Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

31.3.10

O "NIVER" E OS VERSOS DE DALINHA CATUNDA

Estou com sorte. Recebí uma homenagem em versos de minha amiga a poetisa Dalinha Catunda.
Mais música para este dia de comemoração
Obrigado, querida Dalinha!


PARABÉNS! JEAN KLEBER,

Por
Dalinha Catunda

Há amigos e amigos,
Assim podemos dizer.
Jean Kleber é um amigo,
Que todos gostam de ter.
*
Sincero, bem humorado,
Exemplo de boa pessoa.
.Por isso dona Heloisa
Embarcou nessa canoa.
*
Vanessa e Ivanzinho,
São filhos abençoados,
Pai melhor, não teriam!
Nem mesmo encomendado.
*
Para mim é privilégio,
Privar desta amizade.
Jean, meus parabéns,
Saúde e felicidades.
*
São os votos desta amiga,
Que lhe traz no coração,
Que por você tem respeito,
Carinho e muita admiração.


Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

O "NIVER" E OS VERSOS DE GONÇALO FELIPE

Quem não gosta de ser homenageado por um poeta?
Em versos e com sua arte os poetas transformam tudo em música.
Recebí do poeta Novarussense GONÇALO FELIPE os seguintes versos alusivos aos meus 66 anos completados ontem.
Obrigado, poeta!

PARABÉNS PROF. JEAN KLEBER
PARABÉNS PARA VOCÊ.

Hoje toda a passarada
De dentro da floresta
Com cada voz afinada
Deram início a uma orquestra
Tinha Galo de Campina
Tinha ave de rapina
Sabiás e zabelê
Todos os seus cãnticos entoando
Como se fossem cantando:
Parabéns para você.
.
Parabéns prof. Jean Kleber
Parabéns para você.
.
Até o vento bravio
Soprou forte na reprêsa
Dando supapos nos rios
Agitando as correntezas
Trazendo folhas e galhos
Lavando os pingos de orvalho
Sem cobrar nenhum cachê
E os galhos se balançando
Como se fossem mandando:
parabéns para você.
.
Parabéns prof. Jean Kleber
Parabéns para você
.
Os vagalumes acenderam
Todas as suas "lanternas"
As mariposas se ergueram
Da solidão das cavernas
Os casulos criaram asas
Voaram das suas casas
E foram à sua, por quê?
Talvez se eles falassem
Agora também cantassem:
parabéns para você.

Parabéns prof. Jean Kleber
Parabéns para você
.
Com o meu abraço, com a minha amizade, com o meu respeito e minha consideração:
.
Gonçalo Felipe
.
Gonçalo Felipe é o prestigiado poeta de Nova Russas que nos brinda com poesias sobre nós, sobre Ipueiras, sobre nosso pé de serra, enfim sobre a vida de todos nós.

28.3.10

O ENSAIO ACABOU

Por

Ângela Gurgel

Quando eu era adolescente e fazia teatro os ensaios eram cheios de expectativas, nervosismo, brigas, medo, etc.. Esta semana voltei a sentir a sensação de “depois do ensaio”. Não voltei a fazer a teatro. Mas, meu Ensaio Poético, esgotou a primeira edição. E a agora o que fazer? Fazer uma segunda edição? Não sei. Ainda não decidi se farei uma nova tiragem deste livro que me deu tantas alegrias.

Ontem, durante um “Chá de Poesia” promovido pela Escola Nossa Senhora das Vitórias, na cidade de Assú, estive conversando com alunos e professores que estão trabalhando minha obra em sua escola. Confesso que a emoção daquele momento foi indescritível. Nunca imaginei ter meu livro sendo “estudado” numa sala de aula.

A tarde inteira foi de muita emoção e alegria. Caminhar entre os corredores da escola e ouvir meu nome ser acompanhado da frase “olha a autora do livro que estamos lendo”, depois escutar o depoimento dos alunos que vieram falar comigo e, em especial, de Camila – Presidente do Centro Cívico –, que falou em nome dos alunos e deixou-me com olhos nadando de felicidade ao dizer da emoção que sentia ao ler meus poemas, significou mais que um sonho para mim.

