ROUBADA MAS NÃO CALADA
Dalinha Catunda
1
Amigos eu viajei,
Sem dar explicação.
Fui a minha terra
Defender o meu quinhão,
Pois lá chegou o progresso.
Causando devastação.
2
É estrada pra todo lado,
Cortando serra e sertão
E nas terras que são minhas,
O governo meteu a mão,
Sou mais uma brasileira,
Atacada por ladrão.
3
Pela frente fui roubada,
Pelo governo estadual.
Já na parte dos fundos,
Foi mesmo o municipal.
Só me faltou ser roubada
Na esfera federal.
4
Não fujo nunca da luta
Essa é minha posição.
Vou brigar até o fim,
Em minha jurisdição.
Essa corja só me cala,
Com bala no coração.
5
Foi-se o tempo do cangaço,
E dos coronéis também.
Mas ficaram os políticos,
Onde poucos são do bem.
Passam por cima da mãe
Pra conseguir o que tem.
6
Se eles não respeitam a lei
A eles não vou respeitar.
Sou mulher e sou valente,
E quem quiser me afrontar
Tenho voz e tenho espaço
Pros desmandos propagar.
7
Não se invade espaço,
Sem desapropriação.
Ganhar na marra no grito
Desculpe-me cidadão,
É coisa de cafajeste,
De golpista e de ladrão.
8
O que eu disse assino
Medo eu não tenho não.
Aqui quem está falando,
É Dalinha Aragão,
Catunda das Ipueiras,
Roubada em seu rincão.
*
Foto na janela da casa grande no meu sítio em Ipueiras-Ce
Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).
2 Comentários:
Estilo inconfundível. Versos impecáveis. Dalinha de volta. Desfrutem!
Dalinha sempre a nos presentear com versos de belo estilo, e a encantar com uma rima rica já original de seu modo poético.
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