Por
Bérgson Frota
Falar da boa infância do interior é
relembrar coisas boas que só nos deixaram saudades.
Tinha lá na minha casa, da cidade
que vivi quando criança, um amplo quintal cheio de árvores, muitas grandes a
fazer sombra. Pés de graviolas, atas( ou frutas-de conde) para alguns, laranjas,
tangerinas e limãos, também dois a três pés de mamãos.
Corriam por este “paraíso” cinco a seis
marrecas, as galinhas no galinheiro vigiadas sempre pelo único galo. O
cachorro, que era manso para essa população, e para não deixar de dizer, haviam
sagüis nas copas das árvores.
Lá no
centro um antigo e profundo cacimbão, coberto por uma ampla tampa de madeira
grossa com uma abertura pesada e removível de um dos lados. Afinal era por lá
que se descia o balde por corda e tirava-se o necessário de água a precisar.
Também no quintal quando pequeno escalava eu
às árvores e raras eram às vezes que não trouxesse frutas ou desse de frente
com um arisco sagüi, que logo sumia pulando entre os galhos.
Da
descrição de meu quintal eu fiz um quadro mental, não imóvel, ainda lembro
quando chovia com as árvores pingando a água que lhes banhava como se chorassem
elas de alegria, ou quando verão, o seco vento da tarde balançava a copa das
árvores levantando poeira, fazendo os pássaros voar dos ninhos.
De lá me fui, mas levei boas lembranças das
brincadeiras vividas, hoje recordo deste recanto que pensava ser meu, sem saber
que era emprestado. Um paraíso para quem um dia ainda criança nele viveu.
Foto do site: novaiguacu.olx.com.br
Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.
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