Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

23.8.07

JOSÉ COSTA MATOS, POETA E ESCRITOR

JOSÉ COSTA MATOS, POETA E ESCRITOR
Por
Jean Kleber Mattos


Na qualidade de gestor do blog Suaveolens, intentei homenagear os heróis de minha infância e o primeiro destaque seria o meu padrinho de crisma, o poeta e escritor ipueirense José Costa Matos.

Não sendo eu um intelectual, não me senti apto a compor um texto que faça justiça a um poeta e escritor da estatura de Costa Matos, membro da Academia Cearense de Letras. Propus-me portanto a citar alguns recentes depoimentos sobre ele, vários dos quais encontram-se em modestas crônicas de minha autoria, publicadas nos blogs relacionados a Ipueiras. Fiz buscas na mídia, obviamente para evitar que minha abordagem resultasse demasiado doméstica. Desta forma, seguem-se as citações abaixo:

Na crônica “Ipueiras de Fé”, publicada no blog http://primeiracoluna.blogspot.com/ no dia 15.08.2006, escrevi:
“O primeiro casamento religioso que eu vi, foi em Ipueiras. Final dos anos quarenta, século vinte. Foi o casamento de meu padrinho de crisma, José Costa Matos com a ipueirense Alderi Moreira. Quando se é criança vê-se tudo maior. Daí, foi a cerimônia mais grandiosa que testemunhei nesta vida. Bonita e poderosa. Paramentos de gala com as cores do Vaticano. Fios d’ouro à vontade. Padre Francisco Correia Lima, o vigário, oficiou.”

Na crônica o “O Jipe Voador”, no mesmo blog, no dia 15.02.2007, relatei:
“Oito anos após o êxodo para Fortaleza, voltei a Ipueiras. Estava com dezesseis anos.Viajei de trem com minha mãe, Mundita Matos e a prima dela, Carlinda. Curta permanência. Apenas alguns dias. Hospedamo-nos na casa de meu padrinho, Costa Matos. Lá, fui apresentado a um sobrinho da Alderí também adolescente e hóspede em férias. Bom companheiro. Em moda na TV da época, os espetáculos marciais: “Tele Catch”. À tarde, para diversão das crianças, Lalú e Carlito, filhos do Costa Matos, simulávamos uma luta de boxe como na TV. Encarapitados nos berços e redes, os meninos divertiam-se com o “show”. Volta e meia um golpe mais duro escapava. Pedidos de desculpas. Não lembro hoje o real nome do colega, pois Costa Matos, exímio em colocar apelidos, o chamava de “Galante”. Uma óbvia referência ao perfil de paquerador, com capricho no vestir e pentear que lhe compunham a figura”.

No blog de Ipueiras, http://www.grupos.com.br/blog/ipueiras, na crônica “A Volta da Viagem”, de 07.08.2006, escrevo: ”Lembro-me, em 1954, de Costa Matos, a esposa Alderi, e os filhos Carlito e Lalú ainda muito crianças, passando dias lá em casa” (aí, uma referência ao reencontro de ipueirenses em Fortaleza após o êxodo).

No mesmo blog e na crônica “O Vocabulário do Rio Jatobá” de 03.06.2006:
”Um dia o rio Jatobá transbordou. A cheia do rio. A correnteza. Flocos de espuma. Pouquíssimos, pois ainda não conjugávamos o verbo poluir. Meu padrinho de crisma, José Costa Matos, levou-me para ver. Minha mãe nos acompanhava. O padrinho José foi o herói do dia. Entusiasmado com o espetáculo das águas, lançou-se ao rio enfrentando a correnteza. Nadou nas águas perigosas. Parecia um peixe. Um dia inesquecível para mim. O nadador seria em futuro próximo o famoso Costa Matos, poeta e escritor reverenciado no meio literário cearense. Se bem me lembro, naquela época ele acabara de lançar seu primeiro livro de poesias, “Pirilampos”.

Mais recentemente, em janeiro de 2007, publiquei “A Viagem de Nossas Vidas”, também no blog de Ipueiras, onde relato: “À noite foi o jantar no apartamento do Carlito Matos, meu primo, na companhia de Costa Matos, a esposa Aldery e mais os netos e a nora. Reviramos saudades, como diria Walmir Rosa. Vimos um “show” exclusivo e doméstico do Carlito, grande compositor e intérprete, misto de engenheiro de pesca, compositor, músico e humorista. Impagável! Bebemos à sabedoria de Costa Matos, que presenteou-me com quatro obras literárias premiadas de sua autoria: “Na Trilha dos Matuiús”, “Estações de Sonetos”, “O Rio Subterrâneo”, “O Povoamento da Solidão”, alem de seu Discurso de Posse como membro da Academia Cearense de Letras. “

O ipueirense Luiz Alpiano Viana assim inicia sua crônica “Memoráveis Lembranças e Doces Recordações”, publicada no blog http://suaveolens.blogspot.com/ em maio de 2007:
"Eu devia ter escrito, eu devia ter pensado, eu devia não dizer nada ..." Foram essas as palavras usadas inicialmente por Costa Matos, no discurso de inauguração da Praça Sebastião Matos, seu genitor, em frente ao Colégio Estadual Otacílio Mota. Era noite e ainda me lembro como se fosse hoje.

A praça estava completamente tomada pelo público para ouvir o discurso de um dos mais ilustres ipueirenses. Culto, inteligente e admirado por todos, Costa Matos é sinônimo de cultura e referência para seu povo. Ele estava atrasado para a solenidade de inauguração. Finalmente chegou, e foi direto para junto do busto de seu pai. Via-se, então, no semblante das pessoas um ar de expectativa.

O povo se acotovelava cuidando para ficar mais perto do orador, por se tratar de uma oportunidade rara. Suas palavras soavam num ritmo cadenciado e afetivo, como se tivesse vivendo o melhor dia de sua vida. Era um momento de glória, sem dúvida! Atentas, as pessoas só cochichavam e ao mesmo tempo afinavam o ouvido num comportamento primoroso de atenção e respeito para melhor ouvi-lo.

O silêncio era tangível; sabia ele que ali se encontravam todos os estudantes do Colégio de que já fora diretor, bem como políticos e admiradores de todas as idades. Professor Antônio Simões ficou bem distante, de braços cruzados, isolado, com aspecto de ansiedade como um fã apaixonado que quer ver seu ídolo em ação. Quando alguém falava mais alto havia sempre quem pedisse silêncio.

Que delícia! O evento inaugural durou pouco menos de uma hora. Foi um deleite para todos os presentes e um ato inesquecível para a cidade. Quando a festa terminou, ouviam-se grupinhos aqui, ali e acolá, elogiando o poeta e escritor. Os comentários eram sobre a invejável oratória que acabavam de ouvir”.

Li com emoção os livros que ele me deu. “Na Trilha dos Matuiús” fez-me reviver minha infância em Ipueiras e “Estações de Sonetos” lavou-me a alma. A poetisa Dalinha Catunda afirmou-me ser este o seu predileto. Mas fui além. Queria ler mais. Daí, “ganhei” a Internet.

Viajando nos sites encontro facilmente várias citações do poeta e escritor José Costa Matos, como a de Nilto Maciel, de 27/5/2006, no Panorama do Conto Cearense-Parte III: "José Costa Matos (Ipueiras, 1927), poeta, contista e romancista, tem alguns livros de poemas e é autor do volume Na Trilha dos Matuiús (1998), um dos vencedores do II Prêmio Ceará de Literatura, de que resultou livro com este título, em 1995. Está presente em algumas antologias, como O Talento Cearense em Contos, com "Incêndio na Pedra". Ganhou alguns prêmios literários fora do Ceará. Membro da Academia Cearense de Letras” (www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=1393 - 100k).

Dimas Macedo, poeta e escritor, em seu artigo Literatura e Escritores Cearenses, cita-o em 2005, no site http://www.oboe.com.br/: “Já Costa Matos, nascido poeta ainda na década de 1940, atravessou as décadas seguintes fiel ao ideário da sua vocação, tendo recentemente (1997) estreado como romancista, sendo desta forma merecida a sua inserção nos quadros da literatura cearense atual”.

Encontro, na minha busca, artigos de Costa Matos no Diário do Nordeste, do que é exemplo o “Janela para o Ano-Novo” de 24/12/2006, mensagem de Natal transformada símbolo de esperança, com um fecho harmonioso e sobretudo belo: “Tempos de sofrimento na civilização do estresse. Mas neste Natal, janela aberta para o Ano-Novo, cumpre sustentar o pensamento destes dois versos: “Deus tem oficina de salvação/ depois da última curva da esperança”.

E quando nos apresenta Marco Maciel, novo membro da Academia Brasileira de Letras, sob o título “Modelos Para a Juventude” na secção Opinião do mesmo jornal, em 15 de Agosto de 2004, um primor de parágrafo ao final: “Não há como esconder que Marco Maciel, esse viajante dos altiplanos do sucesso, merece a visão dos novos olhos de Marcel Proust. Sua humildade cristã quase o silencia. Mas se a inveja social silenciar seu exemplo aos moços, a esses que ainda sustentam alguma fé no futuro deste País, até as pedras dos caminhos gritarão o seu nome. Como na metáfora do Evangelho”.

