Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

21.5.07

IPUEIRAS, PRAGAS E PLANTAS


Por
Dalinha Catunda

Ipueiras durante muito tempo nos encantou com seus pés de fícus. Árvore frondosa de copa ampla que arborizavam ruas e praças dando um colorido especial a graciosa cidade.

Era debaixo dos fícus que a galera de tempos atrás se reunia para namorar, conversar, tocar violão, brincar de lado esquerdo e passar o anel, entre outras coisas. Antes e depois das missas e das festas era o "point" preferido da rapaziada para o comentário geral.

Eis que um dia apareceu para desgraça da árvore e a infelicidade de seus apreciadores o tal lacerdinha. A cidade literalmente chorou, pois o minúsculo inseto ao cair nos olhos dos incautos, ardia tanto quanto pimenta. Assim, o fícus antes tão amado passou a ser visto com maus olhos pela população agastada com a situação.

A peste do lacerdinha foi maior que a grandeza do fícus que tendo as folhas enroladas, perdendo sua graça e utilidade em conseqüência da praga, aos poucos foram sendo cortados,até saírem por completo de circulação.

Não sei por que cargas d'água os pés de algarobas também se foram, sumiram do mapa, talvez queima de arquivo.

Hoje do fícus, só fotos e recordações, pois cortaram o mal pela raiz e o lacerdinha desalojado também sumiu no espaço.

Mas nem só de lacerdinha morre-se de raiva. Ipueiras de tempos em tempos, ela abriga uma praga que dá de dez a zero no lacerdinha, é o potó. Esse é cruel!

Não tenho bem certeza, mas acho que eles chegam com as chuvas. Era o terror das meninas. Pense! Dormir feliz e acordar mijada de potó, e muitas vezes véspera de festas... A consideração do inseto com o ser humano eram nenhuma, pois os lugares escolhidos para lhe servir de penico eram os piores possíveis: pescoço, axilas, olhos, braços. E mais, sendo nas juntas, o lado afetado passava para o outro.

Só quem já foi "premiado" com a mijada do potó sabe exatamente o que é passar por isso. Queimaduras que viram bolhas, depois uma mancha horrorosa escura e “haaaja” tempo para sumir de vez.

Só depois de algumas leituras vim saber que o potó ao ser esmagado contra o corpo, expele uma substância chamada pederina responsável pelo estrago feito por ele. Se afastado com um sopro ou um peteleco nada acontece. Porém, nem sempre ele é visto por sua vítima, e na calada da noite, faz sua festa.

Entre as plantas que arborizavam Ipueiras eu tinha e tenho uma paixão especial pela carnaubeira, tanto tenho que preservo um carnaubal em meu sítio. Esta não foi atacada por nenhuma praga.

É uma árvore nativa que suporta bem o nosso clima, porém foi expulsa do centro da cidade pelo progresso que inevitavelmente chega, asfaltando os verdes sonhos que ficarão apenas na memória.

Nos arredores da cidade ainda se vê a imponente palmeira, em grande numero, tirando belos acordes ao vento.

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1.Foto do Lacerdinha (Gynaikothrips ficorum (Marchal).
creatures.ifas.ufl.edu/orn/thrips/Cuban_laure
2. Foto do potó (Paederus irritans) sisbib.unmsm.edu.pe/BVRevistas/dermatologia/v...
3.Foto da lesão do potó no pescoço: sisbib.unmsm.edu.pe/BVRevistas/dermatologia/v...
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – POETISA, ESCRITORA E CORDELISTA. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É co-gestora convidada do blog Suaveolens.

4 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Grande poeta, há algum tempo acompanho seu trabalho, seja através dos comentários feitos aos textos do prof. J. Kleber, ou lendo seus belíssimos versos. Senti-me honrada ao receber um comentário seu ao texto publicado neste blog, obrigada!

22.5.07  
Anonymous Anônimo disse...

Angela,
Parece um rasgar de sedas, mas tenho um grande prazer em prestigiar pessoas que gostam e fazem da palavra sua arma maior. E você e uma delas. Prazer maior e dividir esse espaço do Jean Kleber com mais uma poeta. Quem carrega a poesia na alma, vê a vida com outros olhos. Avante!!! poeta.
Dalinha Catunda

22.5.07  
Anonymous Anônimo disse...

A queimadura do potó é bom passar gasolina...pois ela é fria e queima o mijo do inseto.

2.7.08  
Anonymous Anônimo disse...

olá obrigado pelo argumento sobre esses dois insetos.
como vc tinha falado que a praga tinha acabado, não acabou não
na minha cidade também tem pé de ficus e logo quando chegaram não tinha o inseto chamado lacerdinha, mas agora todos o pés da minha cidade tem esse maldito inseto. e não podemos fazer nada.

para falar comigo escreva por e-mail para mim.
oaiht@hotmail.com.

4.7.08  

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