Por Marcondes Rosa de Sousa
"Cansei". Esses, os "braços cruzados" de crítica a se alastrar pelo país a nossos políticos, no piquenique de seus pessoais interesses, sob a sombra dos pés de murici. Partidos, a se repensar.
E, com tal intuito, convite para a abertura de vias novas à "social-democracia brasileira". Volto a 1984, a ouvir, retornado ao País, Celso Furtado , a nos falar de sustentável desenvolvimento para o Nordeste e o País, a unir toda uma geração num "projeto de mudanças", passos da social democracia brasileira, aqui a nascer "do barro do chão".
Novo século e milênio! Lembro-me do embaixador Jadiel de Oliveira, na Fiec, a nos falar do "socialismo do Séc. XXI", a brotar no oriente, onde, pragmáticos, os direitos sociais precediam os políticos. Modelo para o Brasil, possível se a partir do Ceará, "onde o sol libertário sempre nasce mais cedo"...
O Brasil vive agora o fugaz pregão das bolsas - a do mercado e a do bolsa-família, desatento à história e amanhã seus. Em nossa democracia, julgamos, críticos, nossa política, o bode-expiatório de nosso fracasso histórico.
Tempo de mudar tal quadro. Ver a democracia como o multicultural diálogo de uma sociedade em seus direitos, sob a feição do verbo pelos intelectuais, a ação pelos gestores e o tato pelos políticos.Oásis, o sugestivo nome do hotel onde transporemos a aridez de nosso deserto político, neste 27 de agosto.
A calhar, se, de volta, trouxermos o otimismo de Celso Furtado , em sua cinebiografia "O longo amanhecer", por entre os ciclos políticos e a dialética de riquezas e limitações, rumo ao sustentável desenvolvimento, a se embasar no trabalho.
E a humildade que, a nós, então "nova geração", nos deixava ele em 1984: "que ela aprenda, com nossos erros, a restabelecer a fé no futuro deste País, que, aparentemente, se desgastou muito".
___________________________________
Texto publicado originalmente no jornal O Povo ("Opinião"), de Fortaleza-CE, em 20/08/2007 .
___________________________________
___________________________________
Marcondes Rosa de Sousa, advogado, é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (UECe). É uma das maiores autoridades em educação do Brasil. Ex-presidente do Conselho de Educação do Ceará e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, é Colunista do jornal " O Povo ", onde mantém seus artigos quinzenais.
2 Comentários:
Esse é um artigo para ser lido e re-lido. Impecável no estilo, ele traz uma mensagem concreta de esperança em meio ao aparente caos em que estamos imersos, como brasileiros. E o faz remontando aos anos 80, transição de um regime de excessão para a democracia, com o apelo ao ideário atualíssimo do saudoso Celso Furtado, um ícone do saber sobre o desenvolvimento econômico.
Bem colocado pelo autor, o dilema do pregão das duas bolsas: a de valores e a "família". Uma, o coração do sistema financeiro. A outra, do assistencialismo, que de emergencial pode se tornar institucional, gerando acomodação do eleitor. O trabalho sim, gerando dignidade. O desenvolvimento, a meta. Celso Furtado, a inspiração. Parabéns ao prof. Marcondes.
Heloisa Amaral da Silva
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial