COMEMORANDO O DIA DO RÁDIO
Por
Dalinha Aragão
(A José Arimatéia Catunda)
As desventuras da vida
Não arrancaram o sorriso
Que ilumina seu rosto.
Continua seu ofício.
P'ra ele não é sacrifício
Permanecer em seu posto
Sei que, em sua humildade,
Até hoje ainda não sabe
Seu verdadeiro valor.
Foi tal ser iluminado
Que embalou, no passado,
Os nossos sonhos de amor.
Foi ele a trilha sonora
Das tristes e alegres histórias
Que nossa gente viveu.
Foi ele a alma da praça,
Que se enchia de graça
A cada anoitecer.
Foi ele o som de Ipueiras
Naqueles anos dourados.
Ouvíamos recentes sucessos
Por ele selecionados.
Era Ipueiras cantando
Como se um mundo encantado.
É ele o valente guerreiro,
Que animou sem parar,
Mantendo, com alegria,
A Vale do Jatobá,
Rádio que deu vida e voz
Ao nosso pequeno lugar.
É ele uma andorinha,
”Sozinha fazendo verão”,
Espalhando suas músicas
Como nos tempos de então,
Arrancando doces suspiros
De quem viveu de emoção.
É ele a saudade constante
Dos incorrigíveis amantes,
Que sonham com antigos amores.
É ele o bolero tocado,
Tocando-nos o fundo da alma,
Na busca dos velhos sabores.
Orquídeas, rosas, violetas
Certamente não foram em vão.
Formam um buquê de saudades
Que trago em meu coração.
Regadas com todo o carinho,
Por certo não murcharão.
Às vezes, me pego cantanto,
Em meu jeito de cantar...
"Por que não paras relógio?
"Não cessa o teu badalar!"
Quero passear na avenida,
Ouvindo a rádio tocar.
Mas a avenida está distante
E até de nome mudou.
Do testamento de Judas,
Só a saudade ficou.
"E agora José?"
Será que o sonho acabou?
A Arimatéia Catunda,
Minha eterna gratidão.
Pelo som de suas músicas
Gerando amor e paixão.
Como eu, muitos amigos
Viveram a mesma emoção.
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Foto de Arimatéia: acervo de Bérgson Frota_______________________________
Maria de Lourdes Aragão Catunda – POETISA, ESCRITORA E CORDELISTA. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio:
http://www.cantinhodadalinha.blogspot.com/
6 Comentários:
E agora José ? Grande sensibilidade no trabalho de Dalinha, encerrando-o com um bela e já histórica frase do acervo poético brasileiro, como homenagem e resgate pela lembrança da figura sofrida mas batalhadora, símbolo marcante de um ipueirense que assim como ela é um batalhador. Parabéns.
Bérgson Frota
Dalinha que linda homenagem ao Dedé,fiquei comovida, você me fez voltar aos tempos em que passeava naquela praça e com as amigas acompanhávamos as músicas que ele punha na rádio, as paqueras,que momentos maravilhosos, tudo isso devemos a este grande e forte homem. Obrigado Dedé, obrigado Dalinha.
Dalinha, em minha casa lemos em grupo estes seus versos. A mesma turma que V. já conhece: Eu, Heloisa, Vanessa e Ivan. Emocionamo-nos, principalmente eu e Heloisa pois os versos estão belíssimos. Nosso ídolo José de Arimatéia merece. Parabéns.
Valeu Dalinha, esperava um trabalho seu deste quilate, não que os outros fosse menos merecedores, mas este me tocou, homenagear o Dedé mostra como é generosa sua alma, seu talento e a sua sempre disposição como a de Bérgson Frota em estar divulgando coisas e vultos importantes da nossa Ipueiras. Nota 10.
Bonita poesia sobre o Arimatéia "Dedé", faz tempo que não vou a Ipueiras foi bom saber que ele ainda está bem. Um dia mato a saudade, quem sabe neste fim de ano.
O Dedé continua com suas músicas é uma pessoa maravilhosa, de bem com a vida e marcou uma época boa de Ipueiras, e continua trazendo o passado para o presente em forma de música. Agradeço a cada um de vocês pelos comentários.
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