Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

17.8.08

NOSSA “GUERRA DOS MENINOS”

NOTA DO BLOG:
ESTA CRÔNICA É PUBLICADA HOJE EM TRIBUTO A D. DOLORES ARAGÃO

(D. Dolores Aragão faleceu no dia 17 de agosto de 2008)

Por
Walmir Rosa de Sousa


Há pouco, no Supermercado, fui reconhecido por uma conterrânea que há muitos anos não via, a Conceição Mourão (já avó), filha de Moacir e Fransquinha Mourão, nossos vizinhos. Falei-lhe do ipueiras.com, do grupo e fiz-lhe o convite para comparecer.

Ao voltar para casa, afloraram-me recônditas lembranças de coisas e fatos dos meus tempos de criança/adolescente.

Vi-me no portão de casa arrumando a carga de caixas de fósforos no meu caminhão Ford ’55 (herdado do Marcondes, por ocasião de sua ida para o seminário) para conduzi-lo pelas calçadas da Rua Padre Angelim, juntamente com outros conterrâneos (Vavá Mourão, Zé Adair Farias; Bebeto e Bernardo Pinho; Miraugusto Farias e Melquisedec Cavalcante (que infelizmente nos deixaram tão precocemente) e outros, todos motorizados e devidamente habilitados.

Estacionávamos nossos veículos no canteiro central defronte à casa do Seu Quincas Moreira, vizinha à Prefeitura, e íamos dar expediente no nosso escritório – um vetusto fícus benjamim que deve ter sido sacrificado por conta da peste dos “lacerdinhas”. Lá ficávamos a conversar “miolo de pote”, planejando brincadeiras e estripulias. Recebíamos (no alto) visitas de amigos que se associavam, formando uma turma grande e eclética, conhecida como a “Turma da Padre Angelim”, que rivalizava com a “Turma da Rua 15” formada por Helder Sabóia, Zé Maria e Zé Hélio Catunda, Zé Almir Terto, Wellington Esmeraldo, Moacir Catunda, Fernando Fontenelle e outros.

Das brincadeiras muitas, aflora-me à lembrança uma que só acontecia de ano em ano. Bérgson Frota, cronista por vocação e por berço (filho do Jeremias Catunda e sobrinho do Frota Neto, que é), inspirado, descreveu a Guerra dos Meninos, onde cavaleiros, montados em talos de carnaúba, disputavam, armados de baladeira (estilingue, para os estrangeiros), munidos de carrapateiras (para nós caroços de mamona) o domínio da Rua das Flores, dos tempos dos lampiões a querosene.

Nós (com sua licença e do Jorge Amado) também tínhamos a nossa Guerra dos Meninos. Como os tempos eram outros, mais modernos que os da crônica, nossa cidadela era outra - o jardim da casa do Seu Pedro Aragão - homem mais rico da cidade. A amurada do “Castelo”, com três frentes, se prestava integralmente para tal mister. Nossos exércitos eram de infantes; combatíamos a pé, escondíamo-nos por trás dos muros, empunhando nossas baladeiras, mas com outro tipo de balas. (Eram frutos de carnaúba, que a Prefeitura, de tempos em tempos mandava retirar a golpes de foice, atendendo a apelos dos donos de imóveis da cidade, que tinham os telhados danificados por pedras que jogávamos para derrubar e comer as carnaúbas “pretas”). Era a carnaúba caindo e indo para o bisaco.

Nossas batalhas agora eram diurnas. Nosso escudo, o muro. Devidamente providos de munição estatal, liderados pelo General Neném Pereira (posto que mais velho e grande estrategista), combatíamos contra os meninos da Praça da Igreja até a munição acabar. Não havia vencedores, nem vencidos. No fim, era confraternização geral, sob as vistas indulgentes da Dona Dolores Aragão, que, estrategicamente, não se dava conta de tal batalha em seu território familiar...

Obrigado, Dona Dolores, em nome de todos, por nos emprestar seu “Coliseu”, onde todos, daquele tempo sem tv, sem som e sem muita coisa, praticávamos jogos de guerra (sem violência e seu traumas) sem nos dar conta de que valores como organização e companheirismo ajudavam a moldar nosso caráter.

Post Scriptum - Em visita à cidade, por ocasião da volta da Santa, em agosto de 2004, vi que o Fícus em frente à casa do Seu Quincas e a vetusta carnaubeira defronte à casa de Dona Brígida, cenários de nossas guerras, haviam tombado, infelizmente. Eram símbolos da nossa rua.

(A foto maior mostra a casa de D. Dolores Aragão na cidade de Ipueiras no Ceará)
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Walmir Rosa de Sousa, é ipueirense e procurador de justiça no Estado do Ceará além de grande cronista da cidade de Ipueiras. Este é um currículum provisório, devendo ser complementado oportunamente para uma adequada apresentação.

4 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

PROFUNDAMENTE CONSTERNADOS COM A NOTÍCIA DO FALECIMENTO DE D.
DOLORES, ASSOCIAMO-NOS AOS DEMAIS MEMBROS DA FAMÍLIA MATOS NESTA HORA
DE DOR E REZAMOS PARA QUE UM CAMINHO DE LUZ ESTEJA MARCANDO A
CAMINHADA DE NOSSA TIA NA ESPIRITUALIDADE.

17.8.08  
Anonymous Anônimo disse...

Junto-me a Jean Kleber e envio meus pesames a familia desta grande senhora que foi D. Dolores Aragão e que Deus e a espiritualidade maior a estejam amparando em retorno a sua pátria mãe, onde todos um dia iremos.
Paz e Luz,
Teresinha a do Seu Tim Mourão

17.8.08  
Blogger Dalinha Catunda disse...

Não faz um mês que voltei do Ceará. Em Ipueiras estive com Dolores Maria,Que foi portadora de um cd de Carlitos Matos, e de um livro de Costa Matos, entre muitos assuntos falamos de dona Dolores, que permanecia lúcida, apesar da idade. Que o reino do céu seja uma boa morada para dona Dolores, que cumpriu bem sua missão, e teve em sua longevedade o privilégio de conviver com: filhos, netos e bisnetos. A família os meus sinceros sentimentos.
Dalinha Catunda

17.8.08  
Anonymous Anônimo disse...

Fecha-se mais um capítulo de uma grande figura que foi para Ipueiras um exemplo de esposa fiel, digna e trabalhadora. Dona Dolores.Deixo cá meus pêsames ao filho Dr. Carlos Aragão. A crônica do Sr. Walmir Rosa foi propícia para nos lembrar um pouco da antiga Ipueiras e nela inserir lembranças relacionadas à Dona Dolores.

17.8.08  

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