Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

11.8.08

MAS NÃO TEM OUTRA MAIS BONITA NO LUGAR

Por
José Bento Neto (Zequinha)

O maior representante da música nordestina, Luis Gonzaga, em uma tarde de domingo, dia em que o trem vinha de Fortaleza para Crateús, como sempre atrasado, para não fugir à tradição da Rede de Viação Cearense (R.V.C.), mais conhecida com “Rapariga Velha e Cansada”, permitiu-me a oportunidade de ver o Rei do Baião transitando por Ipueiras. Foi no dia 19.06.1966.

Eu trabalhava, na época, no Banco do Nordeste, na vizinha cidade de Nova Russas. Infalivelmente, aos sábados, eu, a Miraugusta e minha filha Dalvinha, ainda com menos de l ano, passávamos o fim de semana na nossa querida terra, Ipueiras. Voltávamos no domingo, sempre de trem, já que era o único transporte "confortável". De jeep, nem pensar, já que a duração da viagem de Ipueiras para Nova Russas era de 3 horas. Isto quando não chovia. (Os não muito recentes se lembram da PASSAGEM DAS COBRAS, depois do Charito? Depois de uma chuva forte, não passava ninguém).

Fomos avisados pelo Rodolfo, agente da estação, de que o trem atrasara, mais uma vez. Logo em seguida (coisa rara), vimos uma Rural Wills se aproximando da Estação, vindo das bandas do Ipu. Pela quase inexistência da estrada, diríamos que era um RALLY. O carro parou em frente à banca da Dona Maria Capoeira. Desceu Luis Gonzaga com seus acompanhantes. Vinham com fome. O Rei foi logo pedindo que a Dona Maria preparasse bastante "orelha de porco" (era assim que ele chamava aquele gostoso bolo de milho feito pela Dona Maria. Walmir, sei que você ainda não esqueceu do sabor daquele bolo). Tinha pressa, já que deveriam, ainda naquela noite, se apresentar em Crateús.

Comeram bastante. Eu me antecipei e paguei a despesa. Quando ele pediu a conta, a Dona Maria lhe informou que eu já havia pagado. Fazendo-se de surpreso, ele perguntou por que eu pagara, se eu nem sabia quem era ele e o que era que eu estava querendo. Respondi que eu sabia quem era ele e pediria que ele cantasse um pouco para nós. Recebi uma proposta: ele cantaria, mas eu teria de conseguir vender 10 exemplares do livro "O Sanfoneiro do Riacho da Brígida”, de autoria de Sinval Sá, que relata a sua vida. Comprei logo um, que tem a seguinte dedicatória: "Para José Bento Neto, com um abraço do "Véio Macho". Luis Gonzaga. Ipueiras, 19.6.66”.

A duras penas, consegui cinco compradores. Lembro-me de que um deles foi o Cláudio Catunda, hoje falecido. Vendo que eu não conseguiria vender mais, ele convocou a turma que o acompanhava (fazia parte o Meio Quilo), subiram em um banco de madeira que existia na Estação e cantou: O Xote das Meninas, Asa Branca, A Volta da Asa Branca, Ô Veio Macho. Finalizou, aproveitando o fato de eu estar com a minha filha nos braços e, apontando para ela, cantou: “Vai boiadeiro que a noite já vem (...) MAS NÃO TEM OUTRA MAIS BONITA NO LUGAR”...

Na despedida, ele perguntou qual a minha profissão. “Bancário” - respondi-lhe. Então ele, com toda aquela simpatia, brincou: “Bento Bancário, coitado, nasceu p’ra BB”!
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Fotos e texto obtidos nos blogs: grupos.com.br/blog/ipueiras/ e cantinhodadalinha.blogspot.com em matérias postadas, respectivamente, por Marcondes Rosa em 22/04/2006 e Dalinha Catunda em 10 /09/2007.
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José Bento Neto, nascido em Ipueiras, Ceará, realizou os estudos fundamentais na Escola Apostólica Franciscana, em Tianguá (CE); no Seminário Seráfico de Ipuarana, em Campina Grande (PB), vindo a ser concluinte do Colégio Marista Cearense, em Fortaleza (CE). Prestou serviço militar na Base Aérea de Fortaleza nos anos de 1959 a 1962, tendo sido atleta profissional do Calouros do Ar - time de futebol da Aeronáutica. Trabalhou em seguida como escrevente no Cartório Bento Filho, em Ipueiras (CE). Foi bancário concursado do Banco do Nordeste do Brasil, aonde dedicou a maior parte de sua carreira profissional, vindo a aposentar-se no ano de 1990. É casado com Miraugusta Maria Campos Fontenele, pai de 3 filhos (Dalva, Bemiro e Gustavo) e avô amado de 4 queridos netos (Aline, Amanda, Júlia e Vitor).

7 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

Foi um convite nosso. Felizmente José Bento Neto aceitou. E aqui está ele com seu clássico "Mas não tem outra mais bonita no lugar". Queremos contudo contar o segundo ato dessa estória com o Tadeu levando a mãe de bicicleta para ver o Rei e Zequinha atalhando o homem viajando de trem.Conto com vocês. OK? Valeu e obrigado.Grande abraço.

