MÃE SOLTEIRA
Não foi descaramento,
Nela não havia maldade.
Apenas impulsos, arroubos,
Sintomas da pouca idade.
Ovelha negra era agora
Na boca da sociedade
Sua barriga crescia,
Seu vestido encurtava,
Sua cintura antes fina,
Dia a dia engrossava,
E o filho feito a dois
Sozinha ela carregava.
Seguiu firme sua sina
Carregando barriga e dor.
Lembrava da mãe de cristo
Que pelo seu filho lutou.
E entregava seu destino
Nas mãos do redentor.
Em nenhum momento,
Seu ato a envergonhou.
Com o nariz empinado,
A caminhada continuou.
Segurou firme nos braços,
O que o ventre lhe ofertou.
Boa mãe é com certeza,
E outro filho deu a luz.
Continua mãe solteira,
Sem achar que uma cruz.
Sem dizer amém as regras
Que a sociedade produz.
Apontada como exemplo,
De mãe bem sucedida,
Pelos que antigamente
A chamavam de perdida.
Ela sorri ironicamente
Das voltas que dá a vida.
_________________________
Foto: site arara.fr/Retirantes1
_________________________
Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio (cantinhodadalinha.blogspot). É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
4 Comentários:
Homenagem às Mães. Nada como os versos de uma poetisa para materializar a gratidão e o amor por nossa mãe. Obrigado, Dalinha.
Dalinha consegue neste trabalho dar vez às mães solteiras, tão esquecidas ou vítimas do preconceito, mas mesmo assim mães, e dignas de homenagens. Parabéns.
Dalinha parabéns por lembrar das mães que na maioria das vezes são esquecidas e precisam a prender a ser antes de deixarem de ser crianças. Linda e merecida homenagem. ABraços e um feliz dia para você!
Jean, mais uma vez agradeço por fazer parte deste seu espaço democrático, e das palavras carinhosas que partem de você.
Bérgson,
Existe preconceito, e este, só será quebrado quando as mães solteiras assumirem essa condição, e acima de tudo ensinar filhos e sociedade a respeitá-la com tal
Ângela, é verdade. Muitas vezes ainda queremos colo, quando pelas circunstâncias, somos obrigadas a dar colo. Mas o instinto de mãe, nos faz maiores.
Um abraço a todos,
Dalinha
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial