Por
Bérgson Frota
Era uma
vila pobre, de poucas casas, cuja riqueza era a cordialidade e o amparo mútuo
entre seus moradores.
À noite só o tremular das lamparinas, a lua
e o piscar das estrelas.
A vila era distante da sede do
município, e justo pela distância, quase esquecida.
Os moradores haviam se reunido
naquele ano para juntos construírem uma capela.
Era uma modesta construção, para
cumprir a promessa de festejar pela primeira vez o natal num templo santo na
comunidade.
Juntaram uma boa quantia e
encarregaram entre eles alguém de confiança para na capital comprar um sino
médio de bronze.
Seria colocado no alto da torre,
que foi bem reforçada.
Porém o natal aproximava-se e nada
do encarregado regressar com o sino. Não demorou chegar a notícia de que o
homem, com o dinheiro em mãos, havia partido para a Amazônia, fugindo num
pau-de-arara, pois era tempo de seca.
O povo ao saber se entristeceu.
A quantia era alta, e para
levantá-la todos haviam se sacrificado.
Chegou o natal.
De branco a população levava uma vela acesa,
protegida do vento. A capela seria iluminada por velas.
E assim nas orações e cânticos saldando o
nascimento do Salvador, o céu parecia iluminar-se mais de grandes estrelas
coruscantes.
Outros ao verem tal fenômeno saíram
para juntar-se aos que já na capela estavam.
Meia-noite um sino começou a badalar
forte, era um milagre, um grande sino a parecer de prata que a todos emocionava
no alto da torre.
Um vento suave corria pela cidade
levando uma paz e perfume desconhecidos.
O sino continuava a badalar, o céu se
iluminava, e na capela os cânticos continuavam.
E naquele natal, no coração daquele
povo sofrido, as esperanças foram renovadas, pela sempre promessa da sagrada
data natalina.
Foto:
midiatecaunivali.wordpress.com
Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.
2 Comentários:
Bem vindos, o professor Bérgson e sua bela crônica de Natal
Bérgson,
Parabéns pela crônica natalina falando de esperanças renovadas que é o que mai precisamos.
Meu abraço,
Dalinha
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