Mas, as emoções se intensificariam ao ser descrita por Alan, Professor que coordenou o evento, como (...) um reflexo autêntico da vontade de viver e de ser inteira. Com seus poemas, sempre tão inebriados da graça da palavra, traduz em versos os sentimentos de uma mulher e de todas as mulheres, de um homem e de todos os homens... Ela brinca com as sinestesias, navega em delirantes metáforas e nos faz perceber que a linguagem é uma proposta concreta de alcançarmos o Bem... Toca o âmago da alma para nos fazer entender a cor dos sonhos e a tessitude do que é real e...já! (...)

A Terra dos Poetas foi palco de mais um momento inesquecível proporcionado por este ensaio que, cada vez mais, é um grande festival de emoção em minha vida. Terminado o Ensaio gostaria de agradecer a todos que contribuíram para o sucesso de meu primeiro livro.

Aos que generosamente embelezaram suas orelhas com palavras carregadas de carinho – Dr. Jean Kleber- Professor da UnB, Bernard Gontier – Escritor e Músico Paulista, Tica Soares – Educadora e Cronista Social caraubense, Raimundo Antonio – Escritor e Professor mossoroense e ao poeta e editor da Coleção Mossoroense – Caio Cezar Muniz – que prefaciou a obra.

O agradecimento especial vai para os leitores. Sem eles este momento não aconteceria. Aos recantistas que escreveram textos comentando meu livro, aos amigos que enviaram e-mail’s falando sobre minha poesia, enfim, a quem me leu, meu muito obrigada.

Ao fechar as cortinas ao final deste ato, quero compartilhar com vocês um generoso comentário recebido de um novo amigo escritor: “(...) Eu não tenho autoridade para falar, pois não sou poeta. Mas gosto da poesia desde a infância. Eu não a conheço pessoalmente, mas ousaria dizer que os seus versos são VOCÊ, sua alma, seu encantamento pela vida, seu temperamento sensível, a importância que sabe dar a esse sentimento, a essência de uma vida feliz, que é o Amor. Se não existisse o AMOR a vida não teria graça, não teria sentido. (...) Não só AMOR, excelentemente decantado, mas outros temas foram objeto de sua inspiração e neles senti que você é uma artista, que a poesia flui, genuína e pura, com a fragrância que emana de sua alma dotada por Deus desse dom maravilhoso. (...) Comecei a ler o livro com uma caneta na mão, para assinalar as poesias que me parecessem mais bem construídas, mais belas. Depois desisti. Qual o verso mais perfeito, mais expressivo ou significativo? Em todas encontrei uma alma que se abre para a beleza da paixão com uma poesia de inspiração incomum. Você abre o livro com uma pérola:“Eu não faço poesia,/ apenas deixo que meus sentimentos/se transformem em palavras/e pintem as folhas brancas dos meus dias...” LINDÍSSIMO. E o fecha com uma relíquia, “Hoje te amei...”, onde cada verso é uma jóia nela incrustada, realçando-lhe o encanto. Que beleza de livro! Enriquece a poesia romântica de Mossoró. Parabéns minha querida Ângela, parabéns Mossoró! Não tendo o privilégio de ser um poeta, é o que sei dizer, mas digo-o com coração pleno de felicidade. (...) E um afetuoso abraço”. Obery Rodrigues.

Minha alma, embriagada de poesia, agradece a todos e a cada um e voa em direção ao infinito em busca de espaço para abrigar todo este contentamento.

Deus os abençoe.

Gravura : cata-letras.blogspot.com

Ângela M. Rodrigues de Oliveira P. Gurgel, poetisa consagrada, nasceu em Mossoró-RN, tendo vivido em outras cidades do Rio Grande do Norte (Almino Afonso, Caraúbas, Caicó e Natal) e do Pará (Tucuruí e Marabá). Atualmente mora em Mossoró-RN. Graduada em Ciências Sociais, cursa atualmente Filosofia na UERN (Universidade do Estado do RN) e Direito na UnP (Universidade Potiguar). Já exerceu o cargo de Secretária de Educação em Caráubas, onde também foi Diretora de uma escola de Ensino Médio.

26.3.10

O MACACO E A PORCA

Por
Luiz Alpiano Viana

Minha infância, até os 11 anos de idade, foi vivida inteiramente na roça. Tive a oportunidade de participar de alguns incidentes e a outros assistir sem perder o sagrado direito de ser moleque. Também tive meus dias de menino insuportável quando a questão principal era o direito de brincar.

Naquele arraial, o dia para a criança viver suas peraltices começava exatamente quando ela acordava. Em sua volta tinha a natureza e dela retirava os brinquedos de que mais gostava, frutos de sua própria criatividade. Não eram iguais os das crianças das cidades grandes, industrializados pela Estrela ou outras empresas do ramo, porém atendia à sua necessidade.

A convivência com pássaros e animais se tornava uma rotina. Aí começava a vida de um roceiro em cujo meio, criava porcos, galinha, jumentos macacos, etc. Todo esse contingente de animais domésticos e alguns selvagens fazem parte do universo criado pelo próprio homem. O campo onde mora lhe faz mais bem do que a cidade. Ele se identifica muito mais rápido com o cheiro da terra, e, do mato verde.

No terreiro da casa os animais se misturavam. O macaco Chico está lá também. Foi um presente de um amigo de meu avô que o trouxera da serra dos cocos, Matriz de São Gonçalo. Travesso e inconveniente, ele era de fato um sério problema na casa. Quebrava xícaras, pratos, derramava potes de leite e ainda dava sumiço em muitos objetos de uso diário, como talhares e copos. Incrivelmente, todos os dias ele estava na pauta dos principais assuntos da família. Pensou-se até no pior: dar-lhe um fim, matando-o ou doando-o a quem o interessasse. Mas isso era uma medida extrema e minha avó era contra. Dizia então que quem não é macaco não pode se acostumar com macaco, mas ele pode ser aceito por outros macacos. Nós temos outro comportamento e por isso não nos entendemos. Nossa linhagem é mais avançada, mais desenvolvida.

O macaco era o rei da bicharada. No meio de outros animais, existia uma franga pedrês que a chamávamos de a franga do macaco. Ele a tomava de susto, enrolava o rabo no pescoço da coitadinha, e a levava para o alto das árvores. Não estava nem aí, a frangota! Ela demonstrava que gostava mesmo daquele chafurdo, sequer dava um pio. Com seu malabarismo, o Chico atormentava a todos, mas havia momentos que nos provocava risos. Em algumas ocasiões gostávamos do que fazia até porque entendíamos que não passava de um simples macaco. Suas macacadas chegaram ao conhecimento de muitas pessoas porque ele corria boa parte da região montado numa porca. A porca deveria pesar uns cinqüenta quilos. Era grande e parideira de grandes ninhadas.

As pessoas sempre davam notícia de um macaco montado numa porca preta, transitando em vários logradouros públicos. Seu estilo de montaria não se assemelhava ao do homem, pois ficava com a frente para trás, segurando-se no rabo de seu cavalo de estimação. Quem via, ria! Não tinha porque não rir! Era um espetáculo inusitado e a porca o obedecia cegamente.

Às quatro horas da manhã ele não faltava à porta de Manoel Rufino, dono de uma vendinha de café na calçada da estação ferroviária. Seu Manoel fazia o café no fogão a lenha e acima da fornalha tinha um buraco na parede por onde seu amigo símio, pelo lado de fora, lhe pedia um pedaço de rapadura. Se o Chico demorasse, seu Manoel não esperava, contudo deixava o presente na boca do buraco. Logo que pegava o lanche, voltava imediatamente, tomava o táxi e continuava o passeio de sempre.

Devido ás travessuras que aprontava não se entendia bem com minha mãe. Um dia ela lhe deu uma surra de cipó de marmeleiro porque soltou do alto do juazeiro as xícaras de tomar café. Por causa disso, quando vinha de suas andanças, a alguns metros de distância da casa onde morávamos, apeava-se e corria por dentro do mato num atalho. E lá adiante esperava o cavalo chegar e o montava de novo.

Quem não tolerar macaquice não crie macaco! Eles às vezes nos fazem sorrir, mas também nos fazem chorar de tédio. Embora a ciência hoje nos diga que a diferença entre o homem e o macaco é de apenas quatro por cento, só em não falar, ainda estamos muito longe um do outro. Tenho certeza que se ele falasse nos xingaria com palavrões de baixo calão! A amigos não se dá presente de macaco!
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Foto: site avozdaespecie.wordpesss. com /
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Luiz Alpiano Viana, é um ipueirense apaixonado por sua terra natal. As suas memórias e saudades de Ipueiras estão sempre presentes em suas crônicas, a exemplo de “Saudade” e “O astuto cirurgião”, narrativas que trazem de volta velhas e boas recordações. Tendo morado na cidade de Crateús/CE e em Brasília/DF, atualmente reside em Forteleza/CE e é funcionário aposentado do Banco do Brasil.

25.3.10

ESPELHO, ESPELHO MEU

Por
Marcondes Rosa de Sousa

O Povo - Fortaleza Ceará - 22 Mar 2010

Às portas do Banco do Brasil, no espaço da reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), dou com colegas professores. No papo, a distância crescente da administração superior dessa instituição para com a sociedade, não mais vista ``pólo cultural do Benfica``. No papo, queixa a se estender à Universidade Estadual do Ceará (Uece), da qual sou professor. Falo-lhes sobre carta recente de Paulo Elpídio, ex-reitor da UFC nos anos 80, a se queixar de dois eventos onde lamentava a ausência da UFC - numa feira editorial no Rio, a ausência das ``Edições UFC`` e, em Paris, o mesmo a envolver editoras brasileiras, sem a UFC. Falo-lhes da recente posse da professora Roseane Medeiros, da Unifor (da qual fui professor), a primeira mulher à frente do Centro Industrial do Ceará (CIC) onde não vi representação alguma de nossas universidades.

Ali, voltei aos tempos de pró-reitor de Extensão da UFC, quando para aqui, em convênio com O POVO, trouxemos Celso Furtado para, nos ``Encontros culturais``, nos falar as perspectivas para o Nordeste. Dali, Celso, depois, voltaria, a convite do CIC, traçando com os então jovens empresários as sendas do ``movimento das mudanças``.

Na posse de Roseane, não senti a presença da UFC a liderar a caudal de seus festivais (nacionais e internacionais) de cinema, encontros a indagar o ``Para onde vai a universidade brasileira``... Ali no CIC vi, porém, diretores de instituições privadas de ensino superior, a quem, um dia, Jorge Parente, ao presidir a Federação das Indústrias do Estado do Ceará, nesta daria posse, num futurista insight, como ``indústrias sem chaminés``. Passo pela Unifor. Um painel evoca-me a história de Branca de Neve. Nela, a indagação ``espelho, espelho meu``, na narcísea sugestão da estrada por ela buscada: ``Unifor, a incomparável, em ensino, pesquisa e extensão``.

Que as demais a sigam!
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Foto: ilustração original do Blog Ethos-Paidéia postada por Marcondes Rosa
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Marcondes Rosa de Sousa, advogado, é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (UECe). É uma das maiores autoridades em educação do Brasil. Ex-presidente do Conselho de Educação do Ceará e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, é Colunista do jornal " O Povo ", onde mantém seus artigos quinzenais.

10.3.10

OS ÓRFÃOS DA IDADE


Por
Bérgson Frota

No ritmo alucinante de vida que se vive hoje nas grandes cidades, onde o contato humano se dá quase sempre numa superficialidade não tão necessária mas já característica, assiste-se silenciosamente o drama dos idosos oriundos do interior.

Trazidos pelos filhos, sofrem no novo ambiente com a insegurança e as parcas opções de lazer. Daí perderem eles importantes pontos de identidade e referência com que se guiaram na maior parte de suas vidas.