Não menos eloqüente, na crônica “Verdade em João Paulo II”, no mesmo jornal em 16 de maio de 2005, a conclusão: “Do alto da lógica de Deus e do tempo de Deus, acima da percepção da sociedade que tanto discute a problemática nacional, o papa João Paulo II afirmou esta surpresa:
- O Brasil precisa de santos.”

Eu não poderia finalizar de melhor forma que transcrevendo, de “O Povoamento da Solidão”, os versos de minha preferência:

ENIGMA
Que sábia mão escreve a profecia
das chuvas
no êxodo miúdo das formigas?
__________________________________
Foto do poeta José Costa Matos: clicada em Fortaleza, pelo gestor do blog, em janeiro de 2007.
Figura de vagalumes: http://www.uol.com.br/
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Jean Kleber de Abreu Mattos, cearense, nascido em Fortaleza, viveu em Ipueiras dos dois aos oito anos de idade. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco. Atualmente doutor em Fitopatologia, é professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

10 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

Não sou suspeito ao homenagear meu tio-primo e padrinho de crisma, José Costa Matos. O poeta é consenso no Ceará e alhures como um gênio da poesia e também do conto. Ele foi sempre alvo da admiração e do afeto de todos em minha casa, motivo de orgulho para todos nós. Não bastasse isso sempre tratou a todos, sobrinhos, afilhados, primos e agregados, com excepcional afeto e bom humor. Ainda lembro de todos os "apelidos" que pôs em mim. Sua benção, padrinho!

23.8.07  
Anonymous Anônimo disse...

Jean Kleber,
As vezes queremos homenagear e nos sentimos pequenos diante da grandeza de um poeta do calibre de Costa Matos. digo calibre, porque ele sabe como ninguém usar a palavra, essa arma poderosa, que é um dom divino.Dele recebi o livro:"Estações de Sonetos" com dedicatória onde cita minha tia Isa Catunda.
Já estava sentindo falta de suas crônicas, realmente essa, é especial.

23.8.07  
Anonymous Anônimo disse...

Trabalho de rara descrição e riqueza de sentimentos, bem conjugados com memórias ricas e coloridas terminando num grande texto à homenagear um homem, um nome e um orgulho pra Ipueiras, José Costa Matos. Parabéns ao autor pela sensibilidade que soube expor a bem tratada narrativa.

Bérgson Frota

23.8.07  
Anonymous Anônimo disse...

Costa Matos é um grande escritor, romancista e poeta, valor de sua cidade e do Brasil, louvemos a merecida e muito justa homenagem à este "pequeno homem" de gênio gigante.

24.8.07  
Anonymous Anônimo disse...

José Costa Matos é um nome que se destaca na literatura como prosa e poesia do Estado do Ceará, seus trabalhos são aqui em Mogi das Cruzes respeitados e estudados. Feliz homenagem ao grande escritor.

24.8.07  
Anonymous Anônimo disse...

Poeta, escritor e notável contista. José Costa Matos trilha sua caminhada de sucesso como grande literato da língua portuguesa na atualidade.

26.8.07  
Anonymous Anônimo disse...

Professor, homenagear � um gesto nobre, achei maravilhosa esta bela homenagem ao seu padrinho. Parab�ns. Abra�os. Bom Domingo!

2.9.07  
Anonymous Anônimo disse...

Jean, através de vc e de muitos outros admiradores e conterrâneos assim como sua professora Isa Catunda de 96 anos e ainda lúcida, conheci algumas poesias e prosas deste ilustre prof. Costa Mattos. Carlito, seu filho foi meu colega em Brasilia, quando trabalhavamos na extinta SUDEPE, hoje IBAMA. Sempre admirei esta familia maravilhosa, principalmente a Alderi, onde sempre a encontrava quando vinha visitar o filho. rsrsr este comentário acabou se transformando em um relato, mas vai assim mesmo. Abços

2.9.07  
Anonymous Anônimo disse...

Costa Matos é sinônimo de luz, de beleza e de encanto.Tenho lindas recordações do antigo casarão onde hoje funciona a biblioteca municipal.Lá na sobrado eu lia os livros deixados numas estantes que até hoje guardo na minha memória.Amo esse poeta que toca no fundo da alma com suas sábias palavras.

22.10.12  
Anonymous zionete moreira disse...

Meu poeta, suas poesias muito me agradam.

22.10.12  

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