Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

2.10.07

VAI UM CAFÉ AÍ? (uma memória cearense)

Por
Jean Kleber Mattos

Meu pai, seu Mattos, costumava levar-me, eu criança, ao histórico estádio Presidente Vargas em Fortaleza, para ver jogos de futebol, sempre que o Ceará, nosso time do coração, disputava. Era uma saborosa aventura onde vendedores de roletes de cana e laranjas revezavam-se com seus pregões típicos.

Os impropérios dos torcedores também me divertiam. O tempo passou, eu migrei para outras terras e, passadas décadas, voltando à Fortaleza, resolvi conhecer o novo estádio: o “Castelão”. Chegamos eu e meu pai atrasados para a partida noturna e vimos os torcedores entrando livremente. Perguntei se não precisava pagar e me disseram que já haviam transcorrido vinte minutos de partida, tempo a partir do qual a entrada era franca. Ótimo.

Adentramos ao belo e bem iluminado estádio e passamos a desfrutar do espetáculo. Súbito passou-nos ao lado, na arquibancada, um vendedor de café e cigarros. Trazia uma larga e funda bandeja de plástico alçada ao pescoço, com dois compartimentos. Um para cigarros, outro para café. No compartimento do café, duas garrafas térmicas: café doce e café amargo. Numa coluna bem engendrada, copinhos descartáveis.

Compramos café e eu avisei a seu Mattos que iria provocar uma resposta do vendedor ao pagar a conta. Dito e feito. Paguei o café e elogiei a organização e a limpeza dos artefatos do vendedor. Ele agradeceu e eu completei:

- Amigo, café bom mesmo eu tomei no passado, no Passeio Público! O senhor lembra daquelas mulheres que vendiam café em chaleiras envoltas em panos, com uma lata cheia d’água à tiracolo para lavar as xícaras? O homem olhou para o alto como se tentasse relembrar. Imaginei que à sua mente assomavam as imagens das gordas mulheres com saias curtíssimas, oriundas do Arraial Moura Brasil, bairro vizinho, onde cresciam manchas de baixo meretrício.
Ele me olhou de frente e sentenciou.
- Eu já sei do que o senhor gosta!
-Do que?-perguntei
- O senhor gosta mesmo é de ver fundo de calça!
Seu Mattos não conteve a gargalhada.

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Fotos
Passeio Público:
http://www.vitruvius.com.br/minhacidade/mc011/mc011_01.jpg
Café: http://www.cafecomsolucoes.com.br/formulario.php
Vendedor de café do século XVIII (Espanha):
http://www.nodo50.org/espanica/tomando.html#ambulante
Estádio Presidente Vargas à noite:
http://www.fussballtempel.net/conmebol/BRA/Presidente_Vargas2.jpg
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Jean Kleber de Abreu Mattos, cearense, nascido em Fortaleza, viveu em Ipueiras dos dois aos oito anos de idade. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco. Atualmente doutor em fitopatologia, é professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

5 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Um texto cativante e interessante, acho que também o que impressionou o vendedor de café foi que o passeio público, presumo eu já na época estava abandonado, coisa que de fato hoje se concretizou com sua total marginalização. Um resgate de grande valor e acima de tudo sensibilidade.

Bérgson Frota

3.10.07  
Anonymous Anônimo disse...

Você transforma um episódio do cotidiano em trabalho de arte. Parabéns por mais um maravilhoso e divertido texto.
Beijão.
Heloisa Helena

3.10.07  
Anonymous Anônimo disse...

Crônica leve, gostosa de se ler, coisas do dia a dia, que em seu relato ganham um colorido especial.
Parabéns e continue nos pesenteando com seus textos.
Dalinha Catunda

3.10.07  
Anonymous Anônimo disse...

Do café nada, o interesse era nas muié.Rsrsrsrsrs. Coisas boas da vida tem que ser apreciada.

4.10.07  
Anonymous Anônimo disse...

Gosto de textos leves e cheios de simplicidade. A vida é tão rápida e são momentos como estes que nos fazem pensar se não deveríamos viver cada minuto que temos com toda a alegria e a intensidade que eles contêm.

4.10.07  

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