Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

10.10.08

VIAGEM DE BICICLETA

Por
Bérgson Frota

Naquele ano, ainda na década de 70, o inverno estava rigoroso, e a lembrança do grande inverno de 1974 não deixava de nos assustar.
No ano citado, por pouco o rio Jatobá não levou parte da ponte que ligava Ipueiras ao Ipu.
Dos dois lados, enquanto a chuva caía, caminhões traziam pedras e mais pedras reforçando as duas asas opostas daquela pioneira construção, que por fim resistiu.
O tempo passou, vieram invernos fracos, outros amenos então o inverno tornou a ser forte novamente.
Havia dias de chuva e dias nublados, e foi num destes que sabendo que a Bica do Ipu estava a toda largura, assim dizíamos, que resolvi secretamente num domingo, com a minha pequena, porém resistente bicicleta caloi, ir ao Ipu, munido de minha mais recente aquisição uma máquina Kodak, de segunda mão.
A viagem ida e volta demorou mais de três horas, já em estrada asfaltada, parava e descansava, isso se repetindo. Por fim cheguei até a bica, ao balneário e me preparei para tirar as fotos.
O grande volume d’água que caia, fazia surgir com os raios do sol vários arco-íris, coisa que não sabia até aquela data ser possível.
Depois para minha tristeza, descobri que as fotografias por mim tiradas, não haviam registrado o tal fenômeno. Talvez porque o filme preto-e-branco não fosse capaz, mas o importante foi o que vi, a beleza indescritível naquela tarde ensolada no Ipu.
A cachoeira descia rápido, e era muito bonito ver o vento abrir as águas que desciam do riacho Ipuçaba, formando o véu de noiva e caindo estrondosamente de uma altura de 130 metros lá da Serra da Ibiapaba.
O tempo corria e já se aproximava das quatro horas, tirei o que me restava de fotos e pedi a uma turista que me fotografasse na bicicleta tendo ao fundo a bica, depois arrisquei uma descida sem freios pelo sinuoso caminho em direção a cidade.Cruzei-a, vi o belo monumento à Iracema, na época idêntico ao que há na praia em Fortaleza, numa bela praça lá.
Daí subi em direção à Ipueiras.
Cheguei cansado, mas gratificado, tinha visto a bica cair cheia, coisa inédita para mim, também me mostrei capaz, pois só de ida pedalei 25 km.
Hoje quem escuta esta estória duvida, mas quem pensa que a lógica tem presença constante na mente de uma criança, erra muito mais.Tal aventura não repetiria jamais, mesmo que por teste.
Quando volto à Ipueiras, vejo antes no caminho ao chegar, passarem por mim várias motos, algumas em direção ao Ipu e lembro rindo, dizendo pra mim mesmo --- De moto é fácil, tente uma bicicleta.
Quanto a minha Caloi, minha primeira bicicleta e a única a provar a veracidade de minha estória, foi dada a um outro garoto, que espero ter dela feito tão bom uso quanto fiz.


Foto : (http://www.avspe.eti.br/)


Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

7 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

Mais uma bela crônica de Bérgson Frota, desta vez sobre um tema romântico por excelência que é a bicicleta. E viajar de bicicleta em Ipueiras e no Ipú, melhor ainda. Muito bom mesmo!

10.10.08  
Blogger Dalinha Catunda disse...

A Bica do Ipu com sua beleza natural, atrai desde sempre a vizinhança para usufruir de banhos, ou apenas para apreciar a bela obra da natureza. Belo relato de Bérgson sobre a cachoeira, que alguns ipuenses chamam: Chuveiro de Iracema.
Dalinha Catunda

10.10.08  
Anonymous Anônimo disse...

Que viagem fantástica, ainda melhor narrada por alguém que a sabe contar com inteligência. Parabéns PROFESSOR.

10.10.08  
Anonymous Anônimo disse...

Lindo Bérgson, a bica está cada vez mais bela, que pena que o romantismo das viagens de bicicleta chegaram ao fim. Parabéns.

11.10.08  
Anonymous Anônimo disse...

A aventura dava para fazer um bom cordel. Parabéns.

13.10.08  
Anonymous Anônimo disse...

Uma boa tacada, narra sua viagen e destacar sua caloi. Também tive uma, eram nossos carros. Bons tempos aqueles.

16.10.08  
Anonymous Anônimo disse...

Taí uma história boa de se ler.

16.10.08  

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