VÔOS MAIORES!
Marcondes Rosa de Sousa
Introdução do blog:
O presente artigo de Prof. Marcondes Rosa de Sousa a pesquisa do blog localizou-o na internet. Publicado em 2000, o texto reveste-se de grande atualidade, considerando-se o recente posicionamento do Brasil quanto à qualidade da educação, no cenário internacional.
Educação! Do nascer ao morrer, é um direito subjetivo de todos os cidadãos. Este, o princípio pactuado por todos os países, no ingresso destes anos 2.000. É ela a via mais durável e segura para a distribuição da renda, a inclusão social e a participação no círculo da cidadania.
Em nosso País, realizamos esforço recente para nos ajustar a esse diapasão e compasso. Muito chão temos ainda que andar. Ao final desta década, países desenvolvidos terão universalizado a educação superior, dedicando-se às esferas mais sutis da "high education".
No Brasil, São Paulo promete escola média para todos em 2.008, e Santa Catarina antes disso, em 2.005. No Ceará, eufóricos celebramos o inédito feito dos 98% de crianças de 7 a 14 anos no ensino fundamental, num sinal do fôlego possível para vôos mais altos.
Quantidade (sabemos) não é o bastante, se o sentido é o econômico, o social e o político. Daí, o ataque aos itens onde ela está imanente (qualificação docente, estrutura física adequada, bibliotecas, laboratórios, informatização, revisão dos currículos).
Nesse terreno, os desafios se agigantam. De início, temos de incorporar a educação infantil, ainda no limbo entre a família e a ação social, à "escolar". Fazer, de meros "abrigos de infantes", instituições escolares.E de "tias" (dedicadas que sejam), pedagogas confiáveis.
De resto, é acabar de vez, em toda a cadeia educacional (da básica à superior), com a crônica "cultura da complacência", submetendo-a a um crivo mais rigoroso dos processos de "autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público" (Art.209, II da Constituição Federal).
Com a LDB, a avaliação toma formas diversas ("provão", ENEM, pesquisas etc), invadindo o quotidiano da vida escolar, em todos os níveis. Das instituições, exige-se que sejam "credenciadas".
Dos cursos, que se submetam aos processos de autorização e reconhecimento. E nossa esperança é que essa cultura sepulte as figuras da tolerância, criadas no passado pelos próprios conselhos de educação para a convivência com escola sem qualidade e sem crédito ("escolas cadastradas", “conveniadas" e outros eufemismos do "precário e sem condição").
Nossa sociedade é hoje bem outra. Bem mais vigilante em relação ao adequado uso dos recursos destinados à educação. Iniciativas como a "CPI do Fundef" que o digam. Bem mais conscientes estamos todos sobre o valor e o papel da educação na promoção e vida do homem.
Não há mais razão para que nos enganemos, alimentando escolas e ensino de faz-de-conta!
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Artigo publicado na Página "Idéias" da edição de domingo no Jornal Diário do Nordeste, em Fortaleza, em 21/05/2000.
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Foto da decolagem: http://www.plannar.com.br/
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Marcondes Rosa de Sousa, advogado, é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (UECe). É uma das maiores autoridades em educação do Brasil. Ex-presidente do Conselho de Educação do Ceará e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, é Colunista do jornal " O Povo ", onde mantém seus artigos quinzenais.
1 Comentários:
O blog posta um importante artigo do Prof. Marcondes Rosa de Sousa que, mesmo escrito em 2000, reveste-se de inegável atualidade. Educação tem sido um tema recorrente e polêmico face à velocidade das conquistas na área da comunicação. Quando no devido e competente cargo, o esforço do autor para a modernização das escolas no Ceará marcou época, sem dúvida alguma.
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