Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

Minha foto
Nome:
Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

20.3.11

O SOM DA CHEGADINHA

Por
Bérgson Frota


De longe o som metálico do triângulo sempre a ser batido com uma pequena varinha do mesmo material, anunciava a vinda da chegadinha, para muitos do chegadinho.
Quando na infância, de férias em Fortaleza, não deixava de apreciar aquelas folhas adocicadas feitas com farinha de trigo, goma, água e açúcar. Amarronzadas e quase dobradas com o formato de um cone bem aberto.
Naquela época eram garotos a vender tal iguaria.
Muitos a levar nas costas um cilindro quase à metade de seus tamanhos, onde estava o produto.
Nas mãos o triângulo e a varinha a tocar.
Hoje poucos a vender se avistam, e se vêem são adultos, a se pensar, seriam aqueles garotos que ao crescerem estão hoje a continuar seu antigo ofício de infância ?
A chegadinha, ou o chegadinho parava a meninada em geral em blocos de apartamentos, antes não murados, nas calçadas, pracinhas, o lugar era onde tivesse o freguês, o que não faltava.
Numa tarde destas, já descendo em direção à praia, passei por um vendedor. Disse-me que desde criança vendia o produto, e que a chegadinha ou chegadinho, quem dava o nome era o freguês, para ele a renda era o que importava.
Com certa alegria me vendeu uma farta porção.
Pedi para fotografá-lo e assim, de boa vontade posou.
Despedimo-nos como velhos amigos que haviam se encontrado.
Olhei afastar-se lentamente, como a lembrar de quando criança, saboreando a casca fina e doce, acompanhava com a vista, curiosamente, o garoto que partia, até sumir, tocando para todos o seu instrumento.
Ao ouvir novamente aquele som até ficar fraco e distante, certa nostalgia me veio, era como se o tilintar, o cheiro e o sabor daquela iguaria, momentaneamente me tivesse reportado aos bons e doces tempos da infância.

_____________________________

Foto do vendedor: acervo do autor.
_____________________________

.
Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.
.
NOTA DO BLOG: Este assunto é de uma singeleza ímpar . O blog tomou a liberdade de, em anexo ao magnífico texto do cronista, postar uma foto de duas belas garotas soboreando chegadinhas.
Fonte: site:fotolog.com.br/vxy/19401946

6 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

Mais uma cena do cotidiano de Fortaleza, captada magistralmente pelo cronista Bérgson Frota. São temas como esse, caro Bérgson, que fazem a riqueza de seu trabalho! Parabéns!

20.3.11  
Blogger Dalinha Catunda disse...

Olá Jean parabéns por postar os significantes escritos de Bérgson.
Olá Bérgson,
Fiquei com água na boca. É dificil ler seu texto sem sentir vontade de repetir os sabores do passado.
Meu abraço
Dalinha Catunda

20.3.11  
Anonymous Carla Fontenele disse...

Um gostosos tempo ao som do tilintar.

22.3.11  
Anonymous Heloisa disse...

Essa iguaria remanesce até os dias de hoje com o mesmo ritual! Fantástico!Parabéns pela matéria, professor!

24.3.11  
Anonymous Carla Melo disse...

Um doce de artigo, que bom ter vivido minha infância e nela saboreado com gosto a chegadinha.

25.3.11  
Anonymous Pedro Ailton disse...

Parabéns pelo artigo amigo, sua cultura e curiosidade sempre me fizeram admirá-lo.

26.3.11  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial