Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

17.9.11

AS HISTÓRIAS DE TRANCOSO

Por Bérgson Frota

Quando pequeno, lá pelos sete a oito anos era como todas as crianças da época, fascinado por ouvir histórias, e estas se sendo de trancoso, ainda melhor.

Eram histórias de assombração, e quem disser que criança não gosta de ouví-las, falta com a verdade. Pois o medo e assombro nelas, acorda sentimentos que precisam ser vivenciados principalmente na infância.

Em Ipueiras era comum na década de setenta pelo menos uma ou até mesmo três vezes ao mês a falta de energia, o que com o tempo foi se tornando mais raros esses apagões.

Nós já sabíamos como proceder quando se dava a escuridão na cidade e aonde irmos. Tias idosas ou mesmo avós que nas calçadas em uma cadeira de balanço eram rodeadas por crianças.

Aí começava a narrativa.

Era uma vez, não faz muito tempo, um homem que morava numa casa que todos diziam ser assombrada pelo espírito ...

Ficávamos ligados naquelas histórias de trancoso que, enchia-nos de medo, mas nos atraía. As narrativas iam criando em nossa mente os personagens, e por fim depois de várias histórias, com o passar das horas, íamos sempre em grupos de três a cinco, percorrer as escuras ruas da cidade, iluminadas às vezes pela lua e nunca a faltar as estrelas.

Procurávamos não falar do que ouvimos. Como se o silêncio nos fizesse esquecer as assustadoras narrativas.

Cada um ia ficando em suas casas, até que o último, de forma heróica, se dirigia apressado, sozinho para casa.

Na madrugada era raro não termos pesadelos, e acordarmos molhados. Lentamente checávamos embaixo da cama ou aum canto escuro do quarto. Depois nos cobríamos com o lençol e encolhido ficávamos, com os olhos abertos, atentos a qualquer barulho. Até finalmente sermos vencidos pelo sono.

No outro dia a bronca pela cama molhada. Para nós um ralhação sem importância, afinal durante o dia estávamos livres das assombrações, nos trazendo ele novas aventuras e ocupações.

Logo os personagens assombrosos seriam esquecidos ou lembrados com uma força fraca, já impossível de nos causar qualquer medo.

Assim eram as histórias de trancoso, parte boa a ser lembrada do nosso passado quando ainda éramos crianças.

Figura: site faroldenoticias.com.br/site/ptb-desfiliacao-em-massa-de-geni-virou-estoria-de-trancoso/

Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

3 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

Mais uma importante contribuição cultural de Bérgson Frota. Um tema que devida de nossa experiência desde crianças. Parabéns, professor!

17.9.11  
Anonymous Marcílio Pereira disse...

Um artigo que me fez lembrar das histórias de assombração que ouvi quando criança, tempo bom aquele, a gente ouvia e se assustava. Parabéns ao autor.

19.9.11  
Anonymous Eliane Bóscolli disse...

Gostei deste trabalho,pequeno mais cheio de bom conteúdo. As histórias de trancoso são na verdade nossa iniciação no mundo adulto, ou seja com o medo, nos prepara a se armar com coragem. Nota dez pelo artigo.

22.9.11  

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