseiro; o tactac repenicado no telhado acompanhava o grito do vizinho no alto do muro do quintal; o quintal avermelhecido em acerolas.
Era manhã e na sala inda escura o café esperava — passado no pano —, com leite, o pão francês quentinho e a manteiga de lata.
O pai, a mãe, os irmãos: nunca a mesa fora tão pequena.
Chovi com a chuva a tarde que ribombava.
“Mundo, mundo, vasto mundo”... Ah, se eu não me chamasse Raymundo, como vento gemeria, não em prosa, mas em poesia, todo o vivido retrato que, só no escuro deste quarto, a rasgar os céus azula-me o clarão, pela janela distraída do nublado coração.

Coluna quinzenal do Vida & Arte de O POVO: Raymundo Netto. Contato: raymundo.netto@uol.com.br blogue AlmanaCultura: http://raymundo-netto.blogspot.com/

23.1.11

ANIVERSÁRIO DO PROFESSOR MARCONDES ROSA

AMIGOS, HOJE, 23 DE JANEIRO, É O ANIVERSÁRIO DE NOSSO AMIGO E CONTERRÂNEO PROFESSOR MARCONDES ROSA DE SOUSA.
MARCONDES FOI MEU CONTEMPORÂNEO DE ESCOLA PRIMÁRIA EM IPUEIRAS DO CEARÁ, QUANDO ESTUDAMOS NA ESCOLA DE MEU PAI SEBASTIÃO MATTOS SOBRINHO. MARCONDES TEM UMA HISTÓRIA DE VIDA INCRÍVEL, NO QUE FAZ PAR COM OUTROS QUE VIVERAM EM IPUEIRAS NAQUELA ÉPOCA (ANOS 40/50) E QUE ALÇARAM VÔO RUMO AO APRIMORAMENTO CULTURAL E SOCIAL, COMO FROTA NETO, POR EXEMPLO.
ANTES, NOSSOS MESTRES COSTA MATOS, GERARDO MELLO MOURÃO, KIDENIRO TEIXEIRA, DARIO CATUNDA E MAIS ALGUNS EXPOENTES, TODOS TENDO PASSADO POR IPUEIRAS, NOS INDICARAM O RUMO.
MARCONDES FOI SEMINARISTA NO RIO, ADVOGADO, PRO-REITOR DA UFC, E CONTINUA SENDO UM AGITADOR CULTURAL E POLÍTICO ALÉM DE EXÍMIO CRONISTA E ESCRITOR.
MINHA FAMÍLIA, QUE, COMO QUASE TODA FAMÍLIA NORDESTINA É GRANDE, INCLUINDO O AVÔ "SEU" MATTOS, A PRIMA PROFESSORA SALETE E OS SOBRINHOS E NETOS EMANUEL, IVAN, VANESSA , INCLUINDO A MIM E MINHA ESPOSA HELOISA, TEMOS GRANDE ADMIRAÇÃO PELO PROFESSOR MARCONDES E SEMPRE EXALTAMOS O BRILHANTISMO DE SUA TRAJETÓRIA, MARCADA PELO APRIMORAMENTO CULTURAL E POR UMA ESPECIAL HABILIDADE NO EXERCÍCIO DA DEMOCRACIA.
TODOS OS ANOS VIAJO A FORTALEZA DE FÉRIAS E NA CASA DA ILVIS PONCIANO EM FORTALEZA COMEMORAMOS O ANIVERSÁRIO DO MARCONDES.
ESSE ANO TIVE DE ATRASAR A VIAGEM EM VIRTUDE DO DELICADO ESTADO DE SAÚDE DE MINHA SOGRA.
CHEGAREI CONTUDO DAQUI A ALGUNS DIAS PARA ABRAÇAR MEU AMIGO.
PARABÉNS, MESTRE!!!
VOTOS DE MUITOS ANOS DE VIDA PARA CONTINUARMOS NESSA CONVIVÊNCIA ESTIMULANTE E AGRADÁVEL!!!
ABRAÇOS DOS "MATOS" DE BRASÍLIA!
JEAN, HELOÍSA, VANESSA E IVAN

22.1.11

BILHETE DO ILUSTRE IPUEIRENSE WALMIR ROSA

Amigo Kleber (e demais amigos de Ipueiras),

Quem bebeu a água do Jatobá, principalmente daquela parte que fica logo abaixo da confluência deste com o Riacho Pai Mané (*), que capta as águas das falésias da Ibiapaba, nunca esquece sua terra.

Numa comparação licenciosa, o Cearense é o judeu brasileiro. Tanto um quanto o outro viajam para além-mar, à procura de paz, felicidade e fortuna, mas nunca esquecem sua terra, nem suas tradições. Têm sempre no coração o desejo de voltar e a saudade de uma comidinha feita no fogão de lenha, que exala aquele cheiro inconfundível para quem passa na frente de uma casa alencarina.

Assim como o judeu come a "Comida Kasher", comida típica cujo modo de preparo é supervisionado por um rabino, nós, cearenses, também temos a nossa tradicional comida cearense.

Pode-se, por exemplo, falar em paçoca sem ter passado por um pilão? Sem cebola vermelha? sem farinha caroçuda? Claro que não! Tudo o mais é imitação.

Pé-de-moleque nas Ipueiras tinha que ser enrolado nas folhas frescas da bananeira, assado em forno de fazer farinha e era chamado de Manzape. Lembra?

Pouca gente sabe o que é um beiju. Quase um pão árabe, duro, plano, que é moldado com farinha e goma ou fécula (nome triste de feio) de mandioca. Guardado no caixão de farinha, dura meses. Para comer, deve-se deixar a educação de lado e atolar no café, no leite ou no café com leite.

Como dizia João de Barro (Braguinha): "A Saudade é dor pungente, morena; a saudade mata a gente, morena".

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(*) Olha só como nossa cidade é importante. O Nosso Jatobá, confronte à Cidade, tem um afluente ( o Pai Mané) desaguando nele, rugindo e engrossando suas águas. A propósito, gostaria de saber porque o nome Pai Mané. Será que alguém sabe?
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Abri o gmail para lhe remeter uma Apresentação (PPS) com imagens belas e interessantes de Fortaleza, para o seu deleite, dos cearenses e dos que gostam de nossa terra, mas quando começei a escrever deu-me saudade da terra, das coisas de lá, dos amigos, e acabei saindo da rota. Mas aos amigos nada é proibido, tudo é permitido (olha lá a influência do Caetano).

Toda vez que "falo" de Ipueiras, me vem sempre a saudade do nosso País; é assim que eu a chamo!

Um grande e conterrâneo abraço do

Walmir Rosa


21 DE JANEIRO DE 2011

Foto panorâmica de Ipueiras: obtida a partir do site da prefeitura da Cidade.

Walmir Rosa de Sousa, é ipueirense e procurador de justiça no Estado do Ceará além de grande cronista da cidade de Ipueiras. Este é um currículum provisório, devendo ser complementado oportunamente para uma adequada apresentação.

9.1.11

THEREZINHA PAVIANI RECEBE TÍTULO DE PROFESSORA EMÉRITA

Creditos da foto: Alexandra Martins UnB/Agência

Por
Francisco Brasileiro
- Da Secretaria de Comunicação da UnB

Fundadora do Departamento de Botânica recebe honraria da Universidade de Brasília

Pioneira da botânica na Universidade de Brasília, a professora Therezinha Paviani inspirou gerações de estudantes e professores em direção ao amor à ciência. Mais do que isso, ela esteve entre os idealizadores e fundadores do Departamento de Botânica da UnB e da pós-graduação na área. Em reconhecimento a essa trajetória, Therezinha, 80 anos, recebeu o título de professora emérita nesta sexta-feira, 7 de janeiro. A cerimônia foi realizada em sua residência no Lago Sul com a presença do reitor da Universidade de Brasília, José Geraldo de Sousa Júnior, colegas de profissão e familiares.

O professor de geografia da UnB e marido de Therezinha, Aldo Paviani, destacou o mérito da entrega do título. “Nossa dedicação era exclusiva à universidade. Empenhamos muitos fins de semana e feriados à pesquisa e preparação de aulas”. A atual diretora do Instituto de Biologia, Sônia Bao, relembrou a atuação de Therezinha. “Encontrávamos ela todos os dias no laboratório de biologia vegetal. É incontestável a outorga desse título pela importância dela na formação dos professores que atualmente fazem parte do Instituto de Biologia”, afirma.
Creditos da foto: Alexandra Martins UnB/Agência
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Professora Therezinha recebeu o título das mãos do reitor em sua residência

A aprovação da entrega do título pelo Conselho Universitário (Consuni) aconteceu em 2005. A cerimônia foi adiada por causa de problemas de saúde da professora, que é portadora da doença de Mal de Parkinson, diagnosticada há 18 anos. “Quando eu cheguei o laboratório de botânica era apenas um pequeno espaço na antiga biblioteca. Vi o departamento crescer em quantidade e qualidade. Hoje ele é composto por um valoroso quadro de pesquisadores”, disse Therezinha. “O título de professor emérito é direcionado ao docente que continua a elevar o nome da universidade mesmo depois da aposentadoria”, destacou o reitor José Geraldo de Sousa Júnior.

A professora Dalva Graciano, do departamento de botânica, ressaltou a importância do legado de Therezinha. “A inspiração para seguir a botânica veio quando fui aluna da professora. Até hoje lembro dela quando vou a campo. Ela conseguiu nos passar também a vontade de ensinar”, elogia. Sueli Gomes, também professora da botânica, destacou o pioneirismo das pesquisas desenvolvidas pela professora. “Quando ninguém pensava em estudar o cerrado, ela abraçou a pesquisa”.

PIONEIRA - Gaúcha de Santa Maria, a professora está na UnB desde 1969, quando foi requisitada para exercer o cargo de professor colaborador. É parte do quadro da universidade desde 1975. Ao longo da carreira, publicou 20 artigos científicos em revistas indexadas e 25 resumos em congressos. Esteve, ainda, durante mais de 20 anos a frente do laboratório de anatomia vegetal. Aposentou-se em 1994, mas levou adiante a pesquisa no departamento e a participação no colegiado da pós-graduação. “Nas memórias ela é sempre vista como pioneira. Isso mostra o quanto o perfil dela é digno desta honraria”, destacou o reitor José Geraldo.