Maria Violeta Arraes de Alencar Gervaiseau faleceu a 17 de junho de 2008 com 82 anos, no Rio de Janeiro, vitimada por câncer de pulmão. Nascida no Crato (Ceará), migrou ainda adolescente para o Rio, em companhia do irmão Miguel Arraes. Lá, estudou nos colégios
Sacre-Coeur de Marie e Santo Amaro. Ali conheceu o Padre Hélder Câmara, de quem se tornaria colaboradora. Militou no Secretariado Nacional da Ação Católica. Formou-se em sociologia pela PUC do Rio. Estagiou no Centro Internacional de Economia e Humanismo, dirigido pelo famoso Padre Lebret. Em Paris conheceu o futuro marido, Pierre Maurice Gervaiseau. Por ocasião do golpe militar de 1964, quando Miguel Arraes foi deposto do cargo de governador de Pernambuco, o casal, que atuava no governo, foi preso e exilado, voltando então a viver em Paris. Lá, Violeta conviveu com intelectuais como Celso Furtado e Jean Paul Sartre. Sua residência era ponto de encontro de intelectuais e refúgio de brasileiros exilados. Na volta ao Brasil com a redemocratização, assumiu, entre outros cargos, a Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Ceará em 1988, no primeiro governo de Tasso Jereissati. Violeta Arraes manteve um discurso de procurar ir além da produção de obras e eventos. Em 1997 assumiu a Reitoria da Universidade Regional do Cariri (URCA), para a qual contribuiu em bandeiras como a defesa do reconhecimento da Chapada do Araripe como área de proteção ambiental. Ali permaneceu até 2003.
Ruth Vilaça Correia Leite Cardoso faleceu ontem, 24 de junho de 2008, aos 77 anos, em decorrência de problemas cardiovasculares. D. Ruth Cardoso, como era conhecida pelos brasileiros, nasceu em Araraquara-SP em 1930. Doutora em Antroplogia pela Universidade de São Paulo (USP), lecionou na mesma universidade. Também foi professora na Universidade do Chile, na
Maison des Sciences de L'Homme em Paris, Universidade de Berkeley na California (USA) e na Universidade de Columbia (Nova York-USA). Atuou também na Inglaterra, em Cambridge. Ela estava casada havia 55 anos com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem teve três filhos. O casal, que se conheceu ainda nos tempos de universidade, chegou a viver junto no Chile, durante o exílio que lhes foi imposto pelo golpe militar ocorrido no Brasil a 1º. de abril de 1964. Primeira dama do país no governo do marido, não era vista à sombra do presidente. Tinha vida própria. Brilhava por si.
Ruth Cardoso publicou vários livros sobre a problemática social humana. Em 1995, durante o mandato do ex-presidente, fundou o programa Comunidade Solidária, de combate à pobreza e à exclusão social.
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Fotos:
D. Violeta: site urca.br
D. Ruth: site veja.abril.com.br
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NOTA DO BLOG: O blog Suaveolens associa-se a dor dos familiares e amigos dessas duas heroinas brasileiras. É grande a perda para o povo brasileiro de duas mulheres que souberam assumir como brasileiras seu papel na construção de uma grande nação. Recentemente (2013) recebemos a informação de Carlos Saraiva (URCA) de que D. Violeta Arraes nasceu na verdade em Araripe-CE.
6 Comentários:
Luiz Arraes:sou sobrinho de Violeta,filho de Miguel.Gostaria de agradecer as referências e elogios feitos à minha tia.Gostaria de me juntar a todos aqueles que sentiram a perda de Dona Ruth,em especial o Presidente Fernado Henrique Cardoso.Foi uma grande dama.Conheci os dois,não por acaso,na casa de tia Violeta.
Prezado Luiz Arraes. Fico Feliz que você tenha lido. Conheci pessoalmente Miguel Arraes quando eu era membro da JUC em Recife em 1966. Mais tarde, fui apresentado aos Arraes no Crato, por um sobrinho do governador, ainda menino, chamado Joaquim. Haviamos nos conhecido na viagem de ônibus Recife-Crato. Eu estava indo ao Crato visitar amigos.Generoso, ofereceu-me pousada em sua casa enquanto eu localizava meus colegas.Recordo com saudade aqueles tempos.
D. Ruth, a antropóloga. A discreta primeira Dama. A mulher íntegra e inteligente. Seriam tantos os adjetivos para descrever esta Dama, hoje, enlutados irmanamo-nos na dor de seus familiares e oramos por sua paz espiritual. Foi uma grande perda para o Brasil. Parabéns professor pela homenagem a estas duas dignas senhoras! Boa noite!
Professor,
expresso mais uma vez minha gratidão.As pessoas podem ser grandes sem serem famosas.Minha tia não era uma fiura pública( a não ser durante os cargos que ocupou).Isto não é o que importa.Um jogador de futebol,uma capa da Caras(sem nenhum valor de juízo,neste comentário.São apenas exemplos) podem em um mês serem esquecidos.
D.Ruth não queria o papel que lhe foi imposto,por força da trajetória de seu marido.Preferia estudar nosso país,tão difícil de ser entendido.
Caro Professor
Maria Violeta Arraes de Alencar Gervaiseau (Dona Violeta) nasceu no município de Araripe-CE (lembrava sempre que havia nascido nesta localidade em suas v´[arias reuniões aqui na URCA (quando Reitora)
Caro Professor
Maria Violeta Arraes de Alencar Gervaiseau (Dona Violeta) nasceu no município de Araripe-CE (lembrava sempre que havia nascido nesta localidade em suas v´[arias reuniões aqui na URCA (quando Reitora)
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