O primeiro é a moradia, em geral apartamentos. Um estilo de vida que os faz sentir saudosos da importante convivência com os vizinhos que tinham.

O elevador transforma-se num espaço em que muitos se vêm diariamente e passam a “conhecer-se”, e deste modo frio de relacionamento, não generalizando, acabam identificados por fim pelos números de suas novas residências.

Longe da amizade mais próxima se fitam silenciosos, até findarem-se os “eternos” segundos que os levam à portaria ou ao seu andar quando se está de regresso.

A rotina que antes se fazia ao percorrer as pracinhas, ir às missas e conversar com amigos transforma-se em viagens constante a médicos e esporádicas visitas dos filhos aos domingos, estes quando aparecem, mas mesmo a presença constante destes, não impede com que os pais já idosos se tornem o que poderíamos chamar de “órfãos da idade”.

Dependentes de cuidados, muitos calam diante das contrariedades que lhes são impostas, envergonham-se de pedir o que para eles seria o lícito, mas já de forma inconsciente se consideram aos filhos um estorvo, quando assim não deveria ser.

Não se trata de acusar os filhos de insensíveis, mas alertá-los que muitas vezes em tirá-los do seu recanto interiorano, onde ficaram os velhos amigos e histórias para serem lembradas e nestas lembranças buscadas e revividas criam neles um desamparo psíquico quando não uma grande falta de perspectiva.

É necessário nestas decisões familiares muito pensar e dar espaço aos pais para manifestarem-se, pois em muitos casos a frieza da vida de um grande centro urbano é mais sentida e mais cruel para o idoso do que a temida solidão interiorana que se busca evitar.


Publicado no jornal O Povo de Fortaleza, em 13.02.2010 e no blog grupos.com.br/blog/ipueiras em 01.03.2010
Foto : magusfaber.wordpress.com

Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

UMA CADEIRA CATIVA PARA GERARDO MELLO MOURÃO


Na foto, Gerardo Mello Mourão, Frota Neto e Dalinha Catunda.

Por
Dalinha Catunda


Parece que foi ontem... Mas já se foram três anos.Em nove de março de 2007, Ipueiras ficava orfã de seu mais polêmico e ilustre filho: Gerardo Mello Mourão.

“Gerardo foi: Jornalista, poeta e escritor. Era membro da Academia Brasileira de Filosofia, da Academia Brasileira de Hagiologia e do Conselho Nacional de Política Cultural do Ministério da Cultura do Brasil. Era um dos escritores mais respeitados no exterior”

Infelizmente, Gerardo, ainda não foi devidamente reconhecido em Ipueiras, cidade que ele carregou com carinho, na cabeça, no coração e em seus escritos.

Foi grande falando de sua aldeia, mas sua aldeia não crescera o suficiente para reconhecer a magnitude deste ícone ipueirense.

Eu não conheci Gerardo de ouvir falar. Freqüentei sua casa e conversávamos, não como o mestre e a sua aprendiz, falávamos como dois retirantes nordestinos querendo palestrar.Eu ficava encantada com sua grande cultura e sua ainda maior, simplicidade.

Tive a grata satisfação em receber Gerardo Mello Mourão, num evento cultural realizado em minha chácara na cidade de Ipueiras. Entre amigos, parentes e políticos, o poeta saboreava comidas típicas como: baião-de-dois, paçoca de pilão, intercalados por uma cachacinha da terra. Era clara sua satisfação.

Na hora da saída, após os agradecimentos, Gerardo chamou-me reservadamente e disse-me: “Dalinha, estou indo e carregando a cadeira que sentei” E assim o fez.

Logo que voltei ao Rio de Janeiro, ele telefonou-me: “Dalinha, Venha visitar-me e ver sua cadeira”. Fui. Qual não foi minha surpresa ao ser reapresentada à minha pobre cadeira, matuta, feita de pau e couro. Estava toda envernizada, enfeitada com tachas, ocupando um lugar de respeito em sua sala de visitas.

