Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

22.9.07

MAIS DO EFEITO ESTUFA

Por
Lin Chau Ming

Acabei de assistir ao filme An inconvenient thuth, de Al Gore. Ganhou o Oscar deste ano, como melhor documentário. Não gostei do estilo do filme, me pareceu muito a uma peça publicitária do ex-vice presidente dos EUA e candidato derrotado na primeira eleição do atual presidente, apesar dos problemas havido das urnas e da contagem dos votos na Flórida, lembram-se disso?
Li uma reportagem com ele e quando perguntado se seria candidato novamente, depois do prêmio, disse que o que o preocupava agora era poder levar sua mensagem a todos os cantos do mundo. Ver para crer.

Apesar de não ter gostado do filme, fiquei impressionado com algumas informações apresentadas e também de suas imagens. Nunca havia visto imagens de tantas partes do mundo que estão correndo sérias ameaças. Imagens que não mascaram a realidade, que mostram que se não fizermos nada, em poucos anos, estaremos em um planeta extremamente alterado, para pior, corroborados por dados científicos, que mostram uma tendência do aquecimento global, em especial, dos anos recentes.

Os Estados Unidos são responsáveis por cerca de 30% da emissão do gás carbônico em nível mundial. A América do Sul por cerca de 3,8%, segundo informações do filme. Ao contrário do Brasil, cuja maior porcentagem se refere a processos associados a atividades agrícolas, nos Estados Unidos e nos países desenvolvidos, se referem a atividades industriais. A China avança a passos largos, como todos sabemos, contribuindo para o aumento do efeito estufa, com a construção de praticamente uma fábrica que usa combustíveis fósseis por dia.

Li num jornal aqui, que a cidade de Nova York é responsável por 1% do total americano, semelhante ao índice da Irlanda ou Portugal.. Fazendo as contas por número de habitantes, não é a pior média. Porém, cerca de 79% do total novaryorkino sai dos prédios da cidade. Sim, por incrível que pareça, a contribuição dessa cidade se refere a atividade existentes nos edifícios e arranhas-céus, que aumentou 8,5% na última década e se espera um aumento de 25% até 2030..
O principal vilão dessa história são os sistemas de aquecimento dos prédios. Como aquele que pude conhecer e relatar um pouco. Não tinha me apercebido disso, mas refletindo melhor, o consumo de combustível fóssil per capita nos prédios é muito grande.

Mesmo que não queira, todo morador daqui contribui para o aquecimento global. Todo prédio é obrigado por lei a manter tal sistema de aquecimento central. As despesas de consumo de energia elétrica e de gás do fogão são pagas pelo inquilino, todo mês recebo a conta desses dois serviços, que são feitos por uma mesma empresa, a conEdison, que leva esse nome em função do nome de seu fundador, Thomas Alva Edison, sim, aquele que inventou lâmpada elétrica, além do fonógrafo, da máquina de filmar, as pilhas elétricas e que teve outras milhares de patentes registradas em seu nome.

A energia elétrica é produzida por diversas formas, mas há ainda termo-elétricas, que usam carvão mineral, a um consumo de cerca de 50 kg por habitante/ano na cidade de Nova York, segundo estatísticas de um grupo ambientalista da Columbia (Go Green Columbia). Fazendo as contas pelo número de habitantes, é possível imaginar a quantidade gasta desse minério.

As despesas de combustível para a caldeira que aquece a água e os sistemas de aquecimento são por conta, na maioria dos casos, dos landlords, ou seja, são os proprietários dos imóveis que arcam com isso, apesar de eu achar que essa despesa já está embutida no valor do aluguel, que está pela hora da morte nessa cidade.

Então, os rolos de fumaça escura (às vezes branca) que saem de todos os prédios daqui indicam que o problema não está resolvido ainda. Algumas alternativas são possíveis para diminuir essa emissão de gases e a cidade já está tomando algumas providências, como por exemplo, usando veículos com combustível alternativo (os ônibus são um híbrido de sistema elétrico e diesel), utilização de metano produzido nos aterros sanitários, lâmpadas mais eficientes, substituição de veículos mais poluentes e plantio de mais árvores em toda a cidade.

E todos podemos fazer um pouco. Eu contribuo aqui no apartamento onde moro reciclando os materiais, guardando os sacos plásticos, apagando as luzes em cômodos não utilizados, abrindo as cortinas para aproveitar a luz natural e tomando meu banho bem rápido, resultado da experiência com o apagão no Brasil, anos atrás, mas também pela situação mundial, juntando necessidade de diminuir a emissão dos gases com a necessidade de se economizar água.

É uma ação pequena, individual, mas é um começo. Cada um deve contribuir, mesmo que seja em iniciativa inusitada, como a de um político na Inglaterra que afirmou não dar descarga toda vez que ia ao banheiro urinar, por economia de água, para ojeriza da rainha.
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Foto Por-do-Sol: Microsoft
Foto Lin Chau Ming: http://www.editorasaraiva.com.br/eddid/ciencias/
biblioteca/artigos/selva.html
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Lin Chau Ming é engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Ensino "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (1981), doutor em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996) e doutor em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995). Atualmente é professor adjunto da UNESP em Botucatú-São Paulo. É editor chefe da Revista Brasileira de Plantas Medicinais. Neste ano (2007), está em Nova York, na Columbia University, fazendo pós-doutorado na área de Etnobotânica.

4 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

Matéria atual e importantíssima, o aquecimento global é tratado nesta crônica de Lin Chau Ming com a intimidade com que ele consegue abordar assuntos polêmicos e fundamentais. Sempre com uma sugestão de atitude para o dia a dia. Sempre com um compromisso. Parabéns.

23.9.07  
Anonymous Anônimo disse...

Também assisti o filme e concordo com as considerações do Lin, aquem quero parabenizar pela matéria. Um detalhe que me chamou a atenção no filme, talvez até mais do que a extensão do comprometimento ambiental do planeta, foi que o autor começa o filme se questionando por que as pessoas não se preocupam com a questão ambiental.... e, em tese, sai pelo mundo para descobrir esta questão... e encerra o filme sem tocar no assunto (?).

25.9.07  
Anonymous Anônimo disse...

Eu acho que a questão ambiental é como a violência. Achamos sempre que nunca seremos a vítima. O máximo que podemos fazer é rezar para que nada nos aconteça, sem de fato tomarmos o mínimo de atitude para melhorar a situação.
Dalinha Catunda

25.9.07  
Anonymous Anônimo disse...

Lin Chau é um verdadeiro ecologista e acima de tudo antenado no presente e nas fortes e drásticas mudanças climáticas que a cada dia nos afetam. Não assisti ao filme, mas ouvi comentários, parabenizo o autor pelo trabalho sóbrio e alertante.

Bérgson Frota

1.10.07  

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