Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

5.5.07

O “GREEN MARKET” OU O ENCANTO DAS FEIRAS


Por
Lin Chau Ming

Introdução do blog:
O professor Lin Chau Ming está cursando seu pós-doutorado na Universidade de Colúmbia, em Nova York. Numa série de artigos publicados no site http://www.fca.unesp.br/, ele conta um pouco de suas experiências no exterior. Via e-mail, o professor Lin autorizou-nos a reproduzir partes de suas crônicas sobre sua experiência em Nova York. O tema aqui abordado será o mercado verde (Green Market) da referida cidade amaricana.

Trata-se de um mercado de pequenos produtores, com venda direta ao consumidor, uma situação bastante desejada por milhares de famílias por aqui, assim como em grandes centros urbanos brasileiros.

Fui comprar em um dos pontos de venda, na Union Square, um dos maiores, que funciona o ano inteiro, quatro vezes por semana, o dia inteiro. Dezenas de pequenas barracas, com diversos produtos, desde peixes, frutas, hortaliças e até pães, doces, geléias, queijos e outros produtos caseiros. Os preços são semelhantes aos de supermercados e têm alguma variação entre as bancas.

Produtos alternativos também podem ser encontrados, como brotos de girassol, batatas de diferentes cores e formatos e outras hortaliças não convencionais. Cenouras amarelas e raízes tuberosas de salsa e uma batata roxa da Rússia me chamaram atenção.

Conversei com alguns dos produtores. São pequenos agricultores, de localidades ao norte da cidade e de outros estados vizinhos, em áreas rurais. Encontrei também membros de comunidades urbanas, em pequenas cidades, que mantêm hábitos mais regrados e alternativos, alguns ex-hippies e que hoje produzem seus alimentos artesanalmente e os vendem na cidade grande.

Estão satisfeitos com o comércio. Não apenas por venderem seus produtos, mas também porque podem ter contato direto com os consumidores, explicando algo sobre os produtos trazidos. Estes por sua vez, podem conhecer melhor os produtos que consomem e também saber um pouco mais sobre como são produzidos.

Todo alimento tem sua história e sempre é interessante sabê-la. Esse contato direto e visitas aos produtores são atividades incentivadas neste tipo de comércio.

As feiras de pequenos produtores são boa alternativa para a venda de produtos agrícolas. Existem muitas em diversos lugares no Brasil e são incentivadas e organizadas pelos serviços públicos de extensão rural, ongs ou mesmo pelos próprios agricultores, através de seus sindicatos ou associações.

Mas para continuarem existindo, deve haver o apoio e participação do outro lado, ou seja, os consumidores. Se não há consumidores, não existem as feiras. Já vi várias dessas feiras deixarem de existir por falta de incentivo e de consumidores.

Prefiro comprar nessas feiras do que em supermercados. Várias são as razões para isso. Primeiro, posso escolher os produtos que quero, sem estes estarem embalados ou ensacados. Gosto muito de ficar escolhendo, uma a uma, cada uma das hortaliças ou frutas que vou consumir.

Meu pai me ensinou um pouco da arte de escolher esses produtos. Acompanhava-o durante suas idas às feiras-livres em São Paulo. Ele também escolhia uma a uma cada hortaliça ou fruta, demorando em cada barraca que comprava. Dava também para provar um pedacinho de cada fruta nas barracas das feiras. Nos super-mercados isso é difícil.

Como saber se uma laranja está boa ou não? A melancia está madura e doce? A experiência nas feiras me ensinou a saber essas e algumas outras respostas.

Outro motivo para minha preferência é o apoio que diretamente eu dou para a continuidade dessas feiras, adquirindo produtos dos pequenos agricultores, habilitando-os financeiramente em seus negócios, plantando ou produzindo mais, e permitindo que o ciclo recomece.

Além disso, são nessas feiras de pequenos agricultores que encontramos produtos agrícolas não convencionais. Devemos consumir a maior variedade possível de alimentos, para nossas necessidades nutricionais e também para poder ter novos sabores, perfumes, cores e formas nos alimentos do dia a dia.

Sempre procurei essa diversidade e sei que são os pequenos agricultores quem ainda conservam essas dádivas da natureza e dos nossos antepassados. A um alimento transgênico posto sem rótulo nas gôndolas dos supermercados prefiro seguramente um rol de hortaliças não convencionais.

Eu gosto muito de comprar em feiras porque eu posso conversar com os feirantes. Nada mais interessante poder bater um papo amigável com quem está produzindo o que iremos comer. Trocam-se experiências sobre os processos produtivos, trocam-se experiências de vida. Conversei com algumas dessas pessoas por aqui e conheci um pouco de suas vidas. Pena que não tinha um pastel de feira para deixar mais familiar a conversa.

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Foto feira: www.senado.gov.br/.../image/agrot_img1.jpg
Foto Prof. Lin: http://www.editorasaraiva.com.br/
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Prof. Lin Chau Ming é engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (1981), doutor em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995) e doutor em Agronomia (Produção Vegetal) pela mesma universidade (1996). Atualmente é professor adjunto da UNESP em Botucatú-São Paulo. É editor chefe da Revista Brasileira de Plantas medicinais. Está hoje em Nova York, na Columbia University, fazendo pós-doutorado na área de Etnobotânica.



3 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

Muito nos alegra a participação do nosso estimado amigo Lin Chau Ming, companheiro de muitos anos do ideal de valorização das plantas medicinais. Considero-o atualmente o maior líder desta área entre os agrônomos.

5.5.07  
Anonymous Anônimo disse...

No relato de Lin Chau Ming, voltei ao ritual das feiras de Ipueiras. Bater na melancia para ver se estava boa de se comer, puxar a primeira casca do abacaxi para saber se estava maduro,provar pequenos pedaços de frutas, ver o aglomerado de gente e frutas traduzindo uma liberdade infinita,enfim,o relato de Lin Chau Ming transportou-me até a pequenina Ipueiras onde provei dos melhores cheiros e sabores.

7.5.07  
Anonymous Anônimo disse...

Fiquei muito feliz em saber que mesmo na terra do Tio Sam existe a possibilidade desse tipo de mercado, valorizando uma produção familiar, artesanal, orgânica e o ritual de se freqüentar um feira, aliás é um baita programa semanal, onde se dialoga e se reconhece quem produziu aquele produto. Lin reforça o quanto o consumidor é essencial nesta dinâmica. Lin é um pesquisador e formador de recursos humanos admirável, sempre a mil por hora. Como ex-aluna dele e Maria Christina Amorozo numa disciplina de pós-graduação Etnobotânica, despertou-me uma área apaixonante dentro das plantas medicinais. Sucesso! Abraço Agda R. Yatsuda Ikuta
00111208@ufrgs.br

29.5.07  

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