ADEUS GRANDE SENHORA
Esta grande mulher dedicou sua vida a ensinar, e como ensinou a tantos grandes nomes que hoje fazem caminho longe da terra onde distante é velado seu corpo frágil e respeitoso.
O que dizer neste dia Tia Isa ?
Um obrigado seria pouco, mas é só o que podemos dizer, e talvez tudo, pois dentro de um obrigado podem caber muitas emoções, e todas a evolar o seu espírito mais alto em direção ao Criador.
Minha geração se deleitava em visitá-la e ouvir suas estórias, ricas e instrutivas, pois não tive o privilégio de ser seu aluno “oficial”, mas aprendi já quando suas aulas eram dadas no jeito simples, humilde e carinhoso de nos tratar, a mim e a outras crianças da Ipueiras nos anos setenta.
Nascestes na terra que ontem partistes, foi numa Ipueiras ainda nova, precisamente em 13 de maio de 1911, recebestes o nome de Isa Catunda de Pinho e assim como uma sagrada “Vestal”, optou de forma honesta e digna a uma vida celibatária. Não foi mãe de um, de dois ou três para ser mãe de todas as crianças de Ipueiras, o que fez em quase dez décadas, falecendo aos 97 anos, mas deixando um grande e humano legado.
Tia Isa hoje entras para a história de Ipueiras como a nossa grande senhora, nosso eterno arquétipo da desapegada professora, tia e amiga. Aquela a quem conhecemos e amamos, será sempre lembrada e mais tarde diremos ao referir-se a sua pessoa: Tia Isa nos contava isso e aquilo e muito mais.
As palavras fogem-me, pois muito tocado e em pressa para lhe fazer um panegírico a altura me perco.
Sei que não vou conseguir criar hoje um texto que possa lhe dar uma homenagem digna do seu real valor, mas tento.
Certa vez sua sobrinha Dalinha Catunda falou-me quase a confessar num fim de tarde em sua quinta próxima à cidade sobre seu grande conhecimento e lembranças de fatos. Concordei e ainda concordo.
Neste momento em que Ipueiras perde um de seus grandes personagens do século XX, expresso neste texto o sentimento de falta que muitos estão a sentir, e não querendo ser repetitivo encerro este texto com um grande obrigado.
Ao partir nobre mestra, com luz deixastes marcado em nossos corações teus ensinamentos e a saudade que o tempo um dia há de sanar.
(Agradeço a foto e os dados à Dalinha Catunda)
9 Comentários:
Este não é apenas um depoimento. É um necrológio em homenagem a uma das personagens mais marcantes da história de Ipueiras do Ceará. A professora Isa Catunda, tal qual as fadas das histórias que contava às crianças que alfabetizava, trazia luz e encanto às nossas vidas com sua bondade e religiosidade. Parabéns ao escritor Bérgson Frota por tão bem traduzir nosso sentimento neste momento de adeus.
Bela e marcante homenagem a nossa Tia Isa.
Bérgson na verdade me lembro de quando íamos em grupo ouvir as histórias da Tia Isa, sou assim como você uma aluna não "oficial", mas que muito aprendi com esta grande professora assim como muitas crianças em Ipueiras. Lamento a perda de nossa Tia Isa, e agradeço a Deus por tê-la conhecido quando criança. Que Deus a receba de braços abertos.
Às vezes uma crônica diz tudo e nada cala, seu trabalho foi completo Bérgson, Tia Isa merece um grande reconhecimento. Parabéns.
Gostaria de deixar aqui minhas condolências a Tia Iza por seu passamento. Muito bonito a homenagem do professor Frota e o respeito dado a figura tão bondosa no blog.Parabéns pela sensibilidade.
Bérgson,
Meu coração ainda está miudinho, e o nó na garganta ainda não se desfez de vez. Graças a Deus cheguei a tempo de chorar pela partida definitiva de minha Tia. Foi complicado,mas Deus me permitiu essa graça. Não farei um texto agora, pois não quero ser influenciada pela emoção. Um dia quando meu coração ditar as palavras certas e dignas de tão importante criatura, postarei para os amigos e que ditará minhas lembranças com aval do meu coração.
Obrigada pelo carinho,
Dalinha Catunda
Amigos,
Tentei, no Blog Suaveolens, em acréscimo aos depoimentos deixados sobre Isa Catunda, na carona dos protestos de Terezinha Mourão, fazer um apelo para a transformação desse "protesto" em reflexão sobre a subida ao alto – exatamente agora, quando ora recebo apelo para a mudança do clima rumo à pacificação política em Ipueiras. "Barbeiro", não consegui...
***
No Ceará, estou dedicando meus esforços e assumida história-de-vida, como pacificador que, em Ipueiras, herdei de meus professores (a partir de Isa, Dona Mundita, Seu "Neném Mattos", Dona Ester, Seu Dario e tantos outros). E de meu pai, que, neste clima, um dia, separando brigas, na coxia em frente à nossa casa, na Padre Angelim, atirou-me pela janela (hoje não mais existente...) A cena me ficaria marcada na vida. E, na recente história cearense (e nacional até) tenho procurado cumprir tal missão.
Não foi sem apelo e sentido que Isa Catunda se foi, justo agora, quando – é o que ouço - o município (sertões e serras) parece diagladiar-se, tal como nas lutas de outrora entre os velhos PSD e UDN, a ameaçar o horizonte e riquezas comuns, na reedição de outros "nenéns", "titicos", "gordos" e personagens esquecidos do sentimento guardado – não os personagens das velhas rijas em nossas ruas, placas das mesmas ruas, mas dos grandes e históricos ícones de nossa história.
Num como S.O.S. pedem-nos ajuda. E creio que a melhor ajuda, simbólica até, seria, neste momento, não o lembrado (é o que me dizem) da contratação dos velhos pistoleiros, mas de quantos, ainda vivos alguns deles, em nossa coletiva consciência, como Isa Catunda, são ícones de caminhada mais madura de uma rica terra, que, além da suicida luta dos mourões de outrora, produziu ícones internacionais, como Gerardo Mello Mourão.
Que os atuais "nenéns e titicos", num gesto maduro, olhem para o passado, sim, mas, com maturidade maior, invistam nos sonhos de construção de futuro merecido e mais digno para as nossas "águas retiradas".
É meu desejo e, se algo posso fazer, é cimentar, como o faço – e tenho procurado fazer - desde os anos 60 e, após, desde o Pró-Mudanças, com Celso Furtado, começamos a mudar o Ceará. Ocasião, pasmai todos, tivemos em Virgílio Távora (o político único votado como "cearense do século" tivemos o personagem que, com grandeza, deu-nos, ao lado do Jornal do Brasil), o maior apoio na "luta contra os coronéis", ele próprio tido como um dos coronéis...
Que a morte de Isa, providencial (para os desígnios de Deus) traga-nos a reflexão para um novo amanhecer (vaticínio de Celso Furtado). Em tal direção, sem interesses políticos menores na Região, contem comigo, no que, porventura, possa ser útil.
Marcondes Rosa de Sousa
(do "Seu Wencery")
Bérgson, Tia Isa foi tudo o que você pôs na sua bela crônica e muito mais, ela foi a avò daqueles que já nã a tinham. Parabéns.
Lindo trabalho sobre o falecimento da nossa eterna tia, parabéns Bérgson.
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