11.8.08  
Blogger Dalinha Catunda disse...

Jean Kleber,
Zequinha Bento, registrou em nossa história, essa importante passagem do Rei do Baião em Ipueiras. Como também passou para o papel, uma história que passava de boca em boca em Ipueiras. A história da Cabra Preta. Dividir esse espaço com O Zequinha Bento é um prazer imenso. Sei que de onde saiu essas duas histórias certamente tem material para outras. Zequinha Bem-vindo ao Suaveolens.
Grande abraço,
Dalinha

12.8.08  
Anonymous Anônimo disse...

Eu assisti a tudo isso também, Zequinha. Eu estava presente. Seu Rodolfo também comprou um livro.

12.8.08  
Anonymous Anônimo disse...

Não sei porque saí anônimo.

12.8.08  
Blogger Jean Kleber disse...

Amigo Alpiano,o sistema crava sempre a primeira opção. Mesmo que a gente se identifique na segunda, ele memoriza a primeira tentativa. Se clicou no "anônimo" na primeira, fica assim. Mas V. "cravou" certo na segunda. Amigo Alpiano, escreva sobre este fato. Sua versão é importante. Somente nos enriquecerá. Um abraço.

12.8.08  
Anonymous Anônimo disse...

Excelente crônica de resgate de nossa memória tão dispersa "ainda" no que tange aos fatos de Ipueiras.
O Sr. Bento surpreendeu-me com a forma que narrou sua história e nos enriqueceu com dados pequenos mas que juntos vão se avolumando. Parabéns.

Obs: Não sabia do apelido da rede ferroviária.

12.8.08  
Blogger Antunes Ferreira disse...

LISBOA - PORTUGAL

Olá!

Cheguei a este blogue através de outros que costumo visitar e neles postar comentários. Cheguei, vi e… gostei. Está bem feito, está comunicativo, está agradável, está bonito – e está bem escrito. Esta é uma deformação profissional de um jornalista e dizem que escritor a caminho dos 67…, mas que continua bem-disposto, alegre, piadista, gozão, e – vivo.

Só uma anotaçãozinha: Durante 16 anos trabalhei no Diário de Notícias, o mais importante de Portugal, onde cheguei a Chefe da Redacção – sem motivo justificativo… pelo menos que eu desse com isso… E acabo de publicar – vejam lá para o que me deu a «provecta» idade… - o me(a)u primeiro livro de ficção «Morte na Picada», contos da guerra colonial em Angola (1966/68) em que bem contra vontade, infelizmente participei como oficial miliciano.

Muito prazer me darás se quiseres visitar o meu blogue e nele deixar comentários. E enviar-me colaboração. Basta um imeile / imilio (criações minhas e preciosas…) e já está. E se o quiseres divulgar a Amiga(o)s, ainda melhor. Tanto o blogue, como o imeile, tá? Muito obrigado

www.travessadoferreira.blogspot.com
ferreihenrique@gmail.com

Estou a implementar e desenvolver o projecto que tenho para o meu www.travessadoferreira.blogspot.com e que é conferir ao meu/vosso/NOSSO blogue a característica de PONTO DE ENCONTRO entre os Países fraternalmente ligados – Portugal e Brasil. No que estou, pela minha parte, a desenvolver todas as diligências que, naturalmente, me forem possíveis.
E, naturalmente também, para poder enviar-te «coisas» que ache interessantes. Se, porém, não as quiseres, diz-me que eu paro logo. Sou muito bem-mandado (a minha mulher que o diga…) e muito obediente (cf. parênteses anterior).
Já solicitei a colaboração da Embaixada de Portugal em Brasília, que tem à frente dela um diplomata fora de série, o meu querido Amigo, Dr. Francisco Seixas da Costa e na qual se integram mis dois bons Amigos de longos nos: o Adriano Jordão e o Carlos Fino. Seixas da Costa criou um blogue magnífico Embaixada de Portugal no Brasil, www.embaixada-portugal-brasil.blogspot.com, que vos recomendo vivamente visitar. Tem tudo sobre as relações entre as duas Nações. E já fiz o mesmo aqui em Lisboa. Espero receber resposta da Embaixada brasileira.
Este é um desejo que já ultrapassa a simples intenção. Felizmente, neste momento possui muitos comparticipantes – como desejo que seja o teu caso. Mas, com o empenhamento, a ajuda, o entusiasmo e a alegria que tenho encontrado – iremos longe. A internet (apesar dos aspectos negativos que ainda apresenta) tem uma força incomensurável e desenvolvimento tecnológico que se actualiza dia a dia.
Abrações e queijinhos, convenientemente repartidos e distribuídos

PS 1 – Quando navegarmos em velocidade de cruzeiro, quero alargar o Travessa aos outros PALOP. Que achas?
PS 2 – Desculpa por este comentário ser tão comprido e chato. Como a espada do D. Afonso Henriques…
PS 3 - Já conheces o me(a)u «Morte na Picada»? (Pode ser comprado pela net, como explico no meu blogue). DIZEM que é muito bom. DIZEM… E também há quem tenha escrito que sendo contos da guerra em Angola 66/68 (em que infelizmente e contra vontade participei), é SANGUE & SEXO… Malandrecos… Depois de leres, se, por singular acaso, tiveres gostado dele, terás de comprar muitíssimos mais exemplares. São excelentes prendas de aniversários, casamentos, divórcios, baptizados, Natais, Carnavais, Anos Novos, Páscoas, Pentecostes, vinte e cincos de Abris, cincos de Outubro, dezes de Junhos. Até para funerais. Oferecer o «Morte» na morte fica bem em qualquer velório que se preze. E, além disso, recomenda-o, publicita-o, propagandeia-o, impinge-o aos Amigos, conhecidos, desconhecidos & outros, SARL. Os euros estão tão raros e... caros...

15.8.08  

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