Crônica de um naufrágio
Por
Bérgson Frota
Catorze de abril de 1912 foi um dia frio, ensolarado, mas frio. O mar parecia um deserto líquido, calmo e de baixas ondas.
No RMS Titanic tudo parecia normal, não sabíamos que desde às 9 da manhã e durante todo o dia, seis comprovados avisos haviam chegados comunicando que na rota à frente havia “grandes icebergs”.
O Titanic era imenso, saiu de Southampton (Inglaterra) para Nova York, a travessia se dava calma e o navio levava não só ricos empresários como também imigrantes. Ao todo 2.224 passageiros.
Para nós era um sonho da engenharia do século XX aquele navio, não só luxuoso mas potente. De grandes hélices e gigantesco, para todos que o visse era também “insubmergível”.
Então aconteceu o que ninguém esperava, era criança e estava bem agasalhado na proa, vendo o céu escuro, cheio de estrelas. Jamais imaginávamos o que se seguiria.
No telégrafo havia chegado às 22h35 o último aviso, também ignorado. Uma hora depois, precisamente às 23h35 se avistou o imenso iceberg de 400 metros à frente do navio.
Tal visão nos assustou, imediatamente os motores foram apagados, e em vão foi a tentativa de desviar a rota. O RMS Titanic navegava a 22 nós e o desvio exigia nessa velocidade 800 metros para parar.
No que se podia desviar, foi tentado. Mas nada adiantou, o impacto foi lateral, abrindo uma longa fenda de 90 metros.
A sala das máquinas começou a encher-se da fria e salgada água do mar. O navio dava sinal de instabilidade, gritos, uma grande confusão se armou. E para desespero só havia botes salva-vidas para a metade dos passageiros.
Só após 20 minutos do choque é que veio do comandante a ordem de abandonar o navio. Mulheres e crianças primeiro --- ouvia-se gritar. Muitos botes desceram com espaços vagos. Pessoas na ânsia de salvar-se caíam nas frias águas e lá ficando para sempre.
Descí num bote cheio com minha mãe, e distanciando-se lembro das explosões no navio e dos altos gritos de desespero.
O RMS Titanic ainda resistiu 2h40 minutos para afundar, levando consigo 1.513 vidas.
Eram 2h20 de uma trágica madrugada de 15 de abril de 1912, e o maior navio construído pelo homem até então foi tragado definitivamente pelas águas geladas do Atlântico Norte, repousando já há um século no solo marinho a 4.000 metros de profundidade.
A lembrança do desespero faz lembrar o sinal de socorro que o Titanic emitiu até já não mais poder. S.O.S (save our souls), salvem nossas almas.
E sempre quando lembro o grandioso navio, minha memória fixa nas luzes piscantes que foram aos poucos apagando ao serem tragadas pelas profundezas do mar até nada mais poder-se ver.
Desenho – site : mococa24horas.com.br
Bérgson Frota escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.
6 Comentários:
De volta o rpofessor Bérgson, sempre bem vindo. Bela crônica. Parabéns!
Parabéns pela crônica, mais uma jóia do seu talento.
Gostei do trabalho, não sabia que o Titanic tinha demorado tanto pra afundar. Fica uma crônica pra informar e pesquisar. Parabéns ao autor.
Um vibrante crônica, com licença literária óbvio, o autor se transporta para época com o intuito de narrar na primeira pessoa a catástrofe. Parabéns.
Lí sua crônica hoje no O Povo, procurei se já estava aqui, e venho confirmar minha presença. Muito boa, o que mais valorizo nos seus trabalhos é a capacidade de resumir em um texto pequeno o essencial. Aqui tá cheio de parabéns, confirmo o meu. Um ótimo texto.
Parbéns pela crÔnica meu lindo.
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