ESTA CRÔNICA, DE JEAN KLEBER MATTOS, FOI PUBLICADA ANTERIORMENTE NO BLOG "IPUEIRAS-GRUPOS" EM 05.11.2006, SOB COORDENAÇÃO DO PROFESSOR MARCONDES ROSA
14:05 @ 05/11/2006
Exatamente dois
anos passados, no dia 4 de novembro de 2004, faleceu em Fortaleza, com 82 anos,
minha mãe, D. Mundita. Ela foi professora primária em Ipueiras, dos meados dos
anos 40 ao início dos anos 50. Permitam-me hoje, em nossa “pracinha” virtual, prestar-lhe
esta singela homenagem.
Dia 11 próximo, seu
Neném Matos, meu pai, fará 94 anos. Naquele dia, vou pedir licença de novo para
escrever algo sobre ele.
DONA
MUNDITA, UMA SAUDADE.
Jean Kleber Mattos
(Na foto, D. Mundita, ainda bem jovem, ao lado da mãe, D. Luizinha).
O
nome de solteira era Raimunda Baima de Abreu. O apelido, adotado por ela mesma,
foi Mundita. Deveria ser “Mundica”, de Raimunda, mas esta forma não foi
adotada. Nasceu no Ceará, em Aquiraz, a oitenta e quatro anos passados, filha
de Gesuíno Ancelmo de Abreu e Francisca Conceição Baima de Abreu. Órfã de mãe
logo no início da primeira infância, foi adotada pela professora Luiza Mendes
dos Santos, a D. Luizinha, que residia no município cearense de Redenção. Aos
quinze anos de idade, conheceu, em Fortaleza, o ipueirense Sebastião Mattos Sobrinho,
o Neném Matos, com quem se casou aos dezenove anos, em 1943, adotando a partir
de então o nome Raimunda de Abreu Mattos.
A viagem de núpcias foi a Ipueiras.
Três anos depois, transferiu-se com o marido para a mesma Ipueiras, levando o
filho Kleber, este com apenas dois anos de idade. Junto, levou também a mãe, D.
Luizinha e a criada, Maria José. Na cidade, lecionou no Grupo Escolar
e no Educandário Nossa Senhora da Conceição, entidade particular da qual era
sócia, juntamente com o marido e a mãe, que também lecionavam na escola. Ainda
na minha primeira infância, eu a acompanhava sempre que ela ia receber o
salário na Coletoria do Estado. Seu Juarez Catunda, o coletor, era quem fazia o
pagamento.
Vários ipueirenses ilustres foram seus
alunos no “curso primário”, tanto no Grupo como no Educandário. Tinha especial
amizade por quatro ilustres professoras da cidade: D. Isa Catunda, D. Augusta,
D. Estudilha e D. Diana. Musicista, compartilhou com D. Diana durante algum
tempo, o “fazer a música” da igreja, com o Padre Correia. Deixou Ipueiras em
janeiro de 1953, indo morar em Fortaleza e depois em Brasília.
Ainda em Ipueiras, acolheu como
internos no Educandário, o Zaca, de “seu” Gustavo e o Assis, de “seu” José
Fernandes. O primeiro ingressou depois na Marinha do Brasil e o segundo na
Ordem dos Padres Paulinos. Em Fortaleza, acolheu em casa e instruiu, três
sobrinhas: Gonçala Salete, ipueirense, hoje conceituada professora
aposentada do Estado, Maria Amélia, hoje mãe de jurista famoso e
Fátima Abreu, hoje prestigiada empresária. A sobrinha
Gonçala Salete mora, nos dias atuais, com “seu” Neném Matos, a quem
trata com desvelo.
A preocupação concreta com a justiça
social marcava sua conduta. Lembro-me de um episódio, quando visitávamos uma
importante indústria de Fortaleza e elogiávamos a beleza das instalações e o
impecável uniforme das recepcionistas, ela, que já havia conversado
discretamente com as moças, saiu-se com esta: “Vocês sabiam que essas moças
ficam seis horas em pé, por dia? E o salário não é grande coisa...”
D. Mundita faleceu em Fortaleza em 4 de
novembro de 2004, vitimada pelo Mal de Parkinson. Foi sepultada em Aquiraz, sua
cidade-natal, no jazigo da família Abreu. Deixou emocionados dezenas de amigos
e familiares a quem sempre acolheu, o marido, o filho, as duas netas, o neto e
a bisneta, que, passados dois anos, seguem na vida aprendendo a conviver com a
sua perda.
(Na foto, D. Mundita, ainda
bem jovem, ao lado da mãe, D. Luizinha).
Comentários
Gostei de
saber algo mais da vida de D. Mundita a quem tenho gratas recordações do meu
tempo de colegial. Para mim ela sempre me passou uma imagem de, embora pequena
em estatura, era uma mulher forte, determinada e sincera. Sua imagem também
está associada ao esposo - companheiro também de ideal. Parabéns Kleber pelo
resgate de tão importante memória.
Jean
Kleber, É bom saber sobre sua história, de seu carinho com a família, é
gratificante saber que você é um bom fruto de árvores super especiais.
Dona
Mundita, minha vizinha, mãe do Kleber, esposa do professor Neném Matos e filha
da Dona Luisinha.Minhas recordações dela são mais como vizinha: 'entra
Kleber!!!' Não lembro dela no Educandário.Mas reviver tudo isso é algo
indescritível.Kleber, lembro sim da sua mamãe, bjs, Darci ( do seu Camaral e
vizinha sua)
KLEBER
MATOS, ENTRE EM CONTATO CONOSCO QUANDO PUDER. SEUS PRIMOS FRANCISCO E SOCORRO
MATOS. evandromatosadv@yahoo.com.br.
Saudações, Francisco
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