O “GREEN MARKET” OU O ENCANTO DAS FEIRAS
Trata-se de um mercado de pequenos produtores, com venda direta ao consumidor, uma situação bastante desejada por milhares de famílias por aqui, assim como em grandes centros urbanos brasileiros.
Fui comprar em um dos pontos de venda, na Union Square, um dos maiores, que funciona o ano inteiro, quatro vezes por semana, o dia inteiro. Dezenas de pequenas barracas, com diversos produtos, desde peixes, frutas, hortaliças e até pães, doces, geléias, queijos e outros produtos caseiros. Os preços são semelhantes aos de supermercados e têm alguma variação entre as bancas.
Produtos alternativos também podem ser encontrados, como brotos de girassol, batatas de diferentes cores e formatos e outras hortaliças não convencionais. Cenouras amarelas e raízes tuberosas de salsa e uma batata roxa da Rússia me chamaram atenção.
Conversei com alguns dos produtores. São pequenos agricultores, de localidades ao norte da cidade e de outros estados vizinhos, em áreas rurais. Encontrei também membros de comunidades urbanas, em pequenas cidades, que mantêm hábitos mais regrados e alternativos, alguns ex-hippies e que hoje produzem seus alimentos artesanalmente e os vendem na cidade grande.
Estão satisfeitos com o comércio. Não apenas por venderem seus produtos, mas também porque podem ter contato direto com os consumidores, explicando algo sobre os produtos trazidos. Estes por sua vez, podem conhecer melhor os produtos que consomem e também saber um pouco mais sobre como são produzidos.
Todo alimento tem sua história e sempre é interessante sabê-la. Esse contato direto e visitas aos produtores são atividades incentivadas neste tipo de comércio.
As feiras de pequenos produtores são boa alternativa para a venda de produtos agrícolas. Existem muitas em diversos lugares no Brasil e são incentivadas e organizadas pelos serviços públicos de extensão rural, ongs ou mesmo pelos próprios agricultores, através de seus sindicatos ou associações.
Mas para continuarem existindo, deve haver o apoio e participação do outro lado, ou seja, os consumidores. Se não há consumidores, não existem as feiras. Já vi várias dessas feiras deixarem de existir por falta de incentivo e de consumidores.
Prefiro comprar nessas feiras do que em supermercados. Várias são as razões para isso. Primeiro, posso escolher os produtos que quero, sem estes estarem embalados ou ensacados. Gosto muito de ficar escolhendo, uma a uma, cada uma das hortaliças ou frutas que vou consumir.
Meu pai me ensinou um pouco da arte de escolher esses produtos. Acompanhava-o durante suas idas às feiras-livres em São Paulo. Ele também escolhia uma a uma cada hortaliça ou fruta, demorando em cada barraca que comprava. Dava também para provar um pedacinho de cada fruta nas barracas das feiras. Nos super-mercados isso é difícil.
Como saber se uma laranja está boa ou não? A melancia está madura e doce? A experiência nas feiras me ensinou a saber essas e algumas outras respostas.
Outro motivo para minha preferência é o apoio que diretamente eu dou para a continuidade dessas feiras, adquirindo produtos dos pequenos agricultores, habilitando-os financeiramente em seus negócios, plantando ou produzindo mais, e permitindo que o ciclo recomece.
Além disso, são nessas feiras de pequenos agricultores que encontramos produtos agrícolas não convencionais. Devemos consumir a maior variedade possível de alimentos, para nossas necessidades nutricionais e também para poder ter novos sabores, perfumes, cores e formas nos alimentos do dia a dia.
Sempre procurei essa diversidade e sei que são os pequenos agricultores quem ainda conservam essas dádivas da natureza e dos nossos antepassados. A um alimento transgênico posto sem rótulo nas gôndolas dos supermercados prefiro seguramente um rol de hortaliças não convencionais.
Eu gosto muito de comprar em feiras porque eu posso conversar com os feirantes. Nada mais interessante poder bater um papo amigável com quem está produzindo o que iremos comer. Trocam-se experiências sobre os processos produtivos, trocam-se experiências de vida. Conversei com algumas dessas pessoas por aqui e conheci um pouco de suas vidas. Pena que não tinha um pastel de feira para deixar mais familiar a conversa.
____________________________________________
Foto feira: www.senado.gov.br/.../image/agrot_img1.jpg
Foto Prof. Lin: http://www.editorasaraiva.com.br/
____________________________________________
3 Comentários:
Muito nos alegra a participação do nosso estimado amigo Lin Chau Ming, companheiro de muitos anos do ideal de valorização das plantas medicinais. Considero-o atualmente o maior líder desta área entre os agrônomos.
No relato de Lin Chau Ming, voltei ao ritual das feiras de Ipueiras. Bater na melancia para ver se estava boa de se comer, puxar a primeira casca do abacaxi para saber se estava maduro,provar pequenos pedaços de frutas, ver o aglomerado de gente e frutas traduzindo uma liberdade infinita,enfim,o relato de Lin Chau Ming transportou-me até a pequenina Ipueiras onde provei dos melhores cheiros e sabores.
Fiquei muito feliz em saber que mesmo na terra do Tio Sam existe a possibilidade desse tipo de mercado, valorizando uma produção familiar, artesanal, orgânica e o ritual de se freqüentar um feira, aliás é um baita programa semanal, onde se dialoga e se reconhece quem produziu aquele produto. Lin reforça o quanto o consumidor é essencial nesta dinâmica. Lin é um pesquisador e formador de recursos humanos admirável, sempre a mil por hora. Como ex-aluna dele e Maria Christina Amorozo numa disciplina de pós-graduação Etnobotânica, despertou-me uma área apaixonante dentro das plantas medicinais. Sucesso! Abraço Agda R. Yatsuda Ikuta
00111208@ufrgs.br
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial