EU SOU CONTRA JOSÉ DE ALENCAR !
Raymundo Netto
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Entendo que o título deste breve artigo pode causar estranheza no leitor, mas não se preocupe que explicarei, rapidamente, a razão de tal rompante. Caso, mesmo após a devida justificativa, não me perdoe, paciência...Na verdade, eu sou é contra a mudança do nome do bairro Alagadiço Novo para José de Alencar.
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Ah, você não sabia? Pois sim, li no jornal que a Câmara Municipal, dia 26 de dezembro de 2007, aprovou a mudança, por reivindicação da comunidade (falou-se de 800 assinaturas), da denominação Alagadiço Novo para José de Alencar, alegando ser o bairro de nascimento do escritor, onde ainda hoje se ergue a sua casa.
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Concordo que a Casa de José de Alencar é um equipamento de grande valor cultural e patrimonial até porque foi lá, no sítio Alagadiço Novo, que morou o Senador Alencar (que além de tudo ainda ocupou o cargo de Presidente da Província), nasceu seu filho, o bom José, e onde implantou-se o primeiro engenho a vapor no Ceará (1836).
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Sim, isso tudo aconteceu no Sítio Alagadiço Novo.Não desmereço a homenagem ao escritor, mas, confesso, o nome Alagadiço Novo já era uma homenagem ainda mais completa e, historicamente, mais significativa.Li também que a iniciativa partiu do humorista João Neto que, a meu ver, não foi muito feliz na idéia. Aliás, eu nem vejo nada de “pejorativo” na antiga denominação. Acho até poética e “romântica”, viu, João?
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Eu lamento muito que devido a essas “iniciativas”, tenhamos perdido a nossa rua da Alegria, a do Cajueiro, a das Flores, a das Belas e outras tão bucolicamente denominadas por nossos antepassados. Com essas perdas, infelizmente, se vão também os registros de memória! Penso que o José de Alencar não precisa disso e que, seguindo a mesma lógica, daqui a alguns anos, alguém poderá cismar que esse nome de Fortaleza também deva ser trocado para “Alencarina”... .
Eu, desde já, sou contra!
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Legenda da foto de O POVO: as ruínas do velho engenho do sítio encontradas na Casa de José de Alencar já estão abertas à visitação.
2 Comentários:
Uma crônica nostálgica e preservacionista de nossos valores históricos. É o que nos oferece Raymundo Netto com este belo texto sobre Fortaleza.Parabéns.
Penso exatamente como Raimundo Neto.
Vejo a história do Ceará sendo reescrita, e com letras que não reconheço. Me rasgo cada vez que vejo uma rua mudar de nome em minha cidade, que é Ipueiras. E o pior é que muitas vezes vira piada. E eu acho é pouco!!!!
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