Por
Bérgson Frota
Daquela plantinha que um dia me
surpreendeu quando rápido fechava o portão e ia para escola, e que depois
providenciei uma pequena mas resistente cerca, e daí passei sempre a aguá-la.
Ainda me lembrava.
Mas então fui crescendo e
acostumei-me com sua sombra fresca e abundante de árvore crescida. Até que do
acostumar-me fui esquecendo.
Mudei finalmente para longe.
E longe, hoje ao lembrar, recordei
que um dia distante, fiz um poema sobre àquela árvore que vi crescer e que já
não esperava mais ver.
Com a família vieram filhos e netos.
Então depois de muito tempo voltei a
minha terra.
Procurava eu o endereço de uma
clínica, a cidade havia crescido, e de crescida mudado.
Depois de caminhar um pouco, já no fim do dia,
ouvi um som que levou-me à infância, era o badalar de um sino. Lembrei logo da
igrejinha do meu bairro.
Estava na rua em que cresci e não
mais a reconhecia.
Mas como podia eu exigir do tempo
que não os mudasse, eu que quando lá garoto era hoje um ancião.
Encostei-me no tronco de uma enorme
árvore, apreciando a brisa fresca de um imenso oitizeiro, e então percebi como
a vida nos surpreende.
Aquele
oitizeiro que me dava sombra, que heroicamente com suas raízes retorcidas
resistia e lutava para viver, mesmo com isso rachando o cimento da calçada e
doutro lado afundando as raízes no asfalto. Era o pequeno oitizeiro que ajudei
crescer.
A clínica que procurava estava em
frente. Uma sólida construção sobre o que antes foi a minha casa.
Abracei com olhos marejados o grande tronco e
agradeci a Deus a felicidade daquele momento.
Balançando-se ao sabor do vento, a copa do oitizeiro parecia sentir a mesma alegria.
Quando parti dali, olhei talvez quem
sabe pela última vez meu oitizeiro, forte e valente. Que esperou certamente por
mim, por aquele forte abraço que nos uniu e depois separou, me tornando por
instantes a criança feliz e esperançosa que outrora fui.
Foto do oitizeiro : poeticamentempv.blogspot.com
Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.
2 Comentários:
Bela crônica, amigo. Tenho saudade daqueles oitizeiros da rua Duque de Caxias em frente ao Colégio Marista.
Como gostei de sua crônica caro Bérgson Frota.
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