NOTA DO BLOG: Iniciamos hoje, atendendo às propostas praticamente simultâneas de Dalinha Catunda e Bérgson Frota, a série "Resgate Literário de Ipueiras", divulgando poesia e prosa de autores renomados ligados à cidade, iniciando com os que se destacaram no passado, surgindo como intelectuais no pré e pós Grande Guerra ou seja, antes e durante os anos 40 e 50 do século XX. Alguns nasceram lá. Outros lá viveram parte importante de sua existência, tendo marcado a cidade com sua contribuição política, social e intelectual. As peças serão numeradas em algarismos romanos e serão intercaladas pelas contribuições de rotina de nossos colaboradores. Abrindo a série vem Costa Matos, seguido de Kideniro Teixeira, Jeremias Catunda, Maurício Moreira, Gerardo Mourão, etc. A sequência obedece à ordem de chegada das contribuições. Os leitores podem enviar peças.
A Vida
Por
José Costa Matos
A vida não dá presentes.
Podemos até:
colher duas estrelas para reacender
os olhos de Jorge Luís Borges;
denunciar a Deus que os povos ricos
riscaram do dicionário
as moedas dos povos pobres;
revitalizar a esperança no milenarismo,
onde os utopistas de tantos séculos
marcam encontros
para falar mal da natureza humana;
entregar Fernando Pessoa à Polícia,
para protegê-lo dos assaltantes de idiossincrasias;
fundar pátrias, com bandeiras
e hinos de arrepios cívicos.
..
A vida não dá presentes.
Podemos até:
governar o Brasil com a Constituição-Artigo-Único
de Capistrano de Abreu;
pintar de saúde
os meninos doentes do Nordeste;
escutar as glórias das velhas prostitutas
do Cais de Santos;
entrar na guerra e salvar dos arranha-céus
as mangueiras de Fortaleza;
vestir a sotaina dos jesuítas
e aldear as lagostas no fundo do mar,
contra os Bandeirantes do Capitalismo aqui-e-agora;
retroagir a Máquina do Tempo
e refazer o mundo
sem a semeadura de pavores
que assustou o nosso Pedro Nava;
levar o Pontífice Paulo II ao Congresso Brasileiro
para testemunhar que os índios não são bichos.
.
Mas a vida não dará presentes.
A plenitude humana
é trabalho de mineração,
com galerias cavadas no Infinito.
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Pré-comentário do cronista Bérgson Frota que remeteu a peça:
"Uma incrível poesia de nosso grande poeta e contista ipueirense a nos tocar a alma."
(Foto : mundiverso.files.wordpress.com)
José Costa Matos, poeta, contista e escritor cearense premiado é membro da
Academia Cearense de Letras. Nasceu em Ipueiras-Ceará em 1927. É diplomado em economia. Escreveu os livros: “Pirilampos”, “O Sono das Respostas”, “As Viagens”, ”Na Trilha dos Matuiús”, “Estações de Sonetos”, “O Rio Subterrâneo”, “O Povoamento da Solidão”, além de dezenas de contribuições publicadas em periódicos.
5 Comentários:
Uma honra e um prazer. Costa Matos no blog Suaveolens desta vez na série "Resgate Literário de Ipueiras". Dispensa comentários, embora eu pudesse escrever muitas laudas sobre ele. Desfrutem.
Jean Kleber, hoje pela primeira vez estou me sinto uma co-gestora importante. Não que você não me confira tal importância, mas pelo projeto, importante, que é trazer para o presente nossas referências maiores. Espelhos onde devemos nos mirar.
Tenho uma admiração profunda por Costa Matos. Já tenho alguns de seus livros presenteados pelo próprio. Sou discípula desse grande poeta que que entre seus cantos, está o amor pela sua terra.
Um abraço,
Dalinha
Gostaria de parabenizar três grandes vultos que ao meu ver têm feito muito para a divulgação de Ipueiras, seus poetas, contistas, cronistas e escritores e infelizmente conclamar aos que se dizem de Ipueiras e pouco fazem sequer a estar presente em comentários, o mínimo a fazer. À Dalinha Catunda, nossa dama este ano já pertencente a Academia Brasileira de Cordel, um grande feito, ao senhor Jean Kléber um ipueirense de coração que sem medir esforços procura divulgar e comentar os trabalhos postados, fruto de uma generosidade sem par de sua alma e finalmente ao Sr. Marcondes Rosa que mesmo nos seus muitos afazeres sempre que podendo faz o possível e o impossível para colaborar e enriqueçer nossos esforços. Ao Carlos Moreira pediria um engajamento maior, visto que seu blog "Primeira Coluna" foi o pioneiro.
De resto agradeço a poesia que Dalinha enviou ao Sr. Jean Kléber de autoria de meu pai, aprovo de coração a bela escolha. Aos ipueirenses que contribua com este novo momento que iniciamos sempre com intuito de divulgar e enaltecer nossa amada Ipueiras.
Uma linda poesia, vamos todos colaborar em divulgar e comentar os belos trabalhos dos filhos da nossa amada Ipueiras.
Parabéns pela iniciativa professor Bérgson e a todo este grupo que só faz orgulhar nossa terra.
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