MULHERES CANTANDO QUADRÃO À BEIRA-MAR
1-Dalinha Catunda
O sol empalidecendo
Ondas subindo e descendo
Nossa paixão acendendo
E o barco a sacolejar.
No balanço do veleiro
Um amor aventureiro
Vivi com meu timoneiro
No quadrão à beira-mar.
“Beira mar, beira mar,
O quadrão só é bonito
Quando é feito a beira mar”
2-Rosário Pinto
Lá no Planalto Central
Em Brasília a capital
Numa noite magistral
A lua a desmaiar
Uma paixão, de repente
Na vida se fez presente
Na cidade reluzente
No quadrão à beira-mar
“Beira mar, beira mar,
O quadrão só é bonito
Quando é feito a beira mar”
*
3-Creusa Meira
Queria por um momento
Falar de contentamento
Esquecer o sofrimento
Neste breve versejar
Sorrir para não chorar
Ao lembrar o triste dia
Que perdi minha alegria
No quadrão à beira mar
“Beira mar, beira mar,
O quadrão só é bonito
Quando é feito a beira mar”
4-Nezite Alencar
Pelo mar, entre os abrolhos,
Lembro o verde dos seus olhos,
As lágrimas me descem aos molhos,
Pois é grande o meu penar:
Um dia um barco ligeiro
Levou meu amor primeiro
Vestido de marinheiro
No quadrão à beira mar.
“Beira mar, beira mar,
O quadrão só é bonito
Quando é feito à beira mar”.
*
5-Williana Brito
Sentindo a brisa cheirosa
Naquela hora
saudosa
Ouvi uma voz
bondosa
Dentro de
mim declarar:
A vida é dom,
é presente,
Amor é o que
move a gente,
Cante e viva
bem contente
No quadrão à
beira-mar.
“Beira mar, beira mar,
O quadrão só é bonito
Quando é feito a beira mar”
6-Francy Freire
Meu amor vai na garoa
Remando em sua canoa
Cantando uma rima boa
Pra solidão espantar.
E eu fico aqui tão sozinha,
Levando a mesma vidinha,
Da sala para a cozinha
No quadrão a beira-mar.
“Beira mar, beira mar,
O quadrão só é bonito
Quando é feito a beira mar”
7-Bastinha Job
A natureza tão bela
A gente sente e ver nela
A mão de deus que nos vela
No céu, na terra , no ar;
No dia quando amanhece
Na noite quando escurece,
Nossa mão se eleva em prece
No quadrão a beira mar
beira mar, beira mar
o quadrão só é bonito
quando feito à beira mar!
8-Josenir Lacerda
A onda
beijando a praia
No poente
o sol desmaia
E o céu
perene atalaia
Dia e
noite a vigiar.
Assim
também é meu sonho
Ora
alegre, ora tristonho.
Em versos
traduzo e ponho
No
quadrão a beira mar.
beira mar, beira mar
o quadrão só é bonito
quando feito à beira mar!
9 – Anilda Figueiredo
No luar do meu sertão,
Entreguei meu coração,
Ao fogo de uma paixão,
Hoje resta recordar:
Fecho os olhos, sinto o cheiro
Daquele belo vaqueiro,
Que me abraçou no terreiro,
No quadrão à beira-mar.
beira mar, beira mar
o quadrão só é bonito
quando feito à beira mar!
10-Dalinha Catunda
Este canto feminino
É um canto nordestino
Canto sem desatino
De quem sabe mergulhar.
Não é um canto qualquer
Mas um canto de mulher
Que navega como quer
No quadrão à beira mar.
beira mar, beira mar
o quadrão só é bonito
quando feito à beira mar!
A MULHER EM TRÊS TEMPOS NO CORDEL
1º - a mulher teve grande importância no ofício de repassar a cultura
popular. Foi mestre em difundir suas tradições, contando histórias, lendas, causos,
cantando cantigas de ninar, fazendo advinhas, cantando cantigas de roda,
repassando as superstições, pois tudo isso é parte da andante cultura oral. O
cordel parente próximo do repente não ficou de fora, era lido contado ou
cantado, também, por mulheres. E era assim as pessoas tempos atrás, se reuniam
em alpendres terreiros e calçadas.
2º - a mulher foi tema dos folhetos nas mais diversas formas: a musa,
louvada por seus poetas, escrachada por outros, conforme o olhar de cada bardo
sobre a figura feminina.
3º - finalmente, chegou a vez da mulher marcar espaço e ocupar seu
lugar ao lado do homem de igual para igual. Não, apostando numa competição, e
sim numa parceria. E assim, aconteceu. A mulher hoje escreve cordel, ocupa as
academias de literatura popular, onde antes era apenas um clube do bolinha,
enfim, a mulher ganhou voz e começa a ser respeitada como poeta cordelista.
Mais uma vez, consegue reunir,
aglomerar, não em alpendres, calçadas e terreiros, na debulha do feijão, mas
num espaço mais amplo, a internet! Onde navega com garra desbravando novos
caminhos e fincando sua bandeira.
Estas mulheres, que juntei para cantar um QUADRÃO A BEIRA MAR, todas engajadas
e comprometidas em escrever literatura de cordel e explorar novos espaços,
inclusive os das mídias contemporâneas.
Dalinha Catunda/ABLC
e /AILCA
Rosário Pinto/ABLC
Creusa Meira/Bancária
Nizete Alencar/ACC
Williana Brito/ACC
Francy Freire/professora
Josenir Lacerda/ABLC
e /ACC
Anilda Figueirêdo/ACC
Bastinha Job/ACC
Hoje, nos
reunimos através da internet. Se não nos cabe fazer o repente ao vivo, como manda o figurino, é porque somos cordelistas e não repentista, fazermos
sim, nosso repente virtual, nossa peleja virtual, utilizando modalidades do
repente tradicional.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial