Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

9.9.23

 

Estação Ferroviária de Ipueiras
Ilustração da artista Lidiane Ribeiro de Ipueiras

SAUDOSA IPUEIRAS

Por
Belchior Chaves (2019)
 
Minha cidade é pequena
Mas grande é a inspiração,
Para lembrar nesses versos
Da beleza do meu Sertão.
 
A minha cidade tem ares 
Onde só tem no meu interior,
Da minha janela eu via 
Um esbelto Cristo Redentor.
 
Saudade da minha terra
Da simplicidade do povo feliz,
Do forró que animava a Serra,
E da novena da igreja Matriz.
 
Aí que doce lembrança
Às vezes me pego a lembrar,
Da banda que animava às noites
E dos banhos no rio Jatobá.
 
As rezadeiras de orações antigas
Noites de fogueira de São João,
Um repentista violeiro cantando
Pernoites de história de assombração.
 
Na feira vendendo beiju e rapadura
Os conselhos do meu avô,
No rádio tocava o nosso Gonzagão,
E aquela voz de trovão do meu amigo locutor.
 
A escolinha em  que estudei
Os amigos da minha rua,
Jamais eu esquecerei
Lembranças da prateada lua.
 
Os versos de Dalinha Catunda
A arte do cordel eu sempre lia,
Gerardo Mello Mourão, Frota Neto
José Costa Matos, artistas 
E escritores do meu torrão repleto.
 
O Sol lindamente na serra se pondo
E o vento nos leques da carnaubeira,
Um galo campina cantando
Embelezando a cidade de Ipueiras.
 
Que o caminho do progresso passe 
Sem atropelar o passado,
Pois o presente vivido e futuro
Nas nossas mãos de lado a lado.

Francisco Belchior Chaves de Almeida, nasceu em  1994 em uma pequena cidade chamada Ipueiras, localizada  no  interior do Ceará. Atualmente  mora em São Paulo, trabalha em um restaurante, mas sempre quando sobra algum tempinho se  dedica à leitura e à escrita, na qual usa como uma terapia,  participou  de  alguns  saraus on-line em São Paulo e no Rio de Janeiro. Desde 2019 participa  do movimento artístico Café com Poesia em São Paulo, no qual tem vários poemas publicados em antologias desse mesmo sarau. Também participou  do sarau Um Brinde A poesia de Niterói em 2020 e também da coletânea  INFLEXÕES em 2021.  Também colaborou  um  poema publicado na revista Entre Versos de Minas Gerais em 2021. Publicou em 2022 seu primeiro livro de poemas Na Trilha da Alma Poética pela Filos Editora. Apesar da pandemia do novo vírus, ele faz da  arte e da leitura e escrita principalmente da poesia uma arma de superação contra vários problemas tão comuns em tempos de crises.


 
 


12.4.23

 


PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE OVNIS

Por

Jean Kleber

Meus colegas sabem que eu me interesso por plantas medicinais, vida extraterrestre e espiritismo. Tempos passados em uma reunião, um deles, em tom de brincadeira, disse que eu estava me transformando em um guru.

Levei aquilo na brincadeira. No meu pensamento contudo, uma luzinha amarela surgiu. Era preciso evitar que alguém mais levasse a sério aquela declaração e criasse alguma expectativa religiosa a meu respeito.

Passei a evitar minha exposição como pessoa ligada a algum credo e assuntos polêmicos, tais como os OVNIS. Somente para os familiares e amigos mais próximos mantive aqueles assuntos em conversações.

Religião não ocupa espaço. Ela é definida como fé. Confiança e fidelidade a uma doutrina que envolve a comunicação com entidades não tangíveis do ponto de vista material.

É perigoso corporificar a religião numa pessoa. Num guia. Um ser humano, por definição falível. Inesperadamente essa pessoa pode cometer uma falha moral que teria como consequência o desprestígio da religião adotada e a desistência dos seguidores em cultuar aquele corpo de doutrina e suas entidades.

Temos visto vários exemplos em datas recentes. Um médium aqui próximo de Brasília, mundialmente famoso, foi flagrado e preso por cometer crimes hediondos. Em décadas recentes vários gurus pelo mundo afora foram acusados de extorsão, assédio sexual, traição e até mesmo estupros.

Líderes espirituais são cobrados volta e meia pelo apoio de emprestam a partidos políticos. Em certas igrejas a acusação é de pedofilia.

O resultado é previsível. Seguidores divididos, abandono da igreja e perda da fé, permitindo-se assim sucessivas vitórias do materialismo e do ateísmo.

Na minha concepção, o mundo está passando por uma transição onde tudo está sendo questionado. De minha parte pretendo apegar-me aos princípios que herdei de minha família, os quais meus ancestrais chamavam de “princípios do bem”. Eles são óbvios, portanto desnecessário se torna enumerá-los. E sobretudo manter a fé, a confiança e a sintonia com as inteligências superiores, aparentemente intangíveis, que nos inspiram a trilhar o caminho do bem.

12.6.22

ALGUMAS REFLEXõES SOBRE AO AMOR (rsrsrs)


RECEBI DE UMA AMIGA NO WHATSAPP

DOMINGO Será dia dos NAMORADOS 

Amigos, vamos desfazer alguns mitos desse dia ?


Então...

O amor não ilumina o seu caminho.
*O nome disso é poste.*

O amor não é aquilo que supera barreiras.
*O nome disso é gol de falta.*

O amor não traça o seu destino.
*O nome disso é GPS.*

O amor não te dá forças para superar os obstáculos.
*O nome disso é tração nas quatro rodas.*

O amor não mostra o que realmente existe dentro de você.
*O nome disso é endoscopia.*(rolei de rir! )🤣

O amor não atrai os opostos.
*O nome disso é imã.*

O amor não é aquilo que te deixa sem fôlego.
*O nome disso é asma.* Kkkkkk🤣

O amor não é aquilo que te faz perder o foco.
*O nome disso é miopia.*🤓

O amor não é aquilo que te deixa maluco, te fazendo provar várias posições na cama.
*Isso é insônia.* (PQP!)

O amor não faz os feios ficarem pessoas maravilhosas. 
*O nome disso é dinheiro.*

O amor não é o que o homem faz na cama e leva a mulher à loucura.
*O nome disso é esquecer a toalha molhada.* (Pára tudo! Kkkkkk)

O amor não faz a gente enlouquecer, não faz a gente dizer coisas pra depois se arrepender.
*O nome disso é vodka.*🙃

O amor não faz você passar horas conversando no telefone.
*O nome disso é promoção da Tim, Oi, Vivo ou Claro*

O amor não te dá água na boca.
*O nome disso é bebedouro.*

Amor não é aquilo que, quando chega, você reza para que nunca tenha fim.
*Isso é férias.*

O amor não é aquilo que entra na sua vida e muda tudo de lugar.
*O nome disso é empregada nova.*

O amor não é aquilo que gruda em você mas quando vai embora arranca lágrimas.
*O nome disso é cera quente.*😱

30.4.22

 

SÃO LONGUINHO, O SANTO DOS OBJETOS PERDIDOS

 

Fonte > Youtube

Longuinho, na verdade chamava-se Longinus, que significa Lança. Teria sido ele o soldado romano a lancetar Cristo crucificado no lado direito, de onde jorrou sangue e água (Jo 19,34), que respingando sobre seus olhos o curou de uma moléstia. Mais tarde convertido ao cristianismo, teria sido martirizado por não renegar a sua fé. 
São Longuinho foi canonizado pelo Papa Silvestre II, quase mil anos depois, no ano de 999. O santo é invocado pelos fiéis para encontrar objetos perdidos.

A oração popular é esta: "São Longuinho, São Longuinho Se puderes me achar este objeto darei  três corridas três pulos e três gritos"  

A oração oficial católica é esta: "Ó glorioso São Longuinho, a vós suplicamos, cheios de confiança em vossa intercessão. Sentimo-nos atraídos a vós por uma especial devoção, sabemos que nossas súplicas serão ouvidas por Deus nosso Pai, se vós tão amado por Ele, nos fizer representar. Lembrai-vos São Longuinho, prodigiosamente tocado pela graça de Jesus agonizante, em sua última hora, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que recorrem a vossa proteção, fosse por vós desamparado. Assim, dignai-vos interpor em meu favor, vossa valiosa intercessão perante Deus, para que me conceda viver e morrer como verdadeiro cristão, e me auxilie a encontrar o objeto que tanto necessito. Amém. Dizer o nome do objeto que procura e rezar um Pai Nosso e uma ave Maria".  

22.11.21

 


EXTRATERRESTRES EM BRASÍLIA

Por

Jean Kleber A. Mattos


Era 1979, um fim de semana. Eu estava passando em meu carro pela via paralela ao Centro de Convenções de Brasília quando vi o cartaz de um congresso: “Congresso Internacional de Ufologia de Brasília”. Falei para uma amiga que estava no banco do carona:

- Não vou perder esse !

De fato, praticamente passamos aquele fim de semana no Centro de Convenções.

O evento era coordenado pelo general Alfredo Moacir de Mendonça Uchoa, conhecido ufólogo brasileiro.

O congresso contemplava diversas abordagens extra-sensoriais, desde palestras sobre o hiperespaço e contatos extraterrestres em Abadiânia de Goiás, proferidas pelo general Uchoa, até aulas no curso sobre a energia da Pirâmides, proferidas pelo professor Eraldo Muller.

Grupos de jovens ufólogos brasileiros apresentavam em painéis, resultados de suas tentativas de avistamentos e contatos extraterrestres nos mais diversos rincões do país.

O cardápio era variado. Havia desfiles da “Moda do Futuro”, liderados por estilistas locais e até uma sessão de cinema com um filme independente intitulado “Contatos Imediatos de Quarto Grau”. Esta sessão de cinema causou revolta em alguns estudiosas que haviam adentrado a sala, no momento em que descobriram que tratava-se de um filme erótico.

Um malabarista baiano, artista contratado pela comissão organizadora, lotou um auditório com um fantástico show de ioga. Desde contorcionismo avançado até demonstrações de rigidez muscular, passando por uma aula sobre técnicas de respiração.

Cursos diversos eram ministrados durante o evento com destaque para um de astrologia, proferido pelo professor Geraldo Seabra, astrólogo muito conhecido em Brasília.

A apoteose do congresso foi a palestra foi de Dr. J.J. Hurtak, linguista, cientista social e futurista. O palestrante, PhD pela Universidade da Califórnia e pela Universidade de Minnesota era especialista em cosmologia e espiritualidade. Ele começou a falar às 21 horas do sábado. Por volta de duas da manhã, cinco horas depois, a palestra encerrou-se. O auditório permanecia cheio. Ninguém arredava o pé.

Soube que no dia seguinte alguns palestrantes queixaram-se ao General Uchoa do excessivo tempo gasto pelo professor Hurtak, ao que o coordenador respondeu:

-Entendam meus amigos...professor Hurtak já deve estar na categoria de divindade. Dessa forma ele não tem a nossa noção do tempo....

O final dos anos 1970s foram especialmente mágicos para mim. Conheci a egiptóloga Iara Kern, que pesquisou as similaridades físicas, mentais e até mesmo espirituais entre o ex-presidente Juscelino Kubitschek e o faraó Aquenáton (séc. XIV a.C.). Iara é autora do livro “De Aknaton a JK” que investiga semelhanças também entre o Plano Piloto de Brasília e a capital do Antigo Egito, Aquetaton, cidade igualmente construída para funcionar como a capital no reinado que se estendeu de 1352-1338 a.C. 

A Brasília dos anos 1970/1980 era rica na oferta de cursos e eventos diversos relacionados aos estudos sobre a mente humana, bem como sobre realidades intangíveis. Ocorriam geralmente nos fins de semana. Lembro-me bem de ter feito cursos sobre o poder da mente, proferidos pelo professor Sidney de Moraes e Maria Lídia Gomes de Mattos. Também curso de autoajuda proferido pelo conferencista Padre Lauro Trevisan. Surgiu também o famoso curso Silva Mind Control ao qual não compareci em razão de ser demasiado dispendioso para o meu padrão financeiro da época.

Não devemos esquecer do Vale do Amanhecer, que faz parte do roteiro de contatos com o que é definido corriqueiramente como intangível. O Vale do Amanhecer é uma religião espiritualista cristã, fundada em 1959 pela médium clarividente Tia Neiva, com sede na cidade de Planaltina, no Distrito Federal. “Segundo os seguidores do Vale do Amanhecer, seres extraterrestres pousaram na Terra há 32 mil anos para desenvolver as civilizações humanas. Esses seres depois voltaram à Terra mediante sucessivas encarnações passando por várias culturas e épocas.

Meticulosamente projetado, o Vale do Amanhecer reflete as intrincadas doutrinas e crenças abrangidas por sua religião – tirada de uma diversidade de religiões e civilizações, incluindo Cristianismo, Hinduísmo, Judaísmo, religião Inca e o Antigo Egito (National Geographic-Brasil>14 de setembro de 2018).

Visitei várias vezes o Vale do Amanhecer. Algumas delas levando amigos que procuravam tratamentos esotéricos. Em outras, eu era o paciente.

***

15.11.21

 


É TUDO NOVO !

Por: Jean Kleber Abreu Mattos

Na academia, mal iniciara a aula, o professor viu assomar à porta, um aluno trajando uma descontraída bermuda.

-Isso não é traje para se assistir aula na academia. Não quero ver perna de homem aqui. Vá se vestir adequadamente e volte.

Gosador, o aluno retirou-se por uns instantes e voltou com as pernas envoltas em jornal.

Não me lembro bem do desfecho mas, por meu conhecimento com os dois, acredito que foi bom, pois, mesmo sendo conservador, aquele mestre era bem humorado.

O mestre se destacava por sua curiosidade científica. Estava sempre procurando manter-se atualizado com as ultimas conquistas da ciência, sobre as quais comentava com entusiasmo.

Moralista, frequentemente entrava em choque com pessoas que, ao seu critério, haviam “saído da linha”. Isso o fazia com destemor e com uma autoconfiança que dava gosto ver.

Bom de química, também interessava-se por medicina popular e fitoterapia. Garimpava na internet notícias sobre as prodigiosas propriedades das plantas medicinais, as quais comentava comigo, eu igualmente interessado na matéria.

Aficionado do cálculo estatístico, auxiliava-me frequentemente nesta matéria, na qual tenho meus pecados...

Bem humorado como sempre, compartilhava no WhatsApp piadas, toadas, sátiras e figuras maliciosas.

Enfim, o colega perfeito!

Quando de seu inesperado falecimento, um casal amigo comum relatou-nos que estava à mesa do café em casa quando recebeu a triste notícia.

Passado o instante do choque, fez-se um silêncio sintomático. Ato contínuo, o marido entrou em pranto, o que não era do seu feitio. Falou então para a esposa.

- Ele está aqui !...

- Estou sabendo -falou ela - e ele acabou de me dizer: “É tudo novo!”

17.10.21

 CANTANDO O OFÍCIO A NOSSA SENHORA DA IMACULADA CONCEIÇÃO


Foto: Igreja do Cristo Rei em Fortaleza-Ceará

 


Por Jean Kleber A. Mattos


Em Fortaleza, no Ceará, na tarde de um sábado qualquer em 1960, numa sala da Casa-de-Retiros da Igreja do Cristo Rei regida pelos padres jesuítas, um grupo de jovens cantava o Oficio à Imaculada Conceição. Eles eram os Congregados Marianos Jovens. Um grupo de adolescentes devotos de Nossa Senhora. Havia os Congregados Marianos Adultos que reuniam-se à noite. A versão feminina dos Congregados Marianos chamava-se Congregação das Filhas-de-Maria, reunindo as moças frequentadoras da igreja com horário e sede próprios.

O complexo jesuíta de Fortaleza localizado no bairro da Aldeota era formidável. Compreendia a Igreja de Cristo Rei, a Casa-de-Retiros, o Lar Mariano e o Colégio Santo Inácio de Loyola. O Lar Mariano contava com salas diversas para canto coral, um anfiteatro e duas quadras esportivas. Enfim, tudo a serviço da formação católica dos jovens adolescentes marianos. Havia ainda um outro colégio também de nome Santo Inácio, na Serra de Baturité, no interior do Estado.

Eu participava intensamente de todas as atividades, especialmente do canto coral. O conjunto chamava-se Coral Pacelli, em homenagem a Pio XII. Cantávamos na missa das 17 horas.

Apesar da elegante seleção de peças do Coral Pacelli, o que ecoa com mais firmeza em minha mente até hoje é a musica simples e repetitiva do Oficio a Nossa Senhora.

O Ofício da Imaculada Conceição é uma oração composta para ser cantada ou recitada (de uma só vez ou seguindo uma liturgia chamada “Liturgia das Horas”. Destina-se a proteger a santidade da Imaculada Conceição. Este Ofício foi escrito originalmente em latim no século XV pelo monge  franciscano Bernardino de Bustis. Seguem-se os seus versos:

VERSOS DO OFÍCIO A IMACULADA CONCEIÇÃO

Agora, lábios meus,
dizei e anunciai
os grandes louvores
da Virgem Mãe de Deus.

Sede em meu favor,
Virgem soberana,
livrai-me do inimigo
com o vosso valor.

Glória seja ao Pai,
ao Filho e ao Amor também,
que é um só Deus em Pessoas três,
agora e sempre, e sem fim. Amém.

Deus vos salve, Virgem,
Senhora do mundo,
Rainha dos céus
e das virgens, Virgem.

Estrela da manhã,
Deus vos salve, cheia
de graça divina,
formosa e louçã.

Dai pressa Senhora
em favor do mundo,
pois vos reconhece
como defensora.

Deus vos nomeou
desde a eternidade
para a Mãe do Verbo,
com o qual criou:

Terra, mar e céus,
e vos escolheu,
quando Adão pecou,
por esposa de Deus.

Deus a escolheu,
e já muito antes
em seu tabernáculo
morada Lhe deu.

Ouvi, Mãe de Deus,
minha oração.
Toquem Vosso peito
os clamores meus.

Deus vos salve, mesa
para Deus ornada,
coluna sagrada,
de grande firmeza.

Casa dedicada
a Deus sempiterno,
sempre preservada
virgem do pecado.

Antes que nascida,
fostes, Virgem santa,
no ventre ditoso
de Ana concebida.

Sois Mãe criadora
dos mortais viventes.
Sois dos Santos porta,
dos Anjos Senhora

Sois forte esquadrão
contra o inimigo,
Estrela de Jacó,
Refúgio do cristão.

A Virgem criou
Deus no Espírito Santo,
e todas as suas obras,
com elas as ornou.

Deus Vos salve, trono
do grão Salomão,
Arca do Concerto,
Velo de Gedeão.

Íris do céu clara,
Sarça da visão,
Favo de Sansão,
Florescente vara,

A qual escolheu
para ser Mãe sua,
e de Vós nasceu
o Filho de Deus.


Assim Vos livrou
da culpa original,
de nenhum pecado
há em Vós sinal.

Vós que habitais
lá nas alturas,
tendes Vosso Trono,
entre as nuvens puras.

Deus Vos salve, Virgem,
da Trindade templo,
alegria dos anjos,
da pureza exemplo,

Que alegrais os tristes,
com vossa clemência,
Horto de deleite,
Palma de paciência.

Sois Terra bendita
e sacerdotal.
Sois da castidade
símbolo real.

Cidade do Altíssimo,
Porta oriental,
sois a mesma Graça,
Virgem singular.

Qual lírio cheiroso,
entre espinhas duras,
tal sois Vós, Senhora,
entre as criaturas.

Deus vos salve cidade,
de torres guarnecida,
de Davi com armas
bem fortalecida.

De suma caridade
sempre abrasada,
do dragão a força
foi por Vós prostrada.

Ó mulher tão forte!
Ó invicta Judite!
Que vós alentastes
o Sumo Davi.

Do Egito o curador,
de Raquel nasceu,
Do mundo o Salvador
Maria no-Lo deu.

Toda é formosa
minha companheira,
nela não há mácula
da culpa primeira.

Deus vos salve relógio
que andando atrasado,
serviu de sinal
ao Verbo Encarnado.

Para que o homem suba
às sumas alturas,
desce Deus dos céus
para as criaturas.

Com os raios claros
do Sol da Justiça,
resplandece a Virgem,
dando ao sol cobiça.

Sois lírio formoso
que cheiro respira,
entre os espinhos.
Da serpente, a ira

Vós a quebrantais
com o vosso poder.
Os cegos errados
Vós alumiais.

Fizestes nascer
Sol tão fecundo,
e como com nuvens
cobristes o mundo.

Rogai a Deus Vós,
Virgem nos converta,
que a sua ira
aparte de nós.


Deus Vos salve, Virgem 
Mãe Imaculada,
Rainha de clemência,
de estrelas coroada.

Vós sobre os Anjos
sois purificada.
De Deus à mão direita,
estais de ouro ornada.

Por Vós Mãe da Graça,
mereçamos ver
a Deus nas alturas,
com todo prazer.

Pois sois Esperança
dos pobres errantes
e seguro Porto
dos navegantes.

Estrela do mar
e saúde certa,
e Porta que estais
para o céu aberta.

É óleo derramado,
Virgem Vosso nome,
e os servos Vossos
vos hão sempre amado.