Por
Marcondes Rosa de Sousa
Dizem os dicionários que trote nas universidades, é troça de veteranos a receber calouros.
Humilhações que, por vezes, beiram o desrespeito e o crime até. Herança de medieval elitismo, insulado por fossos: os eleitos a submeter os impuros a estranhos rituais de iniciação.
No Ceará, a Faculdade Evolutivo quer mudar esse quadro. E, nesta sexta, recebe os alunos seus de turismo (novos e antigos), em abraço pela administração e docentes. Isso, em aprazível ambiente: na boate a esses aberta pelo Hotel Vila Galé. A festa diz, no fundo, que o aprender, a se transversalizar nos currículos, é prazerosa construção por alunos, professores e atores sociais enfim, onde se inclui o trade turístico.
O símbolo nos chega, em boa hora. Nosso turismo e sua formação nos impõem revisões urgentes: 1) olhar mais largo para a sedução de litoral, serras e sertões nossos, onde criatividade, hospitalidade e cultura alencarinas plantam morada; 2) novas dimensões do turismo de agora - lazer, ecologia, religiosidade, ciência, negócios; 3) extirpação das manchas ficadas do dito turismo sexual; 4) a elevação da atividade a indústria sem chaminés, alargando a inclusão social de nossa gente, cuja criatividade é vista capital humano de seguro retorno.
Na iniciativa, por certo, há tato e visão de Iranita Sá, expert em educação e turismo, hoje ligada à Face. Espera-se que o novo símbolo altere a face da educação superior cearense, a construir-se, mosaico do plural semi-alheio, na tessitura do coletivo.
Quem sabe, o termo trote - passo dos eqüinos entre o normal e o galope - volte às origens.Isso, se qual Saulo (o apóstolo Paulo, o pequeno) cairmos do cavalo. E, do chão, colhermos o lema com este sinal, vencerás: o da responsabilidade social a nos pautar construção e horizonte!
[O Povo ]16/02/2006
Foto:
Feira Medieval, do site alenquer.oestedigital.pt/_uploads/feira_medieval_07.jpg
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Marcondes Rosa de Sousa, advogado, é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (UECe). É uma das maiores autoridades em educação do Brasil. Ex-presidente do Conselho de Educação do Ceará e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, é Colunista do jornal " O Povo ", onde mantém seus artigos quinzenais.
3 Comentários:
Eu procurava um texto que traduzisse minha indignação com este costume bárbaro, felizmente ja abolido em muitas faculdades, que é o trote violento aos calouros.Encontrei-o na internet, justamente um artigo de nosso amigo Marcondes. Positivo e elegante, traz um apelo à elevação dos espíritos.Desfrutem.
Um artigo digno de reflexão. Parabéns.
Realmente Jean Kleber é um costume bárbaro que apavora quem tem de passar por ele. Ou você concorda com o trote ou tem de pagar para não ser incomodado. Já soube ser assim em algum lugar. Imagine quem tem filho tímidi submetido as tais práticas. Oportuno o texto de Marcondes Rosa
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