Hoje queria registrar minhas saudades e o prazer indizível que foi participar de um naco da vida de Gerardo Mello Mourão que certamente terá cadeira cativa em meu coração.
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Foto: acervo de Dalinha Catunda
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

2.3.10

MAIS UM CARNAVAL SE PASSOU

Por
Luiz Alpiano Viana

Durante os dias da maior festa carnavalesca do mundo, você enfeitou-se, usou máscara, pintou o rosto, virou palhaço. Bebeu, fumou e dançou. Pulou como nunca tinha feito na vida. Na verdade, se foi sua primeira vez e está feliz, certamente já pensa no próximo ano fazer tudo de novo.

Se nesses dias você paquerou e até namorou garotas que cruzaram seu caminho, custa-me crer que tenha sido sem camisinha. Torço que se tenha protegido e não esteja arrependido de seus atos. Resta-lhe, portanto, assumir as conseqüências. Espero que não mais esteja perdido na multidão dos sonhos, nem no colorido das alegorias.

Mas sei que está cansado! Bebeu muito, alimentou-se mal. Deve estar desidratado, sonolento e também com saudade. No meio desse oceano de folião, o barulho do carro de som e o grito insaciável da multidão ainda fazem ecos nos tímpanos. E a bebida como o principal combustível levou-o ao delírio de mais um uma noite, colocando-o no mais alto degrau do prazer. É por isso que você mesmo diz que o carnaval é uma loucura gostosa e até sacrificante!

Sabe de uma coisa? Eu também concordo com você! Pois para quem gosta desse tipo de festa, não há com que comparar esses dias de fevereiro, véspera de quarta feira de cinzas. Em todos os cantos deste País rufaram-se os tambores. E logo, brasileiros e estrangeiros uniram-se com o mesmo objetivo, dançando ou pulando do jeito que sabem.

Ainda bem que você voltou! Parabéns! Onde ficou mesmo o seu amigo! E aquela garota com quem você ficou na primeira noite? Nem sabe de onde ela veio, nem para onde foi. Será que ela voltou inteirinha para casa como você? Sabe-se que as estradas por onde andou, estavam repletas de pessoas dirigindo alcoolizadas, ressacadas e sem a mínima condição de conduzir um veículo com responsabilidade. Se dormir ao volante um acidente é inevitável e fatal.

O bom é que você se realizou, esbaldou-se. Entre mortos e feridos salvaram-se todos. Outros milhares de foliões não tiveram a mesma sorte. Muitos ficaram pelas estradas da tristeza, e outros, em suítes de hospitais.

Deu para ver que a fantasia que vestiu hoje não é colorida como a de ontem, porém o transforma noutro personagem. Sabe de uma coisa, meu amigo! Todo dia você viverá mais um personagem diferente na passarela da vida. Há dia que será um pai exemplar ou um excelente profissional no que faz. E dia haverá que não passará de um simples pierrô, perdido no meio da multidão como agora no carnaval.

Mesmo vendo as estatísticas alarmantes de mortos e feridos nas estradas que cortam o Brasil, você não se trancou em casa com medo dos acontecimentos negativos, como muitas pessoas fizeram. Se a vida passa como um raio e se tem uma máscara escondida no cós, a tendência nessa época de carnaval é colocá-la nem que seja por alguns minutos. E assim, em determinados momentos você engana, por alguns instantes, as decepções que a vida se lhe reservou.

O carnaval é isso: a maioria dos foliões não lembra com detalhe as loucuras que aprontou ao longo desses dias. O que leva em conta são as grandes emoções vividas, mesmo que na manhã de quarta feira, envergonhe-se do que fez.
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Foto: site semdemora.com/data-carnaval-2010.html
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O ipueirense Luiz Alpiano Viana, é uma apaixonado por sua terra natal. As suas memórias e saudades de Ipueiras estão sempre presentes em suas crônicas, a exemplo de “Saudade” e “O astuto cirurgião”, narrativas que trazem de volta velhas e boas recordações. Tendo morado na cidade de Crateús/CE e em Brasília/DF, atualmente reside em Forteleza/CE e é funcionário aposentado do Banco do Brasil.