Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

13.6.07

AS FESTAS JUNINAS

Por
Bérgson Frota


Em junho chegava o período das fogueiras, das festas de Santo Antônio, São João e finalmente São Pedro.

Delas a que mais brilhava era a de São João, também a mais conhecida e cantada.

Isso narro não para o tempo presente, mas como a montar da memória retalhos. É de Ipueiras, ainda eu garoto, ao ver do alto do morro do Cristo a cidade à noite, cheia de fogueiras que mais pareciam pontos fortes de luz oscilantes a variar entre o amarelo e o vermelho, das ruas amplas às ruelas até findar-se nos braços alongados aonde a cidade ia por fim acabar-se.
Havia lá as quadrilhas, as quermesses, com sorteios para o benefício da paróquia e finalmente a devoção aos santos de cada festa.
Balões riscavam o céu da pequena cidade, uns a pender quase caindo, mas por fim subindo, outros já em queda final e outros a subir até a vista finalmente apagar.
Cada santo tinha uma ligação com o viver e o necessitar humano. Pobres padroeiros, responsáveis por tantas preces, e ainda hoje há de se atestar quantas estão por atender.

Assim havia nas quadrilhas os casamentos matutos, os lances hilários do padre e finalmente, na dança os “anarriês” e “alevantous”, resquícios das típicas danças nobres francesas, perdidas da raiz e, incorporadas a uma tradição que de tão rica por si se bastava.
Salões cheios de comidas. Aluás, bolos de milho, cocadas, pés-de-moleque, batata doce, quentão e jerimuns assados.

As festas juninas evoluíram, não acabaram e quiçá nem hão de findar-se, mas no interior em muitas cidades pequenas, ao atento observador, há de perceber ainda traços arcaicos destas festas folclóricas, já não mais presentes nas realizadas em grandes centros.

Expressão maior da alegria da alma nordestina, pois na região inteira faz-se forte a tradição, segue sob o grande luar e o céu estrelado a troca de pares na dança em que cavalheiros de chapéu de palha e damas de longos vestidos de chita fazem num ritual da dança a quadrilha junina, e ao dançarem nas noites que saúdam os santos, e repetir a cada ano no mesmo mês tais festas, levam-nos a concluir que, muitas coisas mudam, mas as essenciais permanecem, nelas o espírito junino do nordeste, fruto da alegria que este povo aprendeu a criar e ao mesmo tempo lançar no ato de tudo à comemorar.
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Foto da quadrilha: http://www.gazetanews.com/
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Bérgson Frota, formado em Filosofia/Licenciatura pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e em Direito pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR),é um prestigiado cronista ipueirense e pesquisador da história e da geografia da cidade de Ipueiras, no Ceará. É professor visitante da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e professor de Grego Clássico no Seminário da Prainha - Fortaleza.

4 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

Mais um texto feliz sobre as festas juninas, que marcaram nossa infância e, como diz prof. Bérgson apenas se transformam mas nunca nos faltam.Parabéns.

13.6.07  
Anonymous Anônimo disse...

Bérgson,
Tenho feito parte do juri que avalia as quadrilhas nas festas juninas em Ipueiras. Hoje as quadrilhas perderam a antiga forma matuta, vestem-se ricamente,parecendo mais uma prenda da festa da uva, ou uma porta-bandeira de escola de samba. O espetáculo, é lindo!!!! sempre me encantará. Mas sinto falta da nordestinidade que reinava antes.

14.6.07  
Anonymous Anônimo disse...

Bérgson, parabéns pelo artigo, rico, detalhado e acima de tudo recheado de um sadio saudosismo. Você como sempre a não esquecer a Ipueiras do nosso tempo, lí este artigo primeiro no domingo passado, no jornal O Povo,mas não era As Festas Juninas, e sim É tempo de brincar.Mas o que vale é o conteúdo. Continue assim, escrevendo belas crônicas que mais parecem declarações de amor à terra que o adotou.

26.6.07  
Anonymous Anônimo disse...

As festas juninas s�o boas, pena que s� tem em junho. Al� pessoal de Campina Grande, aqui Rio de Janeiro, morrendo de saudades, mas mato a vontade ano que vem. Beijos mil da J� do Quind� !!!!

27.6.07  

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