ALMA PENADA E CRIANÇA PENANDO
Por
Dalinha Catunda
Menina mijando na rede,
até mocinha ficar.
Descasquei muito tijolo,
e, háaaaaja lençol pra lavar.!
Não adiantava prometer surras,
nem me fazer limpar chão.
Porque eu mijava na rede,
com medo de assombração.
Minha mãe me falava de alma,
que batia nas panelas.
E, no meio da madrugada,
abria porta e janelas.
Minha Tia catequista,
me ensinava a oração.
Mas também falava de diabo,
com espeto de fogo na mão.
Sempre à boquinha da noite,
com cadeiras na calçada.
A família reunida,
falava de alma penada.
Desenterravam defunto,
que não tinha mais nem o pó.
Deixavam as pobres crianças,
num medo de fazer dó.
Era alma dando botija.
Alma pegando no pé.
Alma querendo reza,
e eu rezando com fé.
Até meus dias de hoje,
não vislumbrei uma só alma.
Por isso perdi o medo,
meu sono é pleno de calma.
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Foto assombração: www.postais.info/step1.asp?cat_fldAuto=99...
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3 Comentários:
Estes versos de Dalinha sobre assombração eu os considero dos mais deliciosos da obra da poetisa. Publica-lo no Suaveolens foi uma verdadeira curtição.
Belos versos amiga, e me fez lembrar que muitas vezes quando criança, sentia medo de alma rsrs sem nunca ter visto. Nunca passava atrás da Igreja a noite, a não ser correndo sem olhar para trás.
Dalinha, alma penada não tem, mas há muita gente penando por causa de um vintém, versos que bem retratam sua infância,os medos e traquinices, que juntos forjaram a grande poetisa que hoje é. Alegre, bela e criativa poesia.
Bérgson Frota
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