LIVROS E BIBLIOTECAS EM NOVA YORK
Quando estive aqui em Nova York pela primeira vez, em 1994, tive como objetivo, pesquisar as plantas medicinais que havia coletado no Acre, e complementar minha tese de doutorado. Perguntaram-me, alguns amigos, com uma pequena dose de xenofobia, porquê Nova York e o seu Jardim Botânico? Tinha a resposta pronta na ponta da língua: porque é no The New York Botanical Garden que está a maior coleção de plantas da Amazônia do mundo. Para isso não tinha argumentação.
Associada à coleção botânica, há outra situação extremamente interessante para os que querem pesquisar a área de Botânica ou áreas correlatas. A biblioteca do Garden. Uma coleção fantástica de livros. Simplesmente a maior biblioteca de Botânica do mundo, penso eu, na minha ignorância sobre a biblioteca do Kew Garden, em Londres. Tudo que você quiser sobre o assunto, você acha, in situ, ou sabe onde e como obtê-lo.
Qualquer pesquisador ou professor que quiser ter acesso a essa biblioteca, basta um convite, e pronto. Tem acesso a todos os livros, documentos e periódicos. Livros raros incluídos. Eu, na época, tinha o status de pesquisador associado, então eu podia trazer livros para o meu escritório (regalia que não tenho aqui na Columbia), quantos livros eu quisesse, para pesquisar.
Não era permitido tirar xerox dos livros inteiros, como é tradição acadêmica entre a maioria dos professores brasileiros. Cópias só eram permitidas de partes dos livros, e ainda, em fotocopiadoras especiais, que não permitiam que os livros fossem abertos em 180º , pois acabam por prejudicar a conservação destes.
As bibliotecárias (os) foram muito atenciosas durante todo o meu período por lá. Sempre tive afeição por esta categoria profissional, desde minha infância, quando já freqüentava uma biblioteca infantil pública na cidade de São Paulo. Na Emater – Paraná, onde trabalhei, e nas outras Emateres que visitei em vários estados brasileiros, esses profissionais, em sua maioria, mulheres, tinham especial carinho e dedicação no atendimento ao público e isso me impressionava. Digo isso também dos nossos e nossas colegas da biblioteca da FCA, todos merecem nosso respeito.
Aqui na Columbia, por ser uma biblioteca geral, há livros para as áreas com as quais se estudam. São mais de 8,6 milhões de volumes, 65.000 títulos de periódicos, 5,8 milhões de microfilmes, 228.000 manuscritos e arquivos, 135.000 materiais cartográficos e 776.000 materiais gráficos. Houve, em 2004/05, mais de um milhão de retiradas ou acessos. Estes números impressionam também. Para poder gerir esse acervo todo, 574 funcionários e um gasto anual de mais de 46 milhões de dólares.
Nos Estados Unidos se lê muito. Em qualquer ponto de ônibus, dentro do metrô, em bares, restaurantes, e principalmente em bibliotecas, há sempre gente com livro nas mãos, entretido no que está escrito, uma abertura a mais na mente humana. E é possível comprar livros baratos por aqui. Há muitas livrarias e sebos, muitos deles na parte sul da ilha, em bairros como Greenwich Village, East Village, Soho, Chelsea, bairros com gente alternativa, próximos a universidades.
Na esquina da rua 12 com a Broadway, há um sebo chamado “Strand”, que é considerado o maior sebo do mundo. Em sua propaganda está escrito: “18 milhas de livros. (ou 30 km de livros, transformando as unidades de medida). Milhões de ofertas”. Quando comprei meus primeiros livros aqui em Nova York, em 1994, a loja tinha suas estantes extremamente desarrumadas; hoje já tem até elevador para dar acesso às novas estantes, situadas nos quatro andares da loja.
Sempre é possível encontrar um livro diferente ou raro. Encontrei nesta semana uma relíquia que acabei comprando: o livro com as obras apresentadas na II Bienal de São Paulo, de 1954. Preço? Parafraseando uma propaganda de um cartão de crédito, o prazer de tê-lo encontrado não se paga...Vou doá-lo a uma biblioteca no Brasil ligada à área de artes.
Foto New York Public Library:
Foto Aguilar Library:
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2 Comentários:
Professor Lin viajou a Nova York para cursar seu pós-doutorado e com suas crônicas está nos permitindo compartilhar, de modo bem instrutivo, sua experiência, dando-se ao trabalho de revelar suas descobertas culturais nos caminhos daquela grande cidade. Valeu.
O texto de Chau Ming é muito interessante.Ter a disposição uma biblioteca tão rica como a de Nova Iorque, para quem gosta de ler é um sonho. Na época que cursava filosofia já como ouvinte assistia no curso de letras aulas de grego na UECE, no centro de humanidades tinha que me virar com um dicionário espanhol, pois a maior parte dos livros de grego clássico eram doações de universidades espanholas e as explicações estavam em espanhol, só depois na federal(UFC), é que fiz o curso de grego tendo a disposição uma biblioteca mais rica.Livros os sempre bons e silenciosos amigos.
Bérgson Frota
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