NOTA DO BLOG: AINDA VIVENDO SOB O IMPACTO DAS RECENTES PERDAS, RECEBEMOS E PUBLICAMOS A PRESENTE REFLEXÃO DE LUIZ ALPIANO. PorLuiz Alpiano VianaA folha se solta do galho e desce bailando em forma de círculo. No espaço, como a leveza de um dançarino, o vento se encarrega de levá-la para algum canto. E vai para um lado e para o outro até chegar ao solo. Cai sobre outras folhas já secas. Não se ouve nenhum barulho porque o ouvido humano não tem capacidade de captar o som produzido. O vento vem e varre tudo como um empregado doméstico bem treinado. Leva para bem longe, a mando de quem, não sei.
Outras folhas repetem o mesmo processo. O ritmo normal da vida é nascer e morrer. Naquele instante que se desprendem da árvore, elas estão morrendo. A vida chegou ao fim. No solo, iniciam outra fase que é a de virar adubo e fortalecer a terra para o nascimento de novas espécies.
Uma folha seca parece tão simples, mas não é. Já ocupou espaço, fez sombra e pertenceu a uma grande família de vegetais. Serviu de abrigo aos pássaros e insetos e alimentou vários seres. Assim também somos nós: uns vão e outros vêm; uns cantam e outros choram; uns morrem e outros nascem; uns gritam e outros emudecem.
Quando conheci o uso da razão, Ipueiras crescia sob a administração da família Matos. Em seguida, Pedro Aragão, o homem mais rico da cidade tocava com brilhantismo administrativo seu patrimônio de fazendas, comércio e imóveis. Sempre muito elegante e bem vestido, tinha ao seu lado Dona Dolores, mulher de fibra, bem conceituada. Formavam um belo casal e eram respeitados como homens de valores, não só por serem bem sucedidos financeiramente, mas também por representarem com responsabilidade o povo ipueirense.
Hoje sofremos a falta de filhos ilustres como eles que muito fizeram pelo progresso da cidade. Foram-se deixando saudade e não poderia ser diferente.
A pergunta que se faz é se vale a pena viver e depois morrer. Sinceramente eu digo que sim, porque é o Pai que os quer de volta, mesmo que para alguns a morte signifique o fim. Nós, como cristãos, fazemos nossas preces, e desejamos que essas pessoas tão queridas e inesquecíveis tenham no sossego eterno o paraíso com que tanto sonharam. Eu creio que esse lugar tão comentado e também desejado por todos, e dominado pelos santos do céu, seja mesmo o que propagam os livros sagrados.
Se esse paraíso não for mesmo maravilhoso e divino, e, se a morte for realmente o fim de tudo, certamente seria uma utopia fazer comentários positivos a esse respeito. O melhor mesmo é acreditar no ensinamento do Mestre e ter a certeza que aqui é bom e lá será bem melhor. Cremos que as pessoas que atenderam ao chamado de nosso Pastor aguardem-nos com festa. Mas aqueles que ainda não foram convidados a voltar à casa paterna vivam com intensidade o que de melhor a vida oferece.
Sei que a casa onde mora o Pai é um verdadeiro encanto, mesmo que a morte seja a porta de chegada até lá. Todos nós passaremos por esse processo e não há como evitar. Convencemo-nos disso. A certeza que temos é que logo estaremos também a caminho.
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Foto maior: Cristo de Ipueiras do site ipueiras.ce.gov.br
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Luiz Alpiano Viana, nascido e criado em Ipueiras, morou mais tarde em Crateús. Atualmente é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Morou no Distrito Federal até meados de 2007 quando finalmente voltou a morar no Ceará, em Fortaleza.
4 Comentários:
Sempre que perdemos alguém por falecimento, invariavelmente surge a conversação sobre a morte e a outra vida. Dúvidas e dúvidas. Mas conversar é bom e traz conforto. Uma reflexão sincera e honesta de nosso amigo Alpiano chega como um refrigério para a dor de nossas recentes perdas, a de D. Isa e a de D. Dolores.
Uma reflexão de enredo bonito, onde o ciclo da vida nos é apresentado com muita beleza.
Tia Isa,Dona Dolores, seu Pedro, deixaramm saudades, sim, porém, tiveram vida longa, passaram por todas as etápas da vida, completando seus ciclos numa longevedade invejável.
Dalinha Catunda
Uma bela reflexão sobre a vida e a morte!São palavras de alguem que é completamente espiriualísta e que sabe que a morte não significa o fim...e sim o renascimento conforme o merecimento de cada um.Beijos meu amor.Graça Chaves
Luiz Alpino, compadre de meus pais, externa célebres e substanciosas palavras com introdução em prosa-poema e com recomhecida sensibilidade cristã. As primeiras linhas me levaram para um momento reminiscente quando li Manoel Bandeira em seu notório poema "O vento varria as folhas". Admirável forma de perceber o expirar de todos. Mentes brilhantes e iluminadas por DEUS, como a de Alpiano Viana, nutrem sublime engenho ao discorrer ou narrar sobre os sabores e os disabores da vida.
Fraterno e respeitoso abraço,
ALEXANDRE HERCULANO DE OLIVEIRA
FORTALEZA/IPUEIRAS
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