SUFOCO NO CASARÃO
Gonçalo Felipe
Oh Deus que tudo ilumina
Vem me dar inspiração
Para eu contar uma história
Fruto da imaginação
De um caso muito engraçado
Que se deu num casarão
Esse caso aconteceu
Num certo tempo passado
Dentro de um casarão
Escuro e abandonado
Bem perto de Ipueiras
Ali por aquele lado
Por lá corria um boato
Que dentro do casarão
Sexta-feira à meia noite
Ocorria assombração
Por causa de uma botija
Existente no porão
Só tinha uma condição
Para quem fosse arrancar
Tinha que ser sexta-feira
O dia para arriscar
Chegar lá à meia noite
E no casarão escuro entrar
Não apareceu ninguém
Prá entrar no casarão
Quem olhava tinha medo
Suava e tremia a mão
Até de dia corria
Com medo de assombração
Até que um certo dia
Dois vendedores de feiras
Chegaram do Pé da Serra
Fazendo maior zoeiras
Mangando do Casarão
Pelas ruas de Ipueiras
Um se chamava Francisco
E o outro era Gonçalo
Metidos a corajosos
Força igual um cavalo
Destes que comem a fruta
Com casca, caroço e talo
Tomaram conhecimento
Da história do casarão
Disseram: "em Ipueiras
Só existe homem "bundão"
Nós vamos lá hoje mesmo
Sexta-feira da Paixão"
Eles ficaram mangando:
Dizendo "é tudo besteiras
Não existe nada disso
Parem de falar asneira
Casarão mal assombrado?
Só mesmo em Ipueiras"
Quando o relógio marcava
cinco para meia noite
Entraram no casarão
Diz Gonçalo, não se afoite
As portas velhas se batem
É o vento que dar açoite
Já dentro do casarão
Escuro igualmente a breu
O Francisco babatando
Nem via o amigo seu
Quando escutou um rangido
Seu corpo todo tremeu
Na verdade, foi um rangido
Da porta velha batendo
O Gonçalo no escuro
Também estava tremendo
Dando gritos de pavor
De um lado à outro correndo
Não acertavam a saída
Devido a escuridão
Esqueceram da botija
Era a maior aflição
O Francisco só faltava
Vomitar o coração
A porta velha se abriu
Entrou por ela um clarão
A sombra de alguns galhos
Se desenhava no chão
Eles gritando diziam:
Valei-nos S. Damião
Chamando tudo que é santo
Inclusive a padroeira
Por Cristo, por S. Gonçalo
Santo de toda maneira
Passaram por uma brecha
Saíram em toda carreira
Quando pararam ficaram
Um para o outro olhando
Assim meio desconfiados
Um ao outro observando
É que catinga de bosta
Os dois estavam soltando
-- Gonçalo tu tá “sujado”
-- Francisco tu também tá
Vamos se lavar no açude
Nessa hora ninguém tá lá
Ou é melhor agente ir
Se lavar no Jatobá?
Lavamos aqui ou lá e vamos
Sumir já dessas ribeiras
E falar em casarão
Nem mesmo de brincadeiras
Nunca mais se tira "sarro"
Dos homens de Ipueiras
Aqui vou encerrar
Minha história engraçada
De Gonçalo e de Fracisco
Metidos numa enrascada
Sei até hoje não foi
A tal botija arrancada.
2 Comentários:
Ele tinha que ter medo era do meu avô que morava lá.. não das assombrações! ehehe!
Natasha, O imaginário do poeta é realmente fora de série...rsrs. Excelente comentário o seu. Obrigado!
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