Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

24.8.18

DONA MUNDITA, UMA SAUDADE.


ESTA CRÔNICA, DE JEAN KLEBER MATTOS,  FOI PUBLICADA ANTERIORMENTE NO BLOG "IPUEIRAS-GRUPOS" EM 05.11.2006, SOB COORDENAÇÃO DO PROFESSOR MARCONDES ROSA 


14:05 @ 05/11/2006

Exatamente dois anos passados, no dia 4 de novembro de 2004, faleceu em Fortaleza, com 82 anos, minha mãe, D. Mundita. Ela foi professora primária em Ipueiras, dos meados dos anos 40 ao início dos anos 50. Permitam-me hoje, em nossa “pracinha” virtual, prestar-lhe esta singela homenagem.

Dia 11 próximo, seu Neném Matos, meu pai, fará 94 anos. Naquele dia, vou pedir licença de novo para escrever algo sobre ele.

DONA MUNDITA, UMA SAUDADE.

Jean Kleber Mattos

(Na foto,  D. Mundita, ainda bem jovem, ao lado da mãe, D. Luizinha).

O nome de solteira era Raimunda Baima de Abreu. O apelido, adotado por ela mesma, foi Mundita. Deveria ser “Mundica”, de Raimunda, mas esta forma não foi adotada. Nasceu no Ceará, em Aquiraz, a oitenta e quatro anos passados, filha de Gesuíno Ancelmo de Abreu e Francisca Conceição Baima de Abreu. Órfã de mãe logo no início da primeira infância, foi adotada pela professora Luiza Mendes dos Santos, a D. Luizinha, que residia no município cearense de Redenção. Aos quinze anos de idade, conheceu, em Fortaleza, o ipueirense Sebastião Mattos Sobrinho, o Neném Matos, com quem se casou aos dezenove anos, em 1943, adotando a partir de então o nome Raimunda de Abreu Mattos.
A viagem de núpcias foi a Ipueiras. Três anos depois, transferiu-se com o marido para a mesma Ipueiras, levando o filho Kleber, este com apenas dois anos de idade. Junto, levou também a mãe, D. Luizinha e a criada, Maria José. Na cidade, lecionou no Grupo Escolar e no Educandário Nossa Senhora da Conceição, entidade particular da qual era sócia, juntamente com o marido e a mãe, que também lecionavam na escola. Ainda na minha primeira infância, eu a acompanhava sempre que ela ia receber o salário na Coletoria do Estado. Seu Juarez Catunda, o coletor, era quem fazia o pagamento.

Vários ipueirenses ilustres foram seus alunos no “curso primário”, tanto no Grupo como no Educandário. Tinha especial amizade por quatro ilustres professoras da cidade: D. Isa Catunda, D. Augusta, D. Estudilha e D. Diana. Musicista, compartilhou com D. Diana durante algum tempo, o “fazer a música” da igreja, com o Padre Correia. Deixou Ipueiras em janeiro de 1953, indo morar em Fortaleza e depois em Brasília.

Ainda em Ipueiras, acolheu como internos no Educandário, o Zaca, de “seu” Gustavo e o Assis, de “seu” José Fernandes. O primeiro ingressou depois na Marinha do Brasil e o segundo na Ordem dos Padres Paulinos. Em Fortaleza, acolheu em casa e instruiu, três sobrinhas: Gonçala Salete, ipueirense, hoje conceituada professora aposentada do Estado, Maria Amélia, hoje mãe de jurista famoso e Fátima Abreu, hoje prestigiada empresária. A sobrinha Gonçala Salete mora, nos dias atuais, com “seu” Neném Matos, a quem trata com desvelo.

A preocupação concreta com a justiça social marcava sua conduta. Lembro-me de um episódio, quando visitávamos uma importante indústria de Fortaleza e elogiávamos a beleza das instalações e o impecável uniforme das recepcionistas, ela, que já havia conversado discretamente com as moças, saiu-se com esta: “Vocês sabiam que essas moças ficam seis horas em pé, por dia? E o salário não é grande coisa...”

D. Mundita faleceu em Fortaleza em 4 de novembro de 2004, vitimada pelo Mal de Parkinson. Foi sepultada em Aquiraz, sua cidade-natal, no jazigo da família Abreu. Deixou emocionados dezenas de amigos e familiares a quem sempre acolheu, o marido, o filho, as duas netas, o neto e a bisneta, que, passados dois anos, seguem na vida aprendendo a conviver com a sua perda.

(Na foto,  D. Mundita, ainda bem jovem, ao lado da mãe, D. Luizinha).


