Bérgson Frota
.
O ano de 1953 foi festivo para o município de Ipueiras, a cidade completava setenta anos de municipalidade e coincidiu com o ano da peregrinação da imagem de Nossa Senhora de Fátima por todo o Brasil, com alegria os ipueirenses receberam a notícia de que a imagem milagrosa visitaria a cidade.
.
Às 5 horas da tarde do dia oito de novembro de 1953 a população festivamente recebia o santo ícone, fato inusitado aconteceu neste curto período, um padeiro de nome Vicente, mudo há treze anos, começou a berrar quando a estátua entrava na cidade em procissão dirigindo-se à igreja.
.
À medida que avançava o cortejo, tentava o pobre homem receber da Virgem a graça de falar, a multidão gritava - "Viva Nossa Senhora de Fátima!" - e Vicente fazia grunhidos ininteligíveis. De repente como ato de fé legítima o mudo falou e entre lágrimas passou a gritar com os outros a saudação de louvor, tal fato assombrou e maravilhou os presentes.
.
Treze horas permaneceu na cidade a imagem mariana, mas o milagre marcou tão profundamente o povo que no mesmo ano construiu-se um arco de madeira para homenagear a Santa.
.
Ao arco iam orar católicos da sede do município e dos distritos, mas não tardou e uma tempestade violenta acabou por derrubar este primeiro "altar", o povo reuniu-se e decidiu por construir um arco de alvenaria (foto logo acima), chamando para esta obra o engenheiro-prático Pedro Frutuoso, mestre que dez anos antes havia construído em um morro da cidade a estátua do Cristo Redentor (leia também
O Cristo de Ipueiras).
.
A obra iniciada em 1953 foi inaugurada com grandes festividades em 1954. No alto ao centro do arco a estátua da Santa com uma coroa iluminada foi posta.
.
No ano de 2004 o Arco de Fátima de Ipueiras completou cinqüenta anos, em todo este período sempre no mês de maio precisamente até o dia treze faz-se romarias e orações em louvor à Santa, mesmo tendo como padroeira Nossa Senhora da Conceição, o povo ipueirense ainda hoje presta uma grande devoção à Virgem da Iria.
_____________________________
(Artigo publicado no jornal O Povo, de Forteleza-Ce, em 22.05.2005)
Foto pertencente ao acervo do grande amigo Carlos Moreira
_____________________________
NOTA DO BLOG: ainda estamos no mês de maio, mês das mães e mês de Maria. Entre as matérias alusivas, esta de Bérgson Frota, remonta importantes fatos históricos da cidade de Ipueiras.
_____________________________
Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzido artigos de relevância atual.
6 Comentários:
Ainda estamos no mês de maio, mês das mães e mês de Maria. Entre as matérias alusivas, esta de Bérgson Frota, remonta importantes fatos históricos da cidade de Ipueiras do Ceará, e traz à memória a fé dos católicos daquela cidade nos anos 50, século XX. Importante resgate do escritor e pesquisador. Muito bem vindo.
Belo texto professor, uma maravilha ser lido e relido. Fiquei pensando em quantas coisas da nossa história(de Ipueiras) ainda precisa ser descoberto e relatado num texto tão bonito como esse.
Muito bonito seu texto Bérgson, não conhecia, existe muito que eu não conheço de Ipueiras mesmo sendo ipueirense, a Maria Alice disse certo, muita coisa podia ser escrita sobre Ipueiras. Parabéns pelo texto e o assunto, até sobre o mudo que nunca tinha ouvido falar.
Bérgson lí este seu artigo faz algum tempo, não lí no jornal, lí na internet, é muito importante divulgar nossos monumentos e história, você faz isso muito bem. Parabéns pelo artigo.
Bérgson sempre aparece com seus bons trabalhos de pesquisa ajudando a divulgar nosa terra. A importância do trabalho de Bérgson além de escrever e revirar um pasado onde se encontra poucas fontes a serem pesquisadas.
Parabéns ao Bérgson pelo texto e a Jean Kleber pela postagem.
Dalinha Catunda
Já tirei uma cópia deste trabalho, é para os meus filhos aqui em Manaus, conto a história do milagre e eles não acreditam. Parabéns pela excelente pesquisa.
Toinha Lucena (a do Garrote)
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial