SAUDADES DO CINE AZTECA DE IPUEIRAS
As cidades mais antigas do interior do Ceará em sua maioria tiveram no passado e hoje poucas têm, um cinema que em alguma época levou as fantásticas histórias da sétima arte para embalar a vida de seus habitantes.
Ipueiras teve um cinema que deixou muitas saudades.
Era o Cine Azteca.
Muitos filmes foram passados na pequena e sempre cheia sala de projeção deste cinema interiorano. Havia matinês com os seriados americanos em preto-e-branco que sempre deixavam um gancho para continuação, sem falar nos famosos filmes de Tarzan que traziam para a garotada a imagem exótica e artificial da África e seus nativos.
Fazia também a alegria da meninada os pequenos trechos de celulóide que sempre eram cortados das fitas e catados com avidez por eles, para depois fazerem seus próprios filmes.
Era costume na década de 60 em Ipueiras ir ao cinema sábado à noite e também aos domingos. No Azteca muitos namoros nasceram e deles saíram vários casamentos.
Na época em que a televisão era só uma novidade ainda distante, o cinema levou para os ipueirenses filmes célebres e noticiários quase sempre de futebol do famoso Canal 100. Assim foi o Azteca durante quase toda a década de 60, porém antes mesmo de começar os anos setenta o cinema já não mais existia. A televisão que havia chegado na cidade, primeiro com o televisor público, acabou com a magia da sala escura.
Nesta época cinemas de outras cidades também fecharam, a rede de distribuição de filmes que muito lucrara restringiu-se às grandes cidades, finalizando um ciclo cultural que enquanto durou, beneficiou a muitos municípios.
Hoje Ipueiras é uma cidade antenada com o mundo, porém o cinema não foi ainda plantado no seu atual desenvolvimento. Só o nome do primeiro e mais duradouro cinema ficou, e restou aos mais antigos a lembrança da tela branca do Azteca, que se enchia de cores e movimentos, sempre que as luzes eram apagadas, fazendo a fantasia dos filmes trabalhar a emoção na alma de seus inúmeros espectadores.
(Publicado no jornal O Povo de Fortaleza em 07.05.2006)
3 Comentários:
O tema é rico. Bérgson destaca o cine Azteca que significou um progresso como sala de projeção. Antes dele,lembro-me do Salão Paroquial e do salão da prefeitura como áreas disponíveis para passar filmes. Os do "Carlitos" faziam sucesso. Não conhecí o Cine Azteca. O artigo é mais uma valiosa garimpada do pesquisador Bérgson Frota na história de Ipueiras.
Trabalho lindo sobre o cinema. Não conheço a cidade nem o autor, mas a narrativa é uma homenagem à sétima arte. Parabéns.
O cine Azteca foi onde lá em Ipueiras assistí ao filme da minha vida, "dio come ti amo", e conhecí meu esposo. Não sou de Ipueiras e moro longe hoje, mas tenho uma lembrança muito terna deste cinema.A homenagem é justa e se fazia necessária.
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