Comentários

Por Solange às 16:01 @ 06/11/2006
Gostei de saber algo mais da vida de D. Mundita a quem tenho gratas recordações do meu tempo de colegial. Para mim ela sempre me passou uma imagem de, embora pequena em estatura, era uma mulher forte, determinada e sincera. Sua imagem também está associada ao esposo - companheiro também de ideal. Parabéns Kleber pelo resgate de tão importante memória.
Por Dalinha às 23:00 @ 06/11/2006
Jean Kleber, É bom saber sobre sua história, de seu carinho com a família, é gratificante saber que você é um bom fruto de árvores super especiais.
Por Darci Weihs às 19:34 @ 12/11/2006
Dona Mundita, minha vizinha, mãe do Kleber, esposa do professor Neném Matos e filha da Dona Luisinha.Minhas recordações dela são mais como vizinha: 'entra Kleber!!!' Não lembro dela no Educandário.Mas reviver tudo isso é algo indescritível.Kleber, lembro sim da sua mamãe, bjs, Darci ( do seu Camaral e vizinha sua)
Por FRANCISCO DE ASSIS MATOS às 09:43 @ 30/11/2006
KLEBER MATOS, ENTRE EM CONTATO CONOSCO QUANDO PUDER. SEUS PRIMOS FRANCISCO E SOCORRO MATOS. evandromatosadv@yahoo.com.br.  Saudações, Francisco



8.8.18

MEMÓRIAS CAPÍTULO 12: GRAVIDEZ SURPRESA MUSICADA



GRAVIDEZ SURPRESA MUSICADA
Por
Jean Kleber Mattos

Eu estava na rodoviária de Fortaleza numa noite de 1986, fazendo uma ligação interurbana para minha companheira Heloísa em Brasília. Ela ficara de confirmar a primeira gravidez da qual apenas tínhamos suspeitas. Ela atendeu à chamada e confirmou tudo. Os resultados dos testes não deixavam dúvidas. Ao meu lado estava a minha amiga Miriam Aguiar, aguardando ansiosa a resposta.

-Foi positivo ! – falei-.

-Yes ! disse ela - dando um tapa no ar, no melhor estilo Pelé.

Havíamos todos passado o carnaval em Salvador, em companhia de meus pais, em meio aos trios elétricos, na atmosfera de luz e cor do carnaval de rua.

Sucesso na época, o cantor Luiz Caldas, cantava uma música que dizia: “pega ela aí, pega ela aí...pra que? Pra passar batom...que cor?...violeta...”

O atraso na menstruação não era ainda suficiente para caracterizar a gravidez. As mulheres do grupo recorriam a conhecimentos ancestrais em busca de sinais positivos. Minha mãe estava convicta. Dizia ter observado uma pulsação extra no pescoço, o que, para ela era um sinal infalível.

Heloísa voltou à Brasília para assumir o emprego. Eu e meus pais seguimos para Fortaleza, pois eu ainda tinha uns dias de férias e precisava passar com eles.

Nada fora planejado, ou seja, o primeiro filho seria uma surpresa. Filhos amarram-nos pelo resto da vida. Sua chegada é sempre acompanhada de uma inegável ansiedade. Eles selam a união. São bem vindos sobretudo quando o casal está convicto e feliz com as escolhas.

E foi assim que se deu. O primogênito, viemos a saber mais tarde, era na verdade uma primogênita.

Deixei Fortaleza alguns dias depois de volta à Brasília, para encontrar Heloísa. Em conversa, ela me disse que, quando o médico confirmou-lhe a gravidez, viera-lhe à mente uma música da banda Blitz que versava assim: “mamãe estou...ligeiramente grávida...”

- Eu também pensei numa música – falei.

- Qual música?

- Não sou tão certinho como você...

- Qual música ?

- Um sucesso de Maria Alcina...

- Qual?

- “Seu delegado prenda o Tadeu...ele pegou minha irmã e...hã !!!”

***

1.8.18

SEMENTES - versos da poetisa potiguar Ângela Rodrigues Gurgel


Sementes

Por: Ângela Rodrigues Gurgel


No ventre da terra,
abrigada no leito 
da fria invernada,
a semente da vida
se antecipa ao homem,
 retorcido em si mesmo 
para caber no que ainda vai ser.
Corpo ansiando encontrar
aquilo que a semente desenha
nas águas que abrigam
a geometria sagrada
do espiral da vida
que ensaia o primeiro
de muitos infinitos...

***

Ângela M. Rodrigues de Oliveira P. Gurgel, poetisa, nasceu em Mossoró-RN, tendo vivido em outras cidades do Rio Grande do Norte (Almino Afonso, Caraúbas, Caicó e Natal) e do Pará (Tucuruí e Marabá). Atualmente mora em Mossoró-RN. Graduada em Ciências Sociais, e Filosofia na UERN (Universidade do Estado do RN) e Direito na UnP (Universidade Potiguar). Já exerceu o cargo de Secretária de Educação em Caráubas, onde também foi Diretora de uma escola de Ensino Médio.

***
Nota: A foto que ilustra o tema é do acervo do blog Suaveolens