Por
Gonçalo Felipe
(Com assessoria do ipueirense Francisco Costa)
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O meu avô me contava
Que ouviu muito do seu pai
A história de uma família
Que em Ipueiras habitava.
No tempo da escravidão
Que com muita judiação
Aos seus escravos tratava.
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Não vou aqui dar os nomes
Dos atuais descendentes
São pessoas de renome
Formadas, inteligentes!
Mas, se forem analizando
Tudo que estou falando
Chegarão aos seus parentes.
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Num lugar chamado Grossos
Existia um casarão
Que ainda hoje tem vestígios
Do tempo da escravidão
A matriarca perversa
De toda forma diversa
Fazia judiação.
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A velha era muito ruim
E no cachimbo fumava
pegar brasa com a mão
As crianças ela obrigava
Sem a menor compaixão
Ria com satisfação
Das lágrimas que ali rolava.
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As crianças se queimando
e ela com perversidade
Mandava amarrar num tronco
Que na sua frente estava
Aquele tronco tinha um nome
Daí veio um sobre - nome
Que para sempre ficava
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Quando a velha morreu
Botaram-na numa rede
Ela na rede estufava
Encostada na parede
E os escravos querendo
levantá-la e não podendo
Viram-na ficando verde.
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E nem num carro de boi
Foi possível carregá-la
Decidiram que ali mesmo
Era que iam enterrá-la
E no sítio Cruz das Almas
Em um casarão sem calmas
Resolveram abandoná-la.
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Se passaram muitos dias
Até que descobriram
Que duas tochas de fogo
Onde eram os olhos surgiram
E uma serpente enorme
Até hoje lá ainda dorme.
Os moradores fugiram.
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Antes deles fugirem
Com umas barras de ferro
Fecharam todas as saídas
Escutando horrendo berro
Ela dizia somente
Que ia comer um parente
Dizer o nome eu não quero.
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Acredite se quiser
Muitos juram ser verdade
Que a primeira matriarca
De família, hoje conceituada.
Porém no século passado
De tanto mal praticado
Foi o seu nome adotado.
Figura:singrandohorizontes.wordpress.com/2009/10/20/folclore-brasileiro-boitata/
Gonçalo Felipe é o poeta de Nova Russas que colabora com o blog "Suaveolens" mediante seus poemas bem atualizados e sensíveis sobre nossa civilização, nossas vidas e nossos sentimentos.
1 Comentários:
O poeta Gonçalo Felipe usa de seu talento para transformar em versos uma lenda que circulou em nosso pé-de-serra, devidamente assessorado que foi por seu amigo ipueirense Francisco Costa. Peça importante! Parabéns!
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