O CRISTO DE IPUEIRAS
Domingo, oito de julho, fim de noite. Minha caixa postal trazia precisamente onze e-mails não lidos.
O texto acima, retirado do artigo “Ipueiras antes, lagoas e carnaubal” do jornalista Jeremias Catunda, atesta de forma concisa o poder que a imagem do Cristo exerce no imaginário coletivo do povo ipueirense.
O início de sua construção deu-se no final de 1942 sendo concluído em 1943, para comemorar os sessenta anos da criação do município, portanto treze anos após a inauguração da colossal estátua do Corcovado. Guarda porém o Cristo ipueirense certas particularidades que o distinguem do ícone carioca.
O planejamento requereu do engenheiro prático Pedro Frutuoso do Vale, um trabalho de pesquisa e técnica não só de conhecimento do solo, que teve como fundação 15 metros de profundidade, como moldes precisos para concentrar o concreto e transferir na época, materiais para o topo de um morro, que foi escolhido não por ser o mais alto, mas por ser o mais próximo do centro do município.
Uma estrada que contornava as costas do morro de 120 metros de altura foi aberta, e assim começou-se o transporte do material para a base na qual se assentaria o monumento.
Pedro Frutuoso, concebeu para a criação da obra um desenho que de forma clara distanciaria o Cristo de Ipueiras de outros já construídos. Se a idéia por si só não era original, já que a construção inspirou-se na da imagem feita no Rio, tendo então a mesma posição, de braços abertos abençoando a cidade, não teria no entanto, o estilo art-deco no qual foi trabalhado o primeiro.
O engenheiro tirou como modelo, traços do ícone da tradição bizantina feito no século XV. O Cristo Pantocrator (do grego Todo-Poderoso).
Seus traços podem ser definidos como : rosto alongado, sobrancelhas arqueadas, olhos grandes e abertos, voltados para o espectador, pois não somente nós o contemplamos mas Ele também nos contempla. Nariz longo e delicado, a barba comprida terminando em ponta arredondada. Seu pescoço é grosso e forte simbolizando que Cristo quer soprar seu Espírito, sua cabeleira é vasta, representando sua sabedoria. A boca pequena indica o silêncio, o que acentua a divindade do Verbo encarnado.
No que toca as vestimentas, o imation (manto), cobre-lhe todo o corpo, representa sua humanidade, já que até os pés são cobertos (o manto arrasta-se pela terra), o chiton (túnica) cobre-lhe os ombros, e oculta junto com o manto o peito, fazendo com que o coração, embora não visível, seja percebido pela expressão facial.
A cor da estátua é e sempre foi branca, tendo como altura 12 metros, distanciando entre os extremos dos dedos 7 metros. Assenta-se sobre um pedestal em forma de morro de 2 metros, de cor cinza escura.
O monumento à noite é iluminado por fortes luzes de tonalidade azul, lembrando uma presença divina a velar por toda cidade.
Durante o dia, pode-se ver, contornando-o, um vasto canteiro de plantas de diversas espécies, que dão um colorido especial à obra. É conhecido como o horto do Cristo.
Ergue-se portanto no sertão cearense há sessenta e dois anos, um belo monumento em homenagem à religiosidade ipueirense, símbolo da cidade que neste ano comemora seus 122 anos de municipalidade, recebendo a todos de braços abertos, coroando com o esmero da benção o povo cearense, convertendo-se no Cristo dos sertanejos, o Cristo do morro, o Cristo da Caatinga.
Foto principal do Cristo de Ipueiras, na inauguração:
8 Comentários:
O Brasil todo se orgulha de seu Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Os ipueirenses têm mais um motivo de satisfação. Orgulham-se também de seu Cristo da Caatinga, no alto do morro mais belo da cidade. Bérgson Frota pesquisou e nos ofereceu o fruto de seu trabalho. Um relato minuncioso sobre a história e a engenheria deste querido monumento.Valeu, Bérgson.
Valeu pelo artigo, não conhecia, faz um tempim né, mas o Cristo de Ipueiras é uma raridade hem,trabalho bem feito amigo, parabéns e mais uma vez valeu pela pesquisa e informação.
O artigo é completo, cheio de coisas interessantes. A pesquisa foi trabalhosa mais valeu o esforço, o arco bem que tá merecendo um assim. Beijos.
Sempre belo trabalho, como o prometido veio novamente a publicá-lo. O Cristo de Ipueiras é uma das sete maravilhas da cidade, basta somar-se as outas seis. Já faz 64 anos e a imagem continua sem ser deteriorada mas precisa de uma lei que garanta sua continuação e a proteção do lugar agora cheio de torres de transmissão.Vamos lutar para isso, ok.
Gostei de ver novamente divulgado o seu belo trabalho, é de fato um trabalho de resgate e valor, vi no jornal que foi publicado em Ipueiras, pena que lá não tenha colocado seu nome, mas o que vale é que o trabalho já tinha sido publicado no jornal o povo, e com créditos.Parabéns.
Meu nome e Edson Gonçalves, moro em serra-es, distante de Ipueiras 2400KM, tive o prazer neste mes de maio de 2008 de conhecer a bela e a acolherdora cidade de IPueiras, e povoados da regiao, destaque para o povoado de balceiros; local de pessoas simples, acolhedoras, simpaticas, batalhadoras,humildes e tantos adjetivos mais, com certeza nao esquecerei jamais.
Tenho em meus arquivos fotograficos uma bela foto do cristo tirado numa manha de sol, apos a abençoada chuva de inverno.
Este artigo irá ser uma valiosa informação no meu trab científico... + uma vez parabéns pelas publicações!!! Irei informar a todos q não conhecem este blog, a importância d tais informações... A cada comentário, informações, artigos q leio, + me impressiono pela beleza deste trab. Adorei, Parabéns, sucesso e continue preservando nossa História!!!
Abç, Erlândia
A reportagem e boa as informações valiosas,mas faltou informar quantos degraus são ao todo pq hj eu subi até lá Efoi lindo mas não tive folego para contar os degrus.Se alguem ai souber da quantidade de degraus eu agradeço